Berlinale começa em meio a tensão política e com filme brasileiro concorrendo ao Urso de Ouro
A colunista Karin Verzbickas nos passa uma visão do que ser passa nos bastidores do festival

É sábado em Berlin, as temperaturas são negativas e flocos de neve caem há dois dias se revezando com o sol que às vezes teima em sair. É o primeiro final de semana do Festival Internacional de Cinema, o Berlinale, marcado pela intensa agenda de premières da mostra competitiva - um deles o brasileiro “O Último Azul”, do pernambucano Gabriel Mascaro com Rodrigo Santoro no elenco - mas também por uma certa tensão política que paira no ar. A capital alemã está às vésperas de uma das eleições legislativas mais tensas que se tem notícias desde o pós-guerra, com um acirramento político hostil e a ameaça da ascensão da extrema-direita ao poder.
Manifestações proliferam pelas ruas de Berlin em meio ao clima de cinema que toma conta da cidade com centenas de filmes exibidos pela cidade e a circulação de um público ávido pela sétima arte ao lado de um exército de produtores, roteiristas, atores, diretores e exibidores de todo o mundo.
A diretora da Berlinale, Tricia Tuttle, deu o tom na coletiva de imprensa: "um festival como este é uma rejeição (...) de todas as ideias difundidas por muitos partidos de extrema direita". A Berlinale é o primeiro grande evento da indústria cinematográfica internacional de 2025. "Estamos passando por uma crise particular nos Estados Unidos, mas também em todo o mundo", disse o presidente do júri, o norte-americano Todd Haynes.
Em 1951, Berlim criou este festival de cinema para desafiar o isolamento soviético. “Rebecca”, de Alfred Hitchcock, foi uma das principais atrações, ainda que fosse um filme de 1940. Era o começo da guerra fria. Pode-se dizer que os pesadelos da política, no entanto, não largam a Berlinale, agora em sua 75ª edição. O Festival de Cinema de Berlim é um dos mais tradicionais e importantes da indústria cinematográfica mundial. E esta edição vai até o dia 23 deste mês, exatamente no final de semana que a Alemanha realiza suas eleições legislativas.
Para contextualizar: Nas pesquisas recentes, Friedrich Merz e o CDU/CSU, partido da ex-chanceler Angela Merkel, lidera com 30% das intenções de voto. É seguido por Weidel da sigla de extrema direita Alternativa para Alemanha, que chega a 21%.
O que vem por aí: A partir da próxima edição, traremos aqui a percepção de Felipe Didoné, diretor do Paradigma Cine Arte, que também está participando da Berlinale e vai contar sobre os filmes que chegarão ao Brasil na próxima temporada.
Texto por Karin Verzbickas, direto do Berlinale
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Sobre o autor

Karin Verzbickas
Jornalista conhecida por suas resenhas de filmes no Jornal Imagem da Ilha
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