Assessoria de Imprensa, pra quê?
As agências de comunicação corporativa nunca se mostraram tão necessárias para a preservação e construção da reputação de marcas pessoais e corporativas, como no cenário atual
Vive-se, em tempos de Lava-Jato e caça às bruxas em geral, uma época de empoderamento sem precedentes do papel da assessoria de imprensa. Nunca antes na história desse país – parafraseando vocês sabem quem – personalidades públicas, instituições e empresas privadas se viram na necessidade de multiplicar tanto os cuidados em manifestações públicas - oficiais ou não. Toda essa atenção (ou seria tensão?) tem levado a um aquecimento do mercado de consultorias de comunicação e de relações com a mídia, as popularmente conhecidas como assessorias de imprensa.
Numa única edição do Jornal Nacional – e eu já tive a paciência de fazer essa contagem – a expressão “assessoria de imprensa” pode ser dita até 15 vezes. São citações em maior número que o próprio nome do presidente da República ou dos apresentadores Bonner e Renata, para quem os repórteres passam a bola depois de uma entrada ao vivo. Tudo isso porque é cada vez maior o esforço de se preservar marcas, corporações e famílias, fazendo uso pleno de uma série de estratégias de comunicação e de boas práticas de relacionamento com a imprensa. É justamente aí que entra o papel cada vez mais relevante – e eu diria insubstituível, na maioria dos casos – das consultorias de comunicação corporativa.
Uma Assessoria de Imprensa, conhecedora da dinâmica da notícia e dos processos de construção da imagem e da reputação de uma marca, pode indicar a melhor postura e ajustes de discurso do seu assessorado, seja ele um serviço, produto ou pessoa. É essa equipe que coleta, filtra e cataloga todas as informações relevantes do episódio; produz um diagnóstico, cruzando os dados obtidos com o que já foi divulgado publicamente, em canais on e offline, e mede riscos e conseqüências de crise, nas múltiplas possibilidades de pronunciamento. Muitas vezes, é a Assessoria de Imprensa que faz o elo entre todos os setores de uma corporação – jurídico, industrial, ambiental, etc – antes de tomar a decisão do melhor caminho a seguir. Isso sem falar que há situações em que, para desespero das redações, o melhor caminho é justamente o de não se pronunciar.
Imagino que não foram poucas as oportunidades que vocês ouviram ou leram no noticiário: “o advogado de fulano preferiu não se manifestar sobre o assunto até que...” ou ainda algo do tipo “...em nota oficial, o governo disse que tomará todas as providências para...”. É esse comportamento reativo e cauteloso das instituições e pessoas públicas que, se por um lado preserva a reputação dos citados, certamente está criando, de outro, uma reação negativa nos colegas jornalistas. Nos bastidores, existe quem rotule o momento atual como a “era das notas” e a “ditadura das assessorias de imprensa”. Reação natural para quem antes tinha livre acesso aos porta-vozes e contava com a espontaneidade quase ingênua dos interlocutores para apurar as suas informações.
Mas, é bom que se enfatize: Assessoria de Imprensa não é só gerenciamento de crise. Ela tem como atribuição primeira a divulgação da marca e dos produtos/serviços/imagem pessoal do seu cliente, colocando-o no lado positivo da notícia, tornando-o fonte como especialista naquele determinado assunto, e consequentemente, agregando credibilidade e valor à sua marca. Afinal, no mundo competitivo de hoje, não basta oferecer os melhores serviços ou criar os melhores produtos ou imagens pessoais. É necessário tornar-se visível e relevante para o público que se deseja alcançar.
Na outra ponta, as Assessorias de Imprensa cumprem um papel fundamental na construção do noticiário diário. Com o enxugamento cada vez maior das redações, tanto em estrutura quanto em profissionais, vem muito bem, obrigada, a mão amiga de muitas assessorias que, por exemplo, correm atrás de um personagem com um case específico que enriquece determinada matéria ou que se esforça para fazer o levantamento em tempo recorde de estatísticas e dados das mais variadas necessidades dos jornalistas em redações.
A Assessoria de Comunicação é um braço importante, consolidado no mercado mundial, mas que precisa, dia após dia, mostrar seu valor e garantir sua credibilidade junto ao cliente e aos diversos públicos com que trabalha – a imprensa, aliás, é apenas um desses públicos, mas isso é tema para um próximo artigo. E, então, alguém aí achava que ser um bom assessor de imprensa é tarefa fácil?