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Coluna Raul Sartori - 1ª quinzena de abril/2019


Publicado em 05/04/2019

Amadorismo (Imagem: Reprodução)

O leitor Airton Almeida corrobora nota, aqui, sobre o amadorismo que ainda persiste no turismo em SC. Um casal amigo, estrangeiro, teve o veículo arrombado em Florianópolis e foi fazer o registro na Delegacia de Atendimento ao Turista, no Terminal Rodoviário Rita Maria. Não conseguiu se fazer entender porque os atendentes não falavam nem espanhol e muito menos inglês. Ele, Airton, teve que sair de casa e servir de intérprete-tradutor simultâneo para resolver o perrengue, mais que elementar em uma cidade que se auto-intitula capital turística do Mercosul.

Omissão

Diretor de escola, pública ou privada, que ainda permite que em suas cantinas se vendam refrigerantes e salgadinhos industrializados, deveriam perder o cargo. Há uma lei estadual muito clara sobre isso! Talvez aconteça algo com eles por conta da cooperação técnica que acaba de ocorrer entre o Ministério Público de SC e o Conselho Regional de Nutricionistas.

Modelo catarinense

Só um sexto dos presos no Brasil trabalham enquanto cumprem a pena, conforme divulgou ontem o Departamento Penitenciário (Depen) do Ministério da Justiça, cujo ministro, Sérgio Moro, quer reduzir tamanha ociosidade. Tanto que mandou o diretor do Depen, Fabiano Bordignon, acompanhado por 47 autoridades federais e de outros Estados, visitar as penitenciárias de Curitibanos e de Chapecó, onde 100% e 39% dos detentos se ocupam. O governador Carlos Moisés fez questão de ser o anfitrião da visita. A média no País é de apenas 17%. Mas há um outro lado: nas 51 unidades penais de SC há carência de mais de 4 mil vagas.

Limites

Em novembro de 2018, os ministros supremos aprovaram para si próprios aumento de 16,3%.  Com isso, o teto constitucional estadual, que era R$ 30,4 mil, passou para R$ 35,3 mil. No começo deste ano 900 servidores que já recebiam o teto do Estado foram beneficiados com o desbloqueio. O impacto, desde então, é de R$ 78 milhões mensais. E o otário do contribuinte, ali, bancando. Até quando vamos suportar tanta afronta?

Municipalização

Raimundo Colombo conseguiu fácil seu segundo mandato como governador por conta do Fundo de Apoio aos Municípios (Fundam), que destinou mais de R$ 600 milhões a fundo perdido. A maioria dos prefeitos investiu em asfalto de ruas urbanas. A municipalização de serviços também é o foco de Carlos Moisés, com tudo para ser o grande destaque de sua gestão. Quer fazê-lo transferindo para as prefeituras ou associações de municípios algumas atribuições do Estado, como manutenção de estradas. Tem a certeza – e todos sabem que sim – que os custos ficarão muito mais baixos.

Midia

Em roda na Ilha de SC, o jornalista Juca Deschamps confessou recear que, como decorrência do fato de Jair Bolsonaro ter plantado um pé de oliveira em sua visita a Israel, a Globo paute reportagem para mostrar a reação negativa dos humanos de sobrenome Carvalho, Pereira, Laranjeira, Canela e Macieira, entre outros, reclamando a mesma deferência.

Poder

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Júlio Garcia, que é um político muito experiente, conciliador e moderado, está pensando lá adiante, nas eleições para governador em 2022. Sua agenda mais recente está recheada de palestras pelo Estado e sempre com salas ou auditório cheios, e não só de políticos. Pensa suceder Carlos Moisés? Acertou quem disse sim.

Sinecura

“Trabalho nas bases”. É esta a justificativa para a nomeação, de fevereiro até agora, de seis ex-deputados estaduais não reeleitos em 2018 para cargos comissionados do Legislativo estadual. O sétimo nomeado, Gabriel Ribeiro, é uma exceção. Ele vai trabalhar, de fato, em gabinete da Assembleia Legislativa. Os salários chegam perto de R$ 15 mil.

Condecorado

O juiz catarinense e conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Márcio Schiefler Fontes, que no mundo jurídico se diz que mais cedo ou mais tarde será ministro supremo, recebeu em Brasília a medalha da Ordem do Mérito Judiciário Militar, principalmente por sua atuação como juiz auxiliar do STF. Recentemente foi designado presidente da comissão de especialistas que formulará o novo Plano Nacional de Política Criminal. A proposta restritiva de indulto, por exemplo, oficializada pelo ministro Sergio Moro, é dele.

Memória

Surpreende saber que os políticos de SC – tanto os deputados estaduais, na Assembleia Legislativa, como vereadores, nos legislativos municipais – ainda não propuseram homenagens à vereadora carioca assassinada Marielle Franco. Que fique assim, com todo respeito à Marielle. Se privam da vergonha de ainda não terem se dignado a tomar a mesma iniciativa em relação às mais ilustres mulheres catarinenses.

Estatais

O Tesouro Nacional está elaborando um plano de privatizações de empresas não só federais, que são 135, como estaduais. São 240 companhias públicas ou de economia mista nas mãos de governadores, das quais 14 catarinenses. O curioso é que 30% delas estão nos sete Estados que já decretaram calamidade financeira.

Congelada

Há um ano e dois meses se noticiava que a Lava Jato teria alcançado a ex-ministra e ex-senadora Ideli Salvati (PT), então citada na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado. Teria passado a ser formalmente investigada pela Policia Federal, em Curitiba. Tudo permanece congelado. Sua assessoria afirmou, na época, que a delação “constitui exemplo clássico de colaboração desamparada de base empírica idônea apta a sustentá-la".

Mobilidade

O Senado instalou semana passada subcomissão temporária sobre mobilidade urbana, com a eleição do presidente e do vice-presidente do colegiado. Esperava-se que pelo menos um dos três senadores catarinenses se apresentasse, o que não ocorreu. Um motivo já bastaria: Florianópolis é tida como a capital de pior mobilidade no país. Então, de imobilidade os três (Dário Berger, Esperidião Amin e Jorginho Mello) são experts naturais, como vítimas dela.

Sinal amarelo

A contundente pesquisa realizada pela Fecomércio-SC, que aponta redução, pelo terceiro ano consecutivo, do número de turistas vindos a SC, deveria acender o sinal amarelo para todos que atuam no segmento e juntos buscar saber as razões e propor soluções. Trânsito ruim, preços altos, lixo e esgoto nas praias? Alguns empresários e gestores públicos acham que isso não é problema seu.

Telemedicina

O Conselho Federal de Medicina finalmente revisou resolução que permite a realização de consultas à distância sem a presença de um médico junto ao paciente. Se não fosse adiante acabaria com iniciativas muito boas em SC. Um exemplo está em unidade de retaguarda da Secretaria da Saúde, em Florianópolis. Entre médicos de várias especialidades, há quatro dermatologistas que analisam os exames de pacientes realizados em mais de 180 municípios, enviados por via eletrônica e que recebem diagnóstico à distância, não raro no mesmo dia. As filas de espera para tratar das doenças de pele acabaram.

Exclusividade
 

As dezenas de cervejarias artesanais de SC enfrentam o mesmo problema que as do restante do país para ganhar mercado: as grandes marcas exigem exclusividade de bares e restaurantes. Até botecos tem que rezar na cartilha delas. Há uma mobilização em andamento para levar este caso de abuso econômico ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Sem taxas

Em boa hora, antes que a mania vá adiante, projeto do deputado estadual Ivan Naatz (PV), que tem simpatia da maioria da Assembleia Legislativa, quer pôr fim às cobranças de “taxas de preservação ambiental” em SC, como faz Bombinhas. Outros municípios estão pensando na mesma ideia. O que revolta é que a justiça deu amparo a este tipo de exploração, sem contar que é evidente o cerceamento do direito de ir e vir.

 

Preito
 

Galvão Bueno foi, dentre vários outros nomes da mídia esportiva nacional, quem mais se comoveu com a morte do jornalista Rafael Henzel, um dos seis sobreviventes da tragédia com o avião da Chapecoense na Colômbia. Em rede social, postou: “Me sinto arrasado! Muito triste! Vivi intensamente o terrível desastre do voo da Chape! Perdi muitos amigos! Ganhei muitos outros! Mudei muitos conceitos!".
 

Solitário

Quando é informado sobre o projeto de reforma administrativa na área do Executivo, aquele que foi levado pelo governador ao Legislativo, com drástica redução dos cargos comissionados e uma economia de R$ 500 milhões em quatro anos, o contribuinte mais consciente se pergunta: quando vão fazer “economia” o Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público? Nenhum sinal. Fazem um silêncio ensurdecedor.


Salário garantido

Os sinais de alarme financeiro no governo estadual já estão silenciados. Na maior discrição, a Secretaria de Estado da Fazenda provisionou em seu caixa, no dia 11 de março, as parcelas do 13º de janeiro e fevereiro dos servidores públicos. Tal informação, em Florianópolis, é de máxima importância.

Desmantelamento

No projeto da reforma administrativa do governo do Estado, o turismo, cultura e esporte foram para um segundo plano, com a extinção da secretaria que abrangia os três segmentos. O berreiro é grande, principalmente na área de esportes. A Fesporte tem um estudo apontando que com 10 eventos estaduais movimentou em torno de R$ 70 milhões de retorno aos municípios onde foram realizados.

Falso herói

O colunista Cláudio Umberto tem razão: coleguinhas da imprensa a advogados de passeata, inclusive em SC, deveriam pedir desculpas pelos anos de mentiras, referindo-se a Cesare Battisti como “ativista”, quando não passava de um terrorista homicida desprezível.

Cota mínima

Está pronto para votação em plenário projeto de 2018 do então senador Dalírio Beber (PSDB-SC) que cria cota mínima de 30% para cada sexo nos conselhos que representam profissões regulamentadas e na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O objetivo é garantir maior participação de mulheres nas presidências, vice-presidências, diretorias e corregedorias desses órgãos.

Cota mínima 2

Beber justificou seu projeto reclamando haver uma “disparidade de gênero” na composição dos conselhos de fiscalização profissional. Exemplos: no Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), com mulheres sendo 84,7% dos estudantes matriculados nos cursos em todo o país, sua diretoria de 10 membros tem sete homens. No Conselho Federal de Medicina, todos os 11 conselheiros são homens, apesar de o percentual de mulheres matriculadas nos cursos alcançar 56,8% do total.

Educar em casa

De autoria do deputado Bruno Souza (PSB), começou a tramitar no Legislativo de SC  projeto de lei que institui a educação domiciliar  – prática na qual os pais ensinam os filhos em casa, sem que eles precisem ir à escola. No Estado cerca de mil famílias são adeptas do sistema, conhecido internacionalmente como “homeschooling”, porém aqui à margem da lei.

Só cresce

 

Os atuais números do cooperativismo em SC impressionam: cresceu 2,67% no ano passado e alcançou o maior faturamento da história, de R$ 32,6 bilhões. Em 2017, 294,7 mil pessoas entraram para o sistema, um aumento de 8,59% ante 2016. Atualmente, são 2,3 milhões de associados em 263 cooperativas espalhadas por SC.
 

Boleiros

O ex-craque Paulo Cezar Caju, que gosta de ver futebol nos bares de Florianópolis, ataca naquilo que muito torcedor está ficando fartado: que os jovens jogadores das seleções de base do Brasil, além da principal, viraram modelos de festival de moda, merecedores de cobertura da revista Caras. Não deu detalhes, mas certamente quis se referir à verdadeira compulsão de alguns craques por tatuagens e cortes e pinturas de cabelo, a maioria de gosto duvidoso.

Noveleiro

O chargista e cartunista catarinense Zé Dassilva tem seu passe cada vez mais valorizado na Globo. Nesta semana seus dotes criativos foram requisitados por Aguinaldo Silva para ajudá-lo a escrever até o 153º capítulos da novela “O Sétimo Guardião”, junto com Joana Jorge, Maurício Gyboski e Virgílio Silva. Nos oito capítulos finais, Aguinaldo assume a trama sozinho,  de seu refúgio em Portugal.



 

 


Sobre o autor

Raul Sartori

Jornalista e colunista de política do Imagem da Ilha


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