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Sabe aquela máxima que diz: “não leve os problemas de trabalho para casa?”. Ela é levada bem a sério pelos personagens desta matéria. São casais que apostaram em objetivos comuns e resolveram empreender juntos. Mas será que é possível que um casal tenha uma boa convivência comandando um negócio juntos? 

De acordo com a psicóloga Eliza Góes, sim! “O casal consegue agir como unidade funcional em diversas áreas: na criação dos filhos, nos cuidados com a casa e por que não no trabalho? Para isso é preciso entender que uma unidade funcional é feita de partes diferentes trabalhando juntas para um bem comum, portanto ter objetivos claros e saber lidar com as diferenças é fundamental”, explica.

Saviany Monteiro e Rodrigo Lucas são casados há 15 anos e há 12 montaram seu negócio no ramo mobiliário. Ela, que antes administrava lojas de uma empresa desse mesmo setor, e ele, que trabalhava como diretor de Marketing de uma empresa de telefonia, usaram os anos de experiência para empreender e desde então colhem os frutos dessa parceria. Mas sabem bem como é ter que lidar com as diferenças.

Saviany conta que não foi uma tarefa fácil. “No início tivemos muitos problemas, pois cada um tem opiniões muito fortes e nosso negócio surgiu no inicio da nossa relação, estávamos aprendendo a nos conhecer melhor como casal e ao mesmo tempo sendo sócios. Mas com o passar do tempo entendemos que a palavra ‘nós’ é mais importante que a palavra ‘eu'. Que o respeito deve existir. E que só pode dar certo quando existe muita confiança um no outro”, observa.

A psicóloga explica que as principais características de um casal que convive em harmonia no ambiente de trabalho é saber dividir e desempenhar bem seus papéis. “É imprescindível que os papéis de marido e mulher fiquem em casa e que ao entrar na empresa eles saibam exatamente sua função e porque são importantes alí”, lembra Eliza Góes.

Na ida ao trabalho, os horários de Saviany e Rodrigo são diferentes e cada um vai com o seu carro. Dentro da empresa eles são responsáveis por setores distintos e trabalham em ambientes separados. Além disso, cada um tem uma assistente particular para resolver as  pendências, tudo para manter a harmonia entre o casal e a equipe de colaboradores. “Costumamos solicitar, concordar, discordar ou qualquer outro assunto do dia a dia, através delas, para que isso não atrapalhe a nossa convivência”, destaca a empresária. 

Quando estão em casa, o negócio é diferente: “não falamos sobre assuntos da empresa em casa, até dá vontade, mas nos seguramos”, conta Rodrigo. O casal conta que os momentos de lazer são voltados ao filho Arthur, de 14 anos, e à recepção de amigos para almoços e jantares. 

Regras de etiqueta

Em 2005, Vivian e Octavio Ormerod decidiram mudar-se para Florianópolis e abrir um restaurante. Com o passar dos anos, o ritmo intenso de trabalho do casal estava indo contra o objetivo maior, que era acompanhar de perto o crescimento e o desenvolvimento da filha Maria Clara, hoje com 12 anos. Foi aí que em comum acordo, decidiram mudar de ramo e a representação comercial  na construção civil virou o novo negócio. 

Vivian fica no escritório e cuida da parte burocrática e operacional da empresa, dando suporte a Octavio, que com o domínio da parte técnica, visita e atende os clientes para apresentação do produto e análise dos projetos. Mesmo tendo funções distintas, o casal relata que muitas vezes é difícil separar a vida pessoal da profissional. “Dependendo do tempo em que passamos juntos no escritório e se o humor estiver alterado pelo cansaço, por exemplo, há interferência na relação”, conta Vivian. 

Para situações como essa, a psicóloga Eliza Góes dá uma dica: “ao entrar no trabalho não é mais o (a) esposo (a) que está alí e, sim, seu/sua sócio (a) ou colega de trabalho. As regras de etiqueta e educação são necessárias como se estivessem trabalhando em qualquer outra empresa com um desconhecido”, explica. 

Além do respeito, que deve sempre predominar, Vivian ressalta que a cumplicidade e o companheirismo são essenciais e ultrapassam qualquer obstáculo. “Num determinado período passamos por dificuldades financeiras e, naquela ocasião, em nenhum momento nossa relação pessoal sofreu qualquer abalo”, lembra. Octavio complementa: “existe um suporte mútuo”.

Na loja e nas viagens

Casados há seis anos, Christian Piscopo e Sabrina Alvarenga sentiram desde o início do relacionamento a vontade de empreender juntos. Porém, faltava decidir em qual área iriam atuar. Após estudar vários nichos de mercado, optaram pelo ramo óptico e se especializaram na área. A maior parte do tempo eles passam juntos na loja, atendendo aos clientes, dando consultoria de imagem e fazendo compras de novas coleções de óculos; ou em viagens, ministrando cursos e palestras e participando de feiras do setor. 

“Um dos benefícios de trabalharmos no mesmo negócio é que ficamos mais tempo juntos e não nos vemos somente à noite cansados depois de um dia de trabalho”, destaca Christian. E Sabrina complementa: “trabalhar com o parceiro é um aprendizado dia após dia; aprendemos a respeitar ainda mais as diferenças um do outro.”, finaliza.

Aprenda com nossos entrevistados!

Trabalhando em harmonia com o (a) companheiro (a):

Tenham os mesmos objetivos, pois assim as energias estarão sempre em sintonia;
Não cobrem a carga de trabalho do outro, pois ela é despendida para o mesmo fim;
Imponham limites para que os assuntos de trabalho não ultrapassem os momentos de lazer;
Resolvam  os problemas de trabalho na própria empresa;
Não levem problemas de casa para o trabalho;
Dentro da empresa tenham claro qual é a função de cada um e o quanto são importantes, nas suas diferenças, para o sucesso do trabalho; façam as descrições de cargo por escrito, escrevam todas as responsabilidades de cada um, definam no organograma onde estará cada um de vocês. 

Benefícios de um casal ter um negócio juntos:

Um complementa o outro, principalmente na questão financeira;
O crescimento financeiro é mais fácil de acontecer, principalmente se o casal souber poupar e investir;
Fica mais fácil planejar o futuro;
As viagens de férias ou a negócios são feitas na mesma data.

Escrita por Gabriela Morateli