Autoral Filmes lança “A Prisioneira de Bordeaux” em Floripa
Isabelle Huppert e Hafsia Herzi protagonizam o filme exibido em Cannes e que entra em cartaz nacionalmente nesta quinta-feira, dia 7

Uma das diretoras francesas mais renomadas da atualidade, Patricia Mazuy aborda o encontro entre duas mulheres de classes sociais diferentes, mas que se conhecem ao visitar os maridos na prisão, em A PRISIONEIRA DE BORDEAUX, exibido na Quinzena dos Realizadores, em Cannes de 2024, e que estreia no Brasil nesta quinta-feira, 7 de agosto, com distribuição da Autoral Filmes.
Isabelle Huppert interpreta Alma Lund, uma mulher de classe alta que vive sozinha desde a prisão do marido. Num dia de visita, conhece Mina Hirti (Hafsia Herzi), uma jovem mãe que foi visitar o companheiro, mas, por questões burocráticas, não poderá o ver, e deve voltar no dia seguinte. Ela mora longe, são 3h de viagem, e Alma simpatiza com ela, e lhe oferece estadia em sua casa na cidade.
Começa aí uma amizade improvável, que toma contornos inesperados, num filme que discute classe e raça na França contemporânea, sem deixar de lado a posição da mulher dentro de uma sociedade patriarcal e preconceituosa.
Mazuy, em entrevista, aponta que o relacionamento entre essas duas mulheres é a força condutora da narrativa. “Eu sabia que a amizade delas teria que ser forte. Ela estava estabelecida no roteiro: Mina defende Alma quando as mulheres na sala de visitas querem silenciá-la, Alma convida Mina para sua casa. Mas esses atos por si só não criam uma amizade próxima; trabalhamos nisso no set e na sala de edição, criando um equilíbrio entre as duas. Mas elas estão interligadas porque, quando você está com uma delas, você quer ver a outra e vice-versa”, disse em entrevista.
Para construir a tensão dentro dessa narrativa, a diretora aponta que o tempo que as duas personagens passariam juntas não poderia ser longo. “Limitei o tempo que eles passam juntos a menos de um mês, porque, caso contrário, a história teria parecido muito diluída. Tinha que ser concisa, porque não acontece muita coisa, especialmente para mim, já que geralmente gosto de filmes de ação. Não queríamos sair do tempo real, queríamos estar firmemente no presente de cada cena, e que cada uma delas tivesse um senso de movimento. E que houvesse comédia, para que permanecesse viva e para que o filme não fosse didático, porque não há nada mais chato do que isso.”
Huppert, que já havia trabalhado com Mazuy, em Saint-Cyr (2000), confessa que queria retomar a parceria com a diretora, uma das melhores em atividade, segundo a atriz. “Nos últimos anos, tenho gostado muito dos filmes dela, especialmente do último antes deste, Bowling Saturn, que eu acho uma pequena obra-prima. Há algo muito afiado e muito duro em sua visão de mundo, o que torna suas histórias muito interessantes, sejam elas mais dramáticas, mais cômicas, ou o que for, mas também há algo um pouco digamos, muito político, no sentido mais amplo da palavra, é claro.”
Mazuy conta que buscou criar duas mulheres em pontas opostas para encontrar o equilíbrio do filme. “A personagem de Alma é paradoxal: ela tem tudo, mas não tem nada, tem tempo para fazer tudo, mas não tem nada para fazer, ela está em um vazio absoluto. Mina está em uma solidão igualmente forte, mas de uma maneira diferente. Enquanto eu tentava atrair Hafsia para o burlesco, Isabelle precisava ser capaz de encontrar leveza e loucura em meio a esse desespero absoluto que parece habitar sua personagem. Basicamente, ele é uma personagem que não tem muita consciência da realidade.”
“Com um belo enredo labiríntico, a história de Alma e Mina é uma fábula moderna sobre bons samaritanos e pessoas bem-intencionadas, abastadas e privilegiadas. E nas mãos de duas atrizes que criam maravilhas com a fisicalidade que une seus personagens, este é o tipo de filme francês forte que te prende do início ao fim, até a cena final, vitoriosa e emocionante”, escreve a revista Variety.
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Sinopse
Alma, sozinha em sua casa imensa e Mina, mãe solteira de um conjunto habitacional em outra cidade, organizaram suas vidas em torno das visitas que fazem aos respectivos companheiros presos. Quando as duas mulheres se encontram na antessala da área de visitas, uma amizade improvável se inicia.
Produção francesa aborda classe, raça e patriarcado com delicadeza e intensidade.
Sobre Patricia Mazuy
Patricia Mazuy, nascida em Dijon, França, em 1960, é uma cineasta francesa conhecida por seu trabalho independente e rebelde. Ela começou a se envolver com cinema através do cineclube da escola, onde desenvolveu sua paixão por westerns e filmes de suspense. Após estudar em uma escola de negócios, Mazuy mudou para Los Angeles, onde dirigiu um curta-metragem e conheceu Agnès Varda e Sabine Mamou.
Com o apoio de Varda e Mamou, Mazuy começou a trabalhar como assistente de direção e editora em filmes como A Room in Town (1982), de Jacques Demy, e Vagabond (1985), de Agnès Varda. Mais tarde, ela se dedicou à direção de seus próprios longas-metragens, como Thick Skin (1989).
Ao longo da sua carreira, Mazuy dirigiu vários filmes, incluindo Saint-Cyr (2000), Basse Normandie (2004), Of Women and Horses (2011), Paul Sanchez Is Back! (2018) e Saturn Bowling (2022). Seus filmes frequentemente exploram temas como a experiência da mulher e o retrato da sociedade francesa.
Mazuy é uma cineasta que se destaca pela sua estética única e pela forma como aborda os seus temas, sendo considerada uma das vozes mais interessantes do cinema francês.
Sobre a Autoral Filmes
A Autoral Filmes, fundada no início de 2025, teve sua origem através dos sócios do Paradigma Cine Arte, que desde 2010 mantém a sala de cinema que é uma instituição cultural em Florianópolis/SC.
A Distribuidora vem do desejo dos sócios de ampliar as atividades no mercado do cinema, replicando na distribuição o mesmo conceito de filmes independentes e de arte que formam seu conceito na exibição.
Como seu nome deixa claro, a Autoral Filmes terá seu foco no cinema de autor e em documentários de arte, focando em produções escolhidas a dedo, tanto nacionais como estrangeiras, prezando sempre a alta qualidade dos filmes.
Para Felipe Didoné, diretor da distribuidora, “a Autoral Filmes é a realização de um sonho, de expandir os horizontes para além da distribuição, mantendo a curadoria elegante que sempre foi o diferencial do Paradigma Cine Arte”.
A empresa estreia no mercado com dois lançamentos muito bem escolhidos no mercado de cinema de Berlim deste ano. O primeiro lançamento ocorreu em junho, o documentário Andy Warhol – Um Sonho Americano, sobre o grande artista Pop e o segundo, é a produção francesa A Prisioneira de Bordeaux, dirigido por Patricia Mazuy e com Isabelle Huppert e Hafsia Herzi no elenco.
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Sobre o autor

Karin Verzbickas
Jornalista conhecida por suas resenhas de filmes no Jornal Imagem da Ilha
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