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Após a grande retomada, 12 desafios do Turismo, por Vinícius Lummertz

Após reforma, Novo Museu do Ipiranga, na Capital paulista, reabre as portas reabrirá as suas portas para as comemorações dos 200 Anos da Independência no Sete de Setembro (Foto: Reprodução/Internet) **Clique na imagem para ampliar

Publicado em 07/06/2022

Depois de um segundo semestre de 2021 com ampliação de receitas em 77% com a retomada concentrada nas viagens domésticas, uma supertemporada de Verão por todo o país e da comemoração da plena retomada turística nos exuberantes desfiles das escolas de samba nos carnavais de Rio e São Paulo, fui desafiado por alguns jornalistas a listar quais são os 12 principais potenciais de futuro do Turismo brasileiro neste novo momento, após dois anos de uma pandemia que ainda não nos deixou. Com o apoio da equipe do CIET, o Centro de Inteligência da Economia do Turismo que criamos na Secretaria de Turismo e Viagens de SP, segue o resultado do desafio aceito:         

1 - Parques Naturais – O Brasil precisa evoluir no modelo de concessão de seus Parques Naturais, proporcionando melhor estrutura e atrativos para receber visitantes e a possibilidade de ter hotéis em parte de suas áreas, como acontece em parques nacionais em todo o mundo. Considerando-se que o Brasil é hoje o 2º país com maior potencial natural no turismo de acordo com o World Economic Forum (até 2019 era o 1º), nossos parques nacionais possuem um grande potencial para serem melhor conhecidos, com efeito de consciência de preservação e de projeção da nossa natureza nacional e internacionalmente.

2 - Museus brasileiros – Os museus brasileiros, especialmente aqueles de maior destaque vinculados à iniciativa privada, os principais em cada Estado e os museus nacionais de grande significado histórico e cultural administrados pelo IBRAM- Instituto Brasileiro de Museus, precisam inserir-se mais no circuito turístico nacional e internacional. O Brasil é, segundo o World Economic Forum, o 9º maior país do mundo em diversidade e atrativos culturais, e isso não é devidamente trabalhado pelo Turismo, seja em termos de promoção, seja em termos de infraestrutura, experiência do visitante e sustentabilidade do museu. O maior exemplo é o Novo Museu do Ipiranga, na Capital paulista, que reabre as portas (fechadas desde 2013) para as comemorações dos 200 Anos da Independência no Sete de Setembro, como também o Museu da Língua Portuguesa, reinaugurado em 2021, e a Pinacoteca – agora a Nova Pina – que será reaberta em novembro para receber mais de um milhão de visitantes por ano.   

 

3 - Resorts integrados a cassinos – A aguardada aprovação da legislação para receber resorts integrados a cassinos leva à viabilização de bilhões em investimentos em localidades com grande potencial de ser distritos turísticos e catalisadores de turismo, em substituição à atividade turística de brasileiros no exterior.

4 - Nacionalização do conceito de Distritos Turísticos – O conceito de Distritos Turísticos, assim como desenvolvido no Estado de São Paulo, pode ser uma solução institucional eficiente para criar governança e atrair investimentos para áreas geográficas com real potencial internacional de Turismo – onde existam planos de investimentos e massa crítica entre empresariado e poder público para tornar-se Distrito.

5 - Promoção internacional e nacional com padrão profissional - A promoção internacional e nacional do Brasil, com apoio e parceria do trade turístico, precisa ser contínua e junto aos pontos de grande confluência de mídia e influência mundial.

6 - Infraestrutura e qualidade urbana em municípios turísticos - Sistema para apoio, com módulos, modelos de aplicação e recursos, para ganho de qualidade urbana, organização e infraestrutura junto aos atrativos turísticos, nas principais cidades turísticas.

7 - Utilização de prédios históricos para hotelaria ou empreendimentos turísticos – A possibilidade de concessão de prédios históricos ou preservados pertencentes ao poder público e outros proprietários por um tempo longo, em um projeto semelhante ao ‘Revive’ de Portugal, que abre o patrimônio ao investimento privado para desenvolvimento de projetos turísticos, por meio da realização de concursos públicos.

8 - Crédito assistido em larga escala - Programa de crédito para empreendimentos turísticos, com fundo garantidor e crédito assistido, operacionalizado pelo Sebrae em parceria com os órgãos de Turismo.

9 - Primeiro emprego no Turismo – Programa de primeiro emprego, com legislação específica, buscando estimular o emprego no Turismo.

10 - Portfólio de áreas para investimento em nível nacional – Identificação de áreas e terrenos propícios para investimentos em turismo em locais de alta atratividade, com as condições de negócio, licenciamento, organizados, como também fizemos em São Paulo.

11 - Marinas e portos turísticos – Parcerias público privadas (PPPs) para implantação de marinas e portos turísticos em toda a Costa Atlântica, assim como rios e represas, incentivando a indústria náutica e ampliando o potencial desses destinos.

12 - Plano de saneamento para orlas turísticas urbanas – Plano específico de saneamento e organização das orlas turísticas do Brasil, de forma a aumentar a balneabilidade das praias localizadas em áreas urbanas.

É claro que o planejamento desses 12 “pontos de futuro” precisa estar integrado num Plano Global para o Turismo brasileiro, para que possam ser implementados e executados de forma harmoniosa – e também em sinergia com aquilo tudo que já temos de bom e que está funcionando. 

Já passou da hora de o Brasil reconhecer o Turismo como uma das suas duas grandes vantagens competitivas perante o mundo, onde nós nos posicionamos como número um. A outra é o Agronegócio, que há 40 anos existia timidamente num país importador de comida. Mas transformou o Brasil em celeiro do planeta porque foi feito um programa para isso, como apontamos agora para o Turismo: houve internacionalização na cadeia de produção, houve crédito, houve capacitação, houve inteligência pela Embrapa e a integração das cadeias produtivas.

Como autor do livro ‘Brasil: Potência mundial do Turismo’, só tenho que reafirmar esse título – e lembrar que, enquanto o Turismo não for colocado no centro da pauta econômica e social do país, significa um desperdício de milhões de empregos e de gigantescos investimentos públicos e privados para melhorar a qualidade de vida de toda uma Nação.   

Da redação

 

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