Belezas negra e indígena são expostas em escola municipal
“Nossos corpos existem e resistem” reúne estudantes, familiares e funcionários que se se declaram pretos, pardos e indígenas
Como o corpo negro e indígena é visto e percebido na escola? Esse foi um dos questionamentos que levou a administradora escolar Juliane Nacari Magalhães e a professora de história Nailze Pazin a convidarem a professora de espanhol Janete Elenice a realizar um ensaio fotográfico com membros da Escola Beatriz de Souza Brito. Viraram modelos estudantes, familiares e funcionários que se se declaram pretos, pardos e indígenas para a exposição intitulada “Nossos corpos existem e resistem”.
As fotos ficarão expostas durante todo mês em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado neste domingo, 20 de novembro, data atribuída à morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros da resistência ao sistema escravocrata colonial implementado no Brasil.
Raul Sartori: Sem escala em Floripa | Tradição infame | A celebração de Carlos Moisés | E mais!
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, a produção do ensaio fotográfico é uma ação que tem o intuito de prestigiar a beleza negra e indígena e retratar em fotografias a diversidade e a existência das múltiplas identidades da Escola Beatriz de Souza Brito. Além disso, abre espaço para debate sobre a ancestralidade afro-brasileira, oportunizando que crianças e adolescentes questionem padrões de beleza. Assim sendo, sementes antirracistas estão sendo plantadas.
Deuzanira Para de Oliveira - cozinheira da escola
Para Janete Elenice Jorge, uma apaixonada por fotografia, foi difícil selecionar algumas peças entre as 400 fotos produzidas. “É impossível não ver a força e beleza contidas na diversidade das imagens”. A professora trabalha com educação de relações étnico-raciais (ERER) e fotografia desde 2015. Mas, segundo Janete, cada trabalho é uma experiência única e sempre a emociona”.
Ela salienta que como mulher branca e ciente dos privilégios de sua branquitude, acredita ser de extrema importância falar de racismo. “Um assunto que ainda hoje é abordado como um problema exclusivo das pessoas negras e indígenas. É imprescindível discutir o privilégio branco e esse é o meu lugar de fala”.
Estudantes Hadyja, Emanuelly Andrade Mendes e Fernanda Maria da Fonseca Pinheiro
Para o secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, um dos efeitos mais perversos do racismo estrutural é naturalizar hierarquizações raciais. “Essas hierarquias se tornam invisíveis e, como tal, tendem a ser reproduzidas por nós sem que sequer nos darmos conta disso”.
Dia de Doar: saiba como contribuir com esta ação que já ganhou o mundo
Ele afirma que a formulação de um padrão de beleza e do que é feio não é natural. “É preciso problematizar a construção histórica da imagem negativa da população negra e a fotografia é, sem dúvidas, um poderoso instrumento de problematização”.
Thaira Antônia Prippa, mãe da estudante Hadyja, e Maria Laura Fonseca, mãe da estudante Fernanda
A luta é diária
A Escola Municipal Beatriz de Souza Brito trabalha a Educação para as Relações Étnico-Raciais durante todo o ano letivo com ações pedagógicas específicas para uma educação antirracista através do projeto “Ubuntu: eu sou porque nós somos” e do Grupo de Estudos Sankofa.
O estudante Eliezer Jonas Fundanga Calipi e sua tia, Luiza Calipi
Para a professora de história Nailze Pazin, que coordena o projeto e o grupo de estudos, “o preconceito racial cria um estigma, uma marca, uma relação perversa e negativa quanto a tudo o que diz respeito ao não branco, às suas formas de ser e de significar o mundo. Se desejamos uma sociedade com justiça social, é imperativo transformarmos nossas escolas em um território de equidade, acolhimento, respeito e afetividades”.
Da redação
Para receber notícias, clique AQUI e faça parte do Grupo de WHATS do Imagem da Ilha.
Gostou deste conteúdo? Compartilhe utilizando um dos ícones abaixo!
Pode ser no seu Face, Twitter ou WhatsApp!
Para mais notícias, clique AQUI