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A arte de Max Gonçalves
Empresário que ganhou notoriedade na área da tecnologia hoje faz sucesso em outras atividades

Max participa de torneios de pôquer em Las Vegas: “é uma forma de eu fazer o que gosto no meu tempo livre e eventualmente ganhar alguma coisa” (Foto: Arquivo pessoal)

Publicado em 18/02/2020

Max Gonçalves é um legítimo "cidadão do mundo". Nascido no Rio de Janeiro, ele escolheu Florianópolis para viver nos anos 1980, quando ficou conhecido no Brasil e no mundo por ter sido um atuante empresário na área de tecnologia, especialmente no comando da Fenasoft, maior feira de informática já realizada no Brasil. Um jornalista comentou na época que ele era o primeiro homem a "parar" o trânsito de São Paulo, tamanho era o movimento gerado pelo evento. Entre outras ações culturais e humanitárias, Max foi um dos criadores da ONG África, que reúne personalidades como Bill Gates, Bono Vox e Warren Buffet. Atualmente, reside em Las Vegas, nos EUA, onde, além de apostar - e ganhar dinheiro - nos cassinos, dedica-se à literatura e à produção de documentários. O empresário mantém até hoje laços com Florianópolis e com frequência passa temporadas na cidade. O Imagem da Ilha aproveitou uma dessas visitas para conversar com ele e saber as novidades.  

Imagem da Ilha - Você fez história com a Fenasoft, maior feira de informática do Brasil nos anos 1990. Depois dela, você foi se recriando, se reinventando. Quem é o Max 2020? O que mudou nessas últimas décadas?

Max Gonçaves - Acredito que a vida nos oferece tempo e oportunidade para irmos buscando diferentes formas de trabalho e de nos completarmos como pessoas. Quando terminei meu ciclo na Fenasoft, me dediquei a escrever meus livros, reportagens e descobri os documentários – que, apesar de muitos considerarem uma forma de arte, para nós que nos dedicamos a essas formas de expressão é um trabalho -, e tem que ser encarado como tal se quisermos ter sucesso e alcançar o que buscamos. Assim, 2020 é a continuação deste trabalho. Tenho dois novos livros planejados, já estou trabalhando neles, temos projetos de documentários já na fase de coleta de patrocinadores ou financiamento, reportagens, enfim, vou continuar o trabalho dos últimos anos.

Você se mudou para Las Vegas, capital mundial do jogo. Conte para nós como é a experiência de ganhar e perder dinheiro nas roletas. O pôquer virou uma paixão?

Las Vegas não é só jogo. Uma cidade com, proporcionalmente, o maior rendimento para uma prefeitura nos USA, a grande Las Vegas com 3 milhões de habitantes, com uma universidade federal entre as 50 maiores do país, várias universidades privadas e o recorde mundial de turismo internos e externos. Logicamente o nome do lugar está ligado ao jogo, aos shows, ao famoso strip (tease), uma avenida de 7 km com os maiores hotéis e cassinos do mundo. Jogo pôquer, sobretudo em torneios, e tenho a oportunidade de ser patrocinado. É uma forma de eu fazer o que gosto no meu tempo livre e eventualmente ganhar alguma coisa. Atualmente divido meu tempo entre Vegas e Lisboa, mas a emoção de jogar e ganhar é sempre muito boa.

Quais os laços que continuam te ligando a Florianópolis? Como está nossa cidade? Evoluindo?

Tenho grande parte de minha família morando em Florianópolis, muitos amigos. É um lugar que me encanta e me atrai pelo povo, a natureza e a simpatia de todos. É uma cidade que cresceu muito e muito depressa e por isso os problemas de mobilidade e o encarecimento da parte imobiliária. Mas estes problemas serão resolvidos com o tempo. Temos excelentes universidades, alguns movimentos artísticos que já ganharam ou estão ganhando notoriedade em todo o Brasil, e a cultura do manezinho que tem que ser conservada porque define bem a alma deste lugar e a beleza deste povo.

Há seis anos você lançou "Seduções, Remissões e Submissões". Como você avalia a repercussão da obra?

Muito boa. Em Portugal está na quinta edição, os direitos da segunda história vendidos para servirem de tema para um filme, tradução em vários países e criticas bastante boas de quem leu. Fui convidado no Brasil e Portugal para fazer palestras em vários clubes de leitores e participei de algumas feiras de livro com bastante sucesso. Enfim, a trajetória de livros num mundo onde estamos caminhando para e-books e onde a media social vai ocupando, em alguns lugares, o espaço que este tipo de literatura tinha até agora.

Você tem outros livros para lançar em breve? Antecipe para nós quais serão.

Estou lançando este mês em Portugal um livro baseado em fatos reais chamado "O Barulho dos Segredos Escondidos", que conta a história de 4 jihads foragidos que não se sacrificaram pelo terrorismo e hoje são perseguidos por todos os lados. Um livro que mostra a realidade do Oriente Médio, como os Muçulmanos, enquanto religião e forma de vida, são muito diversos do que a média analisa superficialmente, e como é difícil imaginar um equilíbrio no mundo de hoje entre culturas e religiões tão diversas e governos tão comprometidos. Meu livro "Garotos de Ipanema" deve ser lançado nos próximos meses em Portugal e vários projetos estão em andamento.

Fale mais detalhes sobre o roteiro que você criou para o documentário Why. Qual o tema? Onde e quando será exibido?

Foi um documentário que fiz para a National Geographic na Síria e aborda a questão dos refugiados que hoje já somam mais de 50 milhões de pessoas na Europa e alguns outros países do mundo. Mostra a barbárie de uma guerra que já destruiu mais de metade do país e o absurdo da violência contra pessoas inocentes que só queriam continuar a sua vida nos país onde nasceram. Só da Siria, já se contam mais de 20 milhões de refugiados em campos de concentração na Jordânia e algumas cidades limítrofes, e definir o porquê de toda essa guerra é a grande pergunta que fica no ar. Dai o nome “Why”.

Você se considera um homem de sorte?

Sim, muita sorte! A família que eu tenho, os amigos que me ajudaram a ser quem sou e me ajudam até hoje com conselhos e exemplos. E, sobretudo, estar vivo num tempo de mudanças como é o nosso tempo agora. Mudanças que estão, através da tecnologia e da comunicação, não só criando um mundo novo, mas redimensionando o comportamento humano de uma forma irreversível. Um tempo de desafios, de buscar respostas para tentar perceber o futuro, mas, sobretudo, um tempo que mais e mais está nos mostrando que descobrir nossa felicidade e viver em paz com nossa realidade é o caminho a seguir.

Entrevista realizada por Urbano Salles