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Mobilidade urbana da Capital – Parte II

Uma solução para Florianópolis seria melhorar e ampliar o transporte público, e até incluir o marítimo! (Fotos: Fernando Teixeira **Clique para ampliar

Publicado em 15/09/2022

Dando continuidade ao assunto tratado na coluna anterior e corroborando com matéria recentemente publicada neste portal, hoje iremos aprofundar algumas questões relacionadas à mobilidade urbana em Florianópolis. Importante ressaltar que mobilidade urbana é um atributo associado à cidade, e que pode ser definida como a facilidade de deslocamento de pessoas e bens na área urbana.

Face à mobilidade, os indivíduos podem ser pedestres, ciclistas, usuários de transporte coletivo, podem utilizar-se de seu esforço direto (deslocamento a pé), ou recorrer a meios de transporte motorizados ou não motorizados. Evidentemente que o problema da mobilidade e suas possíveis soluções possui características diferenciadas, próprias de cada cidade em análise.

Poderíamos dizer que o modelo utilizado em Curitiba (PR), que privilegia o transporte público, dotando vias com plataformas de embarque e canaletas exclusivas para a circulação de ônibus articulados, seria uma solução maravilhosa para Florianópolis. No entanto, se verificarmos o traçado urbanístico e o modelo viário que dispomos, com ruas e avenidas estreitas, isso já nos dá um indicador da dificuldade de implantá-lo por aqui.


Os ciclistas precisam de segurança e infraestrutura propícia para se locomoverem na cidade
 

Salvo algumas exceções, o mesmo demandaria altos investimentos, principalmente no que tange a indenizações visando desapropriações que propiciem a adoção de um sistema com essas características. Implantar um modelo de transporte público, baseado em VLTs (Veículos Leves sobre Trilho), como os existentes em cidades europeias, também poderia contribuir para amenizar nossos problemas de mobilidade.

No entanto, possuímos uma geografia diferenciada de muitas cidades do velho continente, cujos territórios possuem especificidades e são muito distintos do nosso, e isto também dificultaria e encareceria o sistema, se esta fosse a principal solução a ser adotada para abranger todo o território municipal. A implantação de transporte marítimo para atender grande quantidade de usuários, a exemplo da ligação feita entre Rio e Niteroi, também poderia contribuir como uma das soluções ao problema da mobilidade em Florianópolis.


Para melhorarmos a mobilidade em nosso município, deveria ser adotado um
sistema eficiente de ciclovias e ciclofaixas

 

Estudos já foram realizados visando definir rotas, locais de implantação dos terminais, pátios de espera, tipos de embarcações a serem utilizadas, viabilidade econômica e de navegação, entre outros quesitos não menos importantes. Não obstante tudo isso, bem como as diversas promessas feitas por agentes públicos em campanhas eleitorais anunciando sua implantação, parece ainda não ter havido por parte destes e de empresários do setor, efetivo interesse na exploração dessa modalidade.

Adotar um sistema eficiente de ciclovias e ciclofaixas, como as existentes em Copenhague, na Dinamarca, ou Amsterdã, na Holanda, onde mais de 50% de suas populações se utilizam para locomover-se diariamente, também seria algo importante para melhorarmos a mobilidade em nosso município. No entanto, não vejo como apontar esta como sendo a principal alternativa para Florianópolis, haja vista as dificuldades impostas por uma topografia não muito amigável, além de possuirmos um território linear e bastante extenso, cujas longas distâncias a se percorrer dificultam o deslocamento das pessoas para a realização de suas atividades diárias, sobretudo laborais.

A bicicleta, quando não utilizada para a prática de esportes, é propícia para vencer médias distâncias. Poderia ser aproveitada para se chegar a um terminal de ônibus, ou de trem, ou a um atracadouro. Para usá-la com segurança e conforto, seriam necessárias ciclovias e ciclo faixas bem sinalizadas e não desconectadas umas das outras, além da existência de locais apropriados para estacionamento e higiene dos usuários, coisas que ainda estamos distantes de ver por aqui.

Quando o assunto é a qualidade de nossas calçadas, verificamos estarmos ainda muito longe do ideal para se provocar nos usuários o desejo de fazer destas o seu principal meio de deslocamento. Como já publicado quando tratamos especificamente desse assunto, estas ainda precisam de muitos ajustes para que cheguem a um nível razoável de utilização. Diante de tudo isso, entendemos ser necessário haver uma confluência entre essas diversas possibilidades.


A frota de ônibus da Capital corresponde a menos de 1% do total de veículos registrados
na capital catarinense

 

Uma cidade média, como Florianópolis, não pode ficar refém de uma única modalidade de transporte coletivo, ainda mais quando este se mostra insuficiente para atender a demanda existente. Para se ter uma ideia, a frota de ônibus corresponde a menos de 1% do total de veículos registrados na capital catarinense.  

A implantação de novos modais como o marítimo, ligando o Centro à bairros do interior da Ilha ou à localidades e municípios situados no continente, de VLTs em áreas que sejam mais adequadas para sua circulação, tudo isso interconectado por vias que permitam a fácil movimentação de pedestres e ciclistas, são algumas das opções que podem trazer novos ares a este que é um dos grandes gargalos de nossa cidade. Há muito a ser feito! E urgentemente!   

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Sobre o autor

Fernando Teixeira

Formado em Arquitetura e Urbanismo (UFSC), mestre em Geociências e Doutor em Educação Científica e Tecnológica (UFSC), natural de Florianópolis. Atualmente tem se dedicado à fotografia.


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