Avenida Mauro Ramos – uma referência verde no coração da cidade, por Fernando Teixeira
Ela recebeu, durante seus quase dois séculos de existência, diferentes denominações. Ainda na antiga Desterro, era conhecida como “Caminho das Olarias”, em função de sua proximidade com algumas destas, geralmente localizadas ao Sopé do Morro do Antão. Entre os anos de 1885 e 1898, esse caminho passou a denominar-se Sebastião Braga, recebendo posteriormente o nome de José Veiga, um fervoroso abolicionista e republicano que residia em suas imediações.
Essa designação perdurou até a década de 1930, quando então veio a chamar-se Avenida Mauro Ramos, em homenagem ao prefeito que administrou Florianópolis nesse período e que foi responsável por sua ampliação e atual configuração. Aos poucos ela foi se transformando até tornar-se uma das mais importantes vias da cidade, sendo a maior em extensão no centro urbano da capital quando se tem como referência o sentido Norte-Sul. Além de servir como uma das principais rotas de deslocamento para o transporte coletivo e de abrigar inúmeros edifícios residenciais, a Avenida Mauro Ramos também se configura como um local onde se encontra instalado um variado comércio que vai desde pequenas lojas até um dos maiores shoppings da região.
Importantes Instituições públicas e Organizações particulares também fazem parte de seu contexto. Destacam-se, ente estes, o Instituto Estadual de Educação, o campus Florianópolis do Instituto Federal de Santa Catarina, o Asilo Irmão Joaquim, a Capela de São Judas Tadeu e a Catedral da Fé, pertencente à Igreja Universal. Essa centenária avenida também tem sido palco de frequentes manifestações em favor da democracia, organizadas por movimentos sociais, além de ser ponto de partida do Carnaval de Florianópolis com o tradicional bloco “Enterro da Tristeza”.
Uma “pequena floresta” em frente ao Asilo Irmão Joaquim, cuidada por colaboradores da Instituição (Foto: Fernando Teixeira)
Um aspecto, no entanto, chama especial atenção: a grande quantidade de vegetação encontrada em seu canteiro central. Apesar de diminuto, atingindo em média a largura de 1,50 m, ele abriga, ao longo dos quase dois quilômetros de extensão da via, 235 árvores de diferentes tamanhos. Num levantamento recente, realizado por um casal ali residente, foram detectadas inúmeras espécies, como pitangueiras, limoeiros, goiabeiras, uma jaqueira com frutos, além de muitas outras árvores não frutíferas, assim como várias herbáceas que são plantas de pequeno porte.
Na pesquisa realizada, pôde-se observar que, do total de árvores existentes naquela via, 37 possuem troncos cujos diâmetros têm medida superior a 0,30m, o que convenhamos é algo bastante significativo para uma cidade como Florianópolis, onde não é habitual encontrarmos vegetação em vias públicas. Ao contrário, salvo raras exceções, o que temos visto é uma carência enorme de áreas verdes e de ruas arborizadas em nosso município. Na via em análise, chama atenção, em alguns pontos específicos, a existência de “pequenas florestas”, guardadas as devidas proporções, é claro.
Instituto Estadual de Educação – umas das importantes Instituições presentes na Avenida Mauro Ramos (Foto: www.iee.sed.gov.br)
Somente no trecho compreendido entre a Rua General Bittencourt e entroncamento das Avenidas Mauro Ramos e Hercílio Luz, foram contabilizadas 96 árvores. Isso por certo se justifica pelo cuidado e interesse que alguns moradores e comerciantes desse trecho da via demonstram por essa questão. Não raro é possível vê-los plantando novas árvores ou regando as existentes, numa demonstração inequívoca de que, quando a comunidade participa e se preocupa com a qualidade de vida de seu entorno, as coisas fluem com muito mais naturalidade, acarretando benefícios para a coletividade.
Árvores de grande porte contrastam com as modernas edificações existentes na Avenida (Foto: Fernando Teixeira)
O exemplo e a dedicação demonstrados por esses abnegados anônimos bem que poderiam servir de referência e se estender para as demais regiões da cidade. Muitas outras vias, principalmente as que se encontram localizadas em áreas mais adensadas do município, por certo necessitam, não só da intervenção do poder público, como também daqueles que nelas residem ou desenvolvem suas atividades. A adoção de praças e canteiros por empresas, uma situação que já faz parte da legislação municipal e que tem como retribuição às organizações isenções fiscais, é algo importante, mas que precisa ser incrementado com atitudes colaborativas de toda a sociedade.
Vista de cima, a Mauro Ramos é um grande tapete verde (Foto Fernando Teixeira)
Tendo a Mauro Ramos como referência, que tal iniciarmos em nossa rua ou condomínio um movimento para tornar nossa cidade mais verde e por consequência mais acolhedora? Que tal ser esse um dos desafios que nos movimentará em 2024? Fica a sugestão!
Este artigo utilizou dados da Pesquisa realizada na Avenida Mauro Ramos por Luiz Roberto Mayr (Arquiteto/Professor) e Fátima Regina Teixeira (Administradora/Professora).
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Sobre o autor
Fernando Teixeira
Formado em Arquitetura e Urbanismo (UFSC), mestre em Geociências e Doutor em Educação Científica e Tecnológica (UFSC), natural de Florianópolis. Atualmente tem se dedicado à fotografia.
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