Quando o vento borda o mar
Apartamento com clima de casa, em Jurerê Internacional, explora - na paleta - as memórias do casal em férias pelo litoral catarinense e o desejo por um refúgio à beira do mar
O mar tem um tom diferente para cada pessoa. Azul intenso, azul claro, azul esverdeado, verde. Nas lembranças da arquiteta Ana Granzoto, nas férias de verão de menina, a família partia da Serra com destino ao litoral catarinense. A euforia era grande no carro para avistar a primeira linha do mar entre as curvas fechadas da estrada. Ela recorda do incrível azul esverdeado, a brisa úmida e a areia branca que descortinava à sua frente.
Neste apartamento de 136 m² localizado no canto da praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, a paleta inspirada na cena, assim como Ana a guarda na memória, foi transportada para o décor com total apoio da cliente. “O casal jovem desejava um refúgio mais próximo ao mar e também com a vida noturna agitada, para o lazer dos dois filhos adolescentes. Ambos são da Serra, assim como eu, com infância rodeada de verde e férias à beira mar, compartilhamos muitas percepções e olhares para o litoral catarinense. Como no caso da cor, que tem essa tonalidade verde intensa trabalhada em muitos detalhes do projeto. A cliente participou de todo o processo, com dedicação até na montagem final”, comenta a arquiteta.
Um refúgio à beira do mar
Tranquilidade, sossego, leveza no layout foram os pedidos que nortearam a criação do projeto. Ana trabalhou a ideia de refúgio com poucos móveis, cor na medida certa - sem cansar na rotina - e espaço de convívio fluido e confortável. “Reservamos um espaço especial para as plantinhas, que virão ao longo do tempo, uma das paixões da moradora”, conta.
Ainda na fase de pesquisa dos materiais, a arquiteta recebeu uma foto dos clientes. Eles haviam encontrado um pescador na praia, num dia de bastante vento, as ondas agitavam-se. “Aquela paisagem encantou os clientes, que encaminharam a foto com a seguinte frase disparada pelo pescador: O vendo bordou o mar. Não tivemos dúvida, naquele momento, que o que estava se desenhando era um lindo bordado com as referências da nossa infância misturadas às nuances de uma praia que se funde ao horizonte, onde pipocam bolhas de espuma, que nos faz meditar. Nasceu assim o conceito do projeto”, relembra.
Poucas mudanças transformaram a planta original do imóvel. A arquiteta aproveitou ao máximo alguns elementos existentes como o piso original, também aumentou a passagem da sala para os quartos e instalou uma porta para garantir privacidade às áreas íntimas. “Para chegarmos ao mar, ao bordado, olhamos primeiro, bem de cima, aquele verde das profundezas e escolhemos um sofá verde intenso em combinação com um painel de carvalho natural, remetendo ao revestimento das embarcações, recobrindo parte de uma parede da sala e se repetindo na suíte do casal. Na cozinha e lavabo trabalhamos detalhes sutis. A cor clara teve lugar na outra parede da sala, em forma de tijoletas, que serviram de moldura para móveis naturais e cachepots com plantas, criando uma visão tranquila e linear”.
Pitadas de cobre, preto e tapetes em fibra harmonizam a composição. O azul prevalece nos ambientes, nos quartos, na cozinha, em intensidades diferentes, combinado aos materiais naturais como carvalho, palha e o linho. A marcenaria fixa foi projetada pela profissional para acomodar os pertences da família e a luz natural valoriza ainda mais as escolhas do projeto. Quando a noite chega, uma iluminação geral pontuada com boas luminárias de apoio em lugares estratégicos cria atmosfera acolhedora.
Da redação