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Coluna Raul Sartori - 2ª quinzena de dezembro/2016

(Foto: Divulgação)

Publicado em 21/12/2016

Pesadelo 

O setor hoteleiro catarinense não está mais conseguindo esconder um verdadeiro pesadelo, que está sentindo com mais intensidade neste período pré-verão. É representado por plataformas de Internet que oferecem hospedagem em residências comuns por meio de conexão entre proprietários e turistas, como o Airbnb. Algumas centenas de florianopolitanos e argentinos estão cada vez mais afinados nisso. O setor formal já começou a reclamas igualdade de obrigações, sem saber exatamente como isso pode ser feito.

Compromisso

O cidadão catarinense, e o florianopolitano em particular, que desde 1982 viu R$ 500 milhões serem gastos na “restauração” da ponte Hercílio Luz, começam a acreditar que o governador Raimundo Colombo está acabando com a “indústria” de verbas para a obra. O faz vigiando pessoalmente o andamento da restauração que, dentro do cronograma, será concluída no segundo semestre de 2018. A nova estrutura terá duas passarelas para pedestres nas laterais e também vai permitir a travessia de veículos em uma pista.

Exagero

Todas as homenagens prestadas à Chapecoense foram, são e serão sempre merecidas, mas tudo tem um limite, dentro do bom senso. Não cabe, entre elas, a ideia de se construir um museu de cera com todas as vítimas do acidente aéreo. Parlamentares federais do PSD de SC pretendem destinar R$ 21 milhões em emendas de 2017 para a obra. Não seria mais interessante e prioritário atender as necessidades dos familiares dos jogadores vitimados?

Deboche

É um acintoso deboche o que alguns vereadores de SC estão fazendo. Mesmo em final de mandato ainda se dão o direito de exigir diárias e outros benefícios para participar de eventos em outros Estados. Alguns deles são de Camboriú.

Teletrabalho

Ideia que começou a ser trabalhada quando o catarinense Manoel Dias era ministro do Trabalho de Lula, o teletrabalho agora foi oficializado por portaria do Ministério do Desenvolvimento. O contribuinte honesto fica desconfiado com o programa, pelo qual servidores poderão trabalhar em casa, como na iniciativa privada. A diferença é que no setor privado se exigem metas a cumprir e ganhos por produtividade.

Fundam 2

Boa parte da invejável popularidade do governador Raimundo Colombo deve-se principalmente ao Fundo de Apoio aos Municípios (Fundam), que até agora destinou mais de R$ 605 milhões em investimentos nas 295 prefeituras do Estado. Sem dúvida ajudou na reeleição de dezenas de prefeitos, de diferentes partidos. Outros conseguiram, com obras que o Fundam permitiu fazer, sua reabilitação política. A aplicação dos recursos é definida pela própria cidade, conforme suas demandas. A grande maioria optou por asfaltamento de ruas e obras de infraestrutura, seguida por compra de equipamentos, máquinas e veículos. A boa nova para os novos prefeitos e os reeleitos é que o governo estadual vai promover a segunda edição do Fundam em 2017.

Ociosidade

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou uma sandice, ou seja, um projeto que considerada crime explorar, de qualquer forma, ou contratar, ainda que indiretamente, o trabalho de menor de 14 anos, inclusive no trabalho doméstico. Não vai demorar para algum congressista demagogo propor ser crime que qualquer pai exija do filho adolescente que arrume sua cama ao acordar ou lave a louça que sujar. Se o adolescente estuda, que mal faz ajudar a família em algumas tarefas? Se não se dá trabalho para um menino nessa idade, o tráfico dá. Dar um trabalho de meio expediente para um menino desse não mata e nem humilha, dá dignidade. E chega de hipocrisia.

Kafkiano

Se passar, na Assembleia Legislativa, projeto que considere de interesse social as atividades relacionadas à apicultura, o Código Estadual do Meio Ambiente poderá ser alterado e assim permiti-las em áreas de preservação permanente. Hoje não pode. Um absurdo. Em que as abelhas podem causar desequilíbrio ambiental se elas fazem exatamente o contrário? Desequilíbrio mental é permitir a continuação de tal restrição.

Tolerância limite

A tolerância com os políticos está no limite. Espalha-se nas redes sociais imagens de deputados federais de diversos Estados sendo hostilizados, principalmente em aeroportos, por terem votado contra o pacote de combate à corrupção. Os de SC ainda estão passando ao largo de tais manifestações, mas devem saber que sua imagem na opinião pública está lá embaixo, no rodapé, no chão, quase no lixo. E merecida.

Longevidade

Em solenidade, na Assembleia Legislativa, para marcar a passagem do cinquentenário de fundação do PMDB em SC, o ex-governador Paulo Afonso Vieira lembrou que o partido é o único do país a completar cinco décadas de atividades de forma ininterrupta e mostrando vigor, como provou neste ano, elegendo 100 prefeitos em outubro no Estado.

Nada republicano

Delegado de polícia, em especial se for regional, é um trampolim para seu ocupante ingressar na política em SC. Por isso que o cargo é tão disputado nos bastidores tanto quanto o de secretário regional. A lamentar que não seja uma função republicana, porque seu titular tem que ser filiado a um partido da base de apoio ao governo ou estar muito bem afinado com ele. É evidente que haverá momentos na gestão do delegado em que cores partidárias estarão acima de tudo. Dá para imaginar o que seja “acima de tudo”.

Ordem do dia

É razoável e aceitável nestes tempos tão bicudos que salários de prefeitos e vereadores para 2017 tenham correção pela inflação deste ano, e nada mais. Aliás, diante de tantas dificuldades enfrentadas por todos, deveriam ser reduzidos. O contribuinte que fique atento: esse final de ano legislativo é muito propício para aprovação, nas caladas, de projetos de tal ordem, sempre, lógico, (milagrosamente pode haver exceções) e com aquele resultado previsível, ou seja, a fatura sendo remetida para aquele otário de sempre. A denúncia pública de tais abusos é a melhor saída para evitá-los, e tirar a máscara dos caras de pau.

Escola Odebrecht

A Operação Lava Jato provocou o surgimento recente, nas maiores empresas brasileiras, do cargo de nome estrangeiro chamado “chief compliance officer”, com a sigla CCO, assim chamado o profissional que tem que ficar atento ao cumprimento, pelo seu empregador, de princípios éticos e legais. A Odebrecht já contratou cinco.

Mais ônus

O deputado federal Valdir Colatto (PMDB-SC), integrante da Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, conseguiu a rejeição de mais um de tantos projetos que só oneram as empresas, que nestes casos não são ouvidas. A proposta, da qual foi relator, pretendia tornar obrigatória a contratação de responsável técnico em meio ambiente ou consultoria equivalente, pelas empresas que desenvolvem atividades consideradas potencialmente poluidoras e que utilizam recursos ambientais.

Angústia

Um presente de Natal que muitas crianças vão pedir a Papai Noel neste ano é incomum: um emprego para os pais desempregados.

Nome aos bois

A Associação Empresarial de Brusque foi uma das primeiras entidades do setor produtivo catarinense a tornar pública, por nota oficial, sua indignação com a aprovação, na Câmara dos Deputados, das medidas de combate à corrupção que, desfiguradas em seu teor original, atentam contra a independência do Ministério Público e do Poder Judiciário. A nota é encerrada com o nome dos deputados federais de SC que votaram contra as medidas: Ângela Albino (PCdoB), Jorginho Mello (PR), Marco Tebaldi (PSDB), Mauro Mariani (PMDB), Pedro Uczai (PT), Rogério Peninha Mendonça (PMDB), Ronaldo Benedet (PMDB) e Valdir Colatto (PMDB), mais a abstenção de Esperidião Amin (PP).

Democrata?

Assim escreveu a senadora catarinense pelo PCdoB do Amazonas, Vanessa Grazziotin na “Folha de S.Paulo”: “O mundo dos democratas, dos que sonham e lutam por uma sociedade mais justa para a humanidade, está de luto pela morte de Fidel Castro Ruz, um dos líderes mais importantes da América Latina e do planeta”. Precisa dizer algo mais? Coincidentemente, acaba de sair um relatório informando que nos 57 anos de tirania sanguinária de Castro 7.326 pessoas foram mortas ou desaparecem em Cuba.

De olho

Cresce cada vez mais a respeitabilidade dos chamados observatórios sociais, já presentes em várias cidades de SC. O de Criciúma prestou enorme serviço de utilidade pública ao anunciar e logo gerar consequências, com a tomada de medidas, denunciando a existência de super salários na Câmara de Vereadores. Um de R$ 38,3 mil e outro de R$ 34,7 mil, quase o dobro do que ganha o prefeito.

Recesso

Nove entre 10 prefeituras de SC estão decidindo fazer um período de recesso neste final de ano. Naqueles onde o prefeito não foi reeleito vai de 19 a 30, na maioria. Folga mesmo terão os servidores municipais de prefeituras onde o prefeito foi reeleito. Parece presente de Natal como pagamento por apoio na campanha, não parece? Em algumas inicia dia 21 e segue até 15 de janeiro, um domingo.


Sobre o autor

Raul Sartori

Jornalista e colunista de política do Imagem da Ilha


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