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Campanha reforça a necessidade do combate ao fumo
Campanha de conscientização no HU-UFSC destaca os perigos do tabagismo e promove hábitos saudáveis

Fumo acarreta uma série de doenças, sendo o maior causador de mortes evitáveis do planeta. (Foto: Divulgação)

Publicado em 30/08/2024

Mais de 8 milhões de pessoas morrem no mundo todos os anos em decorrência de doenças provocadas pelo uso do fumo. Traduzindo esse dado da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele equivale à população de um país do porte do Paraguai. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, campanha no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), reforça a importância de evitar essa droga.

Em agosto, o Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NET-Tab) da UFSC intensifica suas atividades de conscientização. Na manhã desta quinta-feira (29/08), o Núcleo realizou diversas atividades no ambulatório do hospital, com foco na conscientização sobre os malefícios do tabagismo. A programação incluiu a distribuição de materiais informativos, conversas com a comunidade sobre os perigos do uso do tabaco e do cigarro eletrônico e a importância de hábitos saudáveis. Além disso, foram realizados testes e orientações à população sobre os locais de apoio em unidades de saúde. Mensagens motivacionais e inscrições no grupo de apoio do NET-Tab-UFSC também foram divulgadas, reforçando o tema deste ano.

A coordenadora do projeto, professora Leila John Marques Steidle, médica pneumologista do Departamento de Clínica Médica da UFSC, destaca que o tema deste ano, “Tabagismo - os danos para a gestação e o bebê”, busca alertar a sociedade sobre o impacto do fumo durante a gravidez. “Os cigarros, sejam convencionais ou eletrônicos, aumentam a probabilidade de parto prematuro, aborto espontâneo, baixo peso ao nascer, malformações congênitas e outras complicações graves”, afirma Leila.

Na manhã de quinta-feira (29/08) o NET-TAB realizou diversas atividades no ambulatório do hospital, com foco na conscientização sobre os malefícios do tabagismo. A programação incluiu a distribuição de materiais informativos, conversas com a comunidade sobre os perigos do uso do tabaco e do cigarro eletrônico e a importância de hábitos saudáveis. Além disso, foram realizados testes e orientações à população sobre os locais de apoio em unidades de saúde. Mensagens motivacionais e inscrições no grupo de apoio do NET-Tab-UFSC também foram divulgadas, reforçando o tema deste ano.

O tabagismo é causa de uma série de doenças com malefícios físicos e psíquicos e prejuízos aos sistemas de saúde mundo afora, sendo responsável pela grande maioria de mortes em casos de câncer de pulmão, infarto e derrames cerebrais. Ou seja, o fumo é o maior causador de mortes evitáveis do planeta.

Danos a quem não fuma e até a quem ainda nem nasceu
O fumo prejudica não só o seu usuário, mas quem está ao redor (15% das mortes por uso de tabaco são de fumantes passivos, as pessoas expostas rotineiramente à fumaça). O cigarro prejudica até quem ainda não nasceu. Os impactos do tabagismo na gestação são graves e podem provocar a prematuridade, o abortamento e a morte súbita infantil, além de repercussões graves ao longo de toda a vida, como malformações congênitas e alterações neurológicas, que provocam danos ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor da criança.

Segundo a médica, embora exista uma estimativa de elevada prevalência (11-19%) de gestantes tabagistas em nosso país, existem poucos programas de vigilância tabágica pré-natal. “Aproveitamos para ressaltar a importância da motivação para a interrupção do tabagismo, uma vez que muitas mulheres se sentem motivadas a parar de fumar durante a gravidez. A gravidez é uma ótima janela de oportunidade e uma abordagem mais intensiva está recomendada” acrescenta a pneumologista.

O fumo na gravidez é responsável por 20% dos bebês com baixo peso ao nascer, por 8% dos partos prematuros e por 5% das mortes perinatais. O ideal é a interrupção do tabagismo antes da gestação, mas, se não for possível, é preciso que a gestante pare imediatamente ao saber da gestação. O tabagismo coloca em risco a saúde das mães e de seus filhos, com potenciais problemas cardíacos, alergias, distúrbios do sono e infecções respiratórias.

Um combo de enfermidades
O cigarro possui mais de 7000 substâncias, sendo 67 delas reconhecidamente cancerígenas. Conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres. Em mortalidade, é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres, segundo estimativas mundiais de 2020, que apontam a incidência de 2,2 milhões de casos novos, sendo 1,4 milhão em homens e 770 mil em mulheres. No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis. No Brasil, a doença foi responsável por 28.618 mortes em 2020. O cigarro também está relacionado a outras neoplasias e doenças vasculares, como predisposição ao infarto e ao AVC.

Outra fonte de preocupação da comunidade científica, de acordo com a professora Leila, é o aumento significativo na quantidade de pessoas que fazem uso de cigarro eletrônico. Por não haver regulamentação, não se sabe ao certo quais substâncias estão contidas nesses dispositivos. A nicotina é uma delas, responsável por causar a dependência, e está presente em concentração muito alta.

Além da nicotina, os cigarros eletrônicos possuem em sua fórmula metais pesados e substâncias que podem se decompor em carcinógenos. Devido à facilidade de uso, a frequência de utilização dos cigarros eletrônicos é mais alta, favorecendo a dependência e expondo as pessoas a uma maior quantidade de substâncias provavelmente tóxicas.

Relação direta com vários tipos de câncer
Diversos tipos de câncer têm relação direta com o uso de cigarro, o que configura um grave e preocupante problema de saúde pública mundial. O câncer de pulmão é o mais significativo, com o fumo sendo responsável por 85% a 90% dos casos. Outros tipos de câncer provocados pelo fumo incluem os tumores de cabeça e pescoço (como boca, garganta e laringe), tumores de bexiga, rim, estômago, esôfago, colorretal, colo uterino, fígado e leucemia mieloide.

Substâncias nocivas do fumo, como aquelas presentes no alcatrão, desempenham um papel central no aumento do risco de câncer, principalmente por causar danos diretos às células. O fumo gera inflamação crônica em vários tecidos, o que, por sua vez, favorece ainda mais o desenvolvimento de células cancerígenas. Além de promover essas mutações, o fumo ainda enfraquece o sistema imunológico, diminuindo a capacidade de identificar e destruir células anormais antes que elas se transformem em tumores malignos.

Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento contra o tabagismo, a doença crônica causada pela dependência de nicotina, é gratuito. Esse cuidado ao dependente envolve uma equipe multiprofissional, composta por médicos e psicólogos, e uso de medicamentos.

Legislação
O tema está em alta. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado pautou para o próximo dia 3 de setembro um projeto de regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil, sugerindo regras, como a venda para menores de 18 anos e proibição da oferta com visual e sabores atrativos ao paladar infantil. Oitenta entidades médicas e de pesquisa científica já se posicionaram contrárias e enviaram carta aos parlamentares pedindo a rejeição do projeto, no último dia 19 de agosto.

A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009. Em abril passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após novas análise científica, decidiu manter o veto a esses dispositivos.

 

 

Da redação

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