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Coluna Raul Sartori - 2ª Quinzena de Março/2019


Publicado em 26/03/2019

Que tal? (FOTO: Crédito: Mauricio Vieira/Governo de SC)

Em visita a Blumenau, há dias, Carlos Moisés conheceu a técnica de enfermagem aposentada Kelly Cristina Dias, que no dia 8 de fevereiro foi beneficiada com o transporte de órgãos no helicóptero até então de uso privativo dele, governador. O coração que a salvou veio de Brusque, pelos ares. Que tal, com esse exemplo, Alesc, TCE, TJ-SC e MP-SC se desfazerem dos mais de 800 automóveis que atendem seus deputados, conselheiros, desembargadores e promotores e permitir  melhorar as condições de saúde da população?

Gestão compartilhada

A tragédia na escola de Suzano levou o governo de SC a começar a estudar a possibilidade de implantar na rede pública de ensino a gestão compartilhada, a exemplo do que já ocorre em Brasília. O modelo permite que enquanto professores, diretores e orientadores exercem suas competências com autonomia e foco na parte pedagógica, os militares da reserva ou reformados coordenam a área  burocrática, trabalhando conceitos de ética e cidadania, disciplina, segurança interna e promoção de atividades voltadas para a musicalização e o esporte durante o contraturno.

Drogas

Assunto lamentavelmente pouco difundido na mídia catarinense: o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) completou 21 anos em SC neste mês, com mais de um milhão de estudantes abrangidos por suas palestras e ações de prevenção ao uso de entorpecentes. Certamente nossos presídios estariam mais cheios ainda se não fosse ele.

Escudo

Integrantes da CPI que vai investigar as obras de recuperação da Ponte Hercílio Luz foram aconselhados a dar o máximo de blindagem nos seus trabalhos, evitando qualquer vazamento. É desnecessário dizer que nove em cada 10 florianopolitanos gostariam de saber quem botou a mão naquele butim e dele tirou R$ 700 milhões até agora. E a ponte continua lá, inútil.

Duas Celesc

Continha rápida feita numa sala próxima ao gabinete do governador Carlos Moises, no Centro Administrativo do Governo, há poucos dias:  o total de incentivos fiscais concedidos anualmente pelo governo estadual, de R$ 6 bilhões, é o mesmo que valem, hoje, duas Celesc.
 
Encrenca
 
Nas cidades do interior é que se percebe centenas de caminhões saindo de estradas federais e assim que entram em SC usam as estaduais, detonando-as. O deputado Marcos Vieira (PSDB) sugeriu a criação de um pedágio só para eles. A arrecadação iria para um fundo voltado à recuperação das mesmas rodovias. Justo.
 
Sem creche
   
SC está entre as cinco das 27 unidades da federação que vão conseguir colocar ao menos metade das crianças de até três anos em creches até 2024, conforme revela relatório do Instituto Ayrton Senna. Os demais são São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Tocantins. Trágico e lamentável.
 
 Fantasma

“Atividade parlamentar externa”. Essa é a engenhosa rubrica que aparece em atos de nomeações na Assembleia Legislativa quando o beneficiado fica dispensado de bater ponto, como o ex-deputado estadual Dóia Guglielmi.  Desnecessário dizer que tais pessoas – ex-deputados e ex-prefeitos derrotados em eleições recentes e sedentos por uma sinecura bem remunerada - se tornam fantasmas, literalmente. E o otário do contribuinte ali, bancando a malandragem. Até quando?
 
Gestão em saúde

É evidente a falta de profissionalização na saúde pública do Estado, setor que apenas nos dois primeiros meses do ano teve empenhados R$ 740 milhões. É tanto dinheiro que começou uma operação pente-fino. Um exemplo do fosso na gestão continua vivíssimo. É o incrível fenômeno chamado “ambulancioterapia”, o impressionante desfile diário de dezenas de ambulâncias pelas BRs 101 e 282 em direção a hospitais e clínicas de Florianópolis. Chegam a se enfileirar na entrada da Ilha de SC pela Via Expressa.
 
Sem aparelhamento

Fora do alcance de câmeras e microfones, o presidente Jair Bolsonaro foi informado, ao receber pequeno grupo de reitores da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe) que, ao contrário das universidades federais, sabidamente aparelhadas politicamente nos governos do PT, o sistema comunitário - como é o de SC -, não tem a vinculação, já que atua em diferentes municípios com prefeitos dos mais diversos partidos, que não ousam fazer maior ingerência. Bolsonaro ficou tão entusiasmado que prometeu agendar uma visita a uma ou mais instituições catarinenses assim que for possível.
 
Municípios

O estudo do Tribunal de Contas do Estado, de 2017, que apontou 105 municípios com menos de 5 mil habitantes sem renda mínima para se sustentar, com a conta de R$ 1 bilhão por ano mandada para o contribuinte, começou a causar certo alarme. Lógico que não vai haver extinção ou fusão de nenhum deles, como se propaga. Mas o relatório já serviu para provocar uma sadia discussão sobre alternativas de tirá-los de um estado quase parasitário, melhorando as receitas e cortando as despesas. Todas bem vindas, desde que não seja pela forma mais fácil: aumentar impostos.
 
Pena leve

A 4ª Câmara Criminal do TJ-SC confirmou condenação de motorista que, em 2007, embriagado e em alta velocidade, disputando um racha, provocou acidente que resultou na morte de três pessoas na BR-470, em Gaspar. Foi sentenciado a apenas sete anos, dois meses e 12 dias de reclusão, além de seis meses de detenção, em regime semiaberto. Perguntar não ofende: é isso que se chama justiça?

Se...

Para o deputado estadual Sargento Lima (PSL), se a escola de Suzano tivesse segurança armado, a tragédia de quarta-feira poderia ter sido evitada. Será? O mesmo deputado defende o porte de arma para agentes de segurança socioeducativos em SC. Tais profissionais atuam diretamente com menores infratores.
 
Ataque

Em seu primeiro discurso da tribuna, o deputado federal Hélio Costa (PRB-SC), que é membro titular da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, foi para o ataque, batendo em um juiz de SC. Sem citar nome, relatou que o magistrado “saiu das varas criminais de Florianópolis porque não prendia ninguém, nem roupa de varal”. Por isso defende mudança de postura: “O criminoso que cometer delito tem que ir pra cadeia”.
 
Olhando adiante

Quem vê o presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc) focando sua gestão na descentralização da entidade – começando por visitas seguidas de sua diretoria às principais cidades do interior  - jura que Mario Cesar de Aguiar está sendo preparado ou está se preparando para voos na política. Ele prefere um prudente silêncio sobre o assunto.
 
Pouco

Presidente do Conselho Estadual da Mulher, Célia Fernandes está tentando sensibilizar o governo estadual e prefeituras sobre a necessidade de aumento do número de unidades do órgão. SC tem 295 municípios e só há conselho em 28.
 
Espantoso

Há ecologistas de bar e passeata entre os estridentes opositores, com espaço cativo em certa mídia, contrários a um projeto de porto turístico em Balneário Camboriú, envolvendo um píer para transatlânticos, shopping e hotel.
 
Interesses corporativos

As grandes entidades que representam a classe produtiva do Estado armam-se, numa espécie de levante, quando qualquer autoridade acena com a possibilidade de aumentar impostos. Mas silencia, convenientemente, quanto ao festival bilionário de incentivos fiscais. Nem propor que se faça uma rigorosa revisão, pelo menos?
 


Sobre o autor

Raul Sartori

Jornalista e colunista de política do Imagem da Ilha


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