Hercílio Luz – uma ponte ligando passado, presente e futuro. Por Fernando Teixeira
Pontes ligam pessoas, lugares, possibilitam a junção entre dois extremos, facilitam a transposição de obstáculos e invariavelmente encurtam distâncias
Há quase um século, a ponte Hercílio Luz passou a fazer parte da paisagem deste pedacinho de terra localizado ao Sul do Mundo. Como que querendo provar que sua estonteante beleza serviria para complementar os encantos da paisagem ilhoa, fincou seus pés entre a porção insular e o lado continental da antiga Desterro, aproximando-os definitivamente. Sua presença realçou ainda mais as qualidades estéticas desta linda cidade à beira-mar. Majestosa, veio para ficar e conquistar o coração dos ilhéus, enfeitiçar os que dela se aproximam e a admiram.
Majestosa, veio para ficar e conquistar nossos corações.
Quem teve a alegria de cruzá-la, deslocando-se por seus trilhos feitos de madeira, de olhar por entre as frestas de sua estrutura de aço e ver o mar de uma “espantosa” altura, nunca se esquecerá dos mágicos momentos de um tempo em que nossa Ilha ainda era apenas uma pequena e desconhecida capital. Durante algumas décadas, a ponte que ajudou a colocar Florianópolis definitivamente no roteiro da Região Sul do país foi praticamente abandonada por sucessivas administrações públicas que não souberam lhe dar a atenção merecida.
Cruzá-la é sempre uma oportunidade de contemplar sua beleza.
Governantes se aproveitaram para sugar os recursos públicos que lhes eram de direito, destinando-os a outros fins “nunca revelados”. Impossibilitada de realizar a função a que se destinava, a de transpor o estreito que separa as baías Norte e Sul da Ilha de Santa Catarina, manteve-se soberana,esperando silenciosamente o momento de voltar à cena e assim contribuir ainda mais para a vida florianopolitana. Após ter suas estruturas finalmente recuperadas, voltou renovada e mais bonita do que nunca, trazendo novos ares para toda a região onde se encontra instalada.
Atravessá-la sobre seus trilhos de madeira dava um “friozinho” na barriga. (Foto: Arquivo Casa da Memoria de Florianópolis).
Contrariando o desejo dos que a queriam apenas como elemento contemplativo e de lazer, sua utilização para o trânsito de veículos tem auxiliado a mobilidade urbana, encurtando em muito o percurso e o tempo gasto entre a Ilha e o Continente. Todos os dias, centenas de pessoas também a cruzam utilizando suas passarelas laterais. Ao mesmo tempo em que realizam atividades físicas ou simplesmente o deslocamento aos seus afazeres diários, usufruem da belíssima paisagem que a emoldura.
Desde sua reinauguração, em dezembro de 2019, ela, que sempre foi o grande cartão postal de Santa Catarina, passou a ser ainda mais contemplada e admirada. Não são raras as vezes que a vemos ser carinhosamente invadida por uma multidão, que parece sentir um enorme prazer em estar juntinho de seus múltiplos encantos, tocar seus detalhes e buscar o melhor ângulo para registrar sua beleza. A velha senhora, como é carinhosamente denominada, está sempre disponível, deixando-se fotografar, sem nunca esconder suas múltiplas facetas, suas incontáveis nuances, escancarando com toda generosidade sua magnitude e singular formosura.
A “velha senhora” está sempre disponível, deixando-se registrar.
Ah! Como temos sorte de tê-la conosco, fazendo parte do nosso passado, de nosso presente, servindo-nos de passagem e ligação com o futuro. Que esta coluna possa também ser ponte! Através dela queremos tocar outras margens, chegar ao coração das pessoas. Fazê-las compreender que é sempre possível visualizar a história a partir de um novo ângulo, de novas experiências e conhecimentos. Que tal um passeio sobre a ponte?
Bom demais tê-la conosco, linda e radiante.
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Sobre o autor
Fernando Teixeira
Formado em Arquitetura e Urbanismo (UFSC), mestre em Geociências e Doutor em Educação Científica e Tecnológica (UFSC), natural de Florianópolis. Atualmente tem se dedicado à fotografia.
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