Rede quer reduzir acidentes de trabalho na capital
Nesta quarta-feira (28/01) será lançada a Rede Vida no Trabalho, uma parceria entre as secretarias municipal e estadual de Saúde e o Ministério Público do Trabalho que pretende reduzir os números de acidentes de trabalho na capital. O evento será às 14 horas no auditório da OAB. Pesquisa do Ministério da Saúde aponta que pelo menos 40% dos atendimentos de acidentes nas duas unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e na emergência do Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, são decorrentes de acidentes de trabalho. Nos últimos 17 anos, houve um aumento de mortes por quedas de edifícios e andaimes.
O projeto deverá reunir outras entidades, direta ou indiretamente ligadas ao tema, com o objetivo de educar e conscientizar tanto trabalhadores quanto empregadores sobre segurança e saúde no ambiente de trabalho. Além da divulgação dos resultados de pesquisas, as ações da rede devem motivar alternativas para ações e campanhas de conscientização. A meta é tirar Florianópolis do topo dos rankings negativos sobre o tema e torná-la exemplo de ações integradas para a redução dos agravos fatais e graves até 2020.
“Apesar de sermos a capital com melhor colocação no ranking do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios), apresentamos sérios problemas de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho. Esse quadro precisa ser revertido”, afirma Leandro Pereira Garcia, diretor de Vigilância em Saúde de Florianópolis.
Outra missão da Rede Vida no Trabalho é cruzar dados e aumentar a confiabilidade dos números. De acordo com o secretário executivo da organização, representante do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Santa Catarina, Maurício Silva, as informações historicamente divulgadas sobre o tema não levam em consideração o mercado de trabalho informal nem os acidentes ocorridos com servidores públicos ou autônomos, por exemplo, pois o INSS só registra acidentes de quem paga Seguro Acidente de Trabalho.
A rede deverá atuar na reunião das informações do INSS, do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), entre outros, para oferecer uma “inteligência” no planejamento de ações.
Números
Em Santa Catarina, dados do INSS apontam um índice 48% superior à média nacional nos afastamentos temporários do trabalho entre 2005 e 2011. Além disso, segundo o IBGE, Santa Catarina ocupa o 1º lugar no ranking nacional do trabalho infantil, na faixa etária de 10 a 17 anos. Algumas doenças relacionadas a atividades econômicas predominantes em Florianópolis, como o setor de serviços são as lesões por esforços repetitivos e os transtornos mentais relacionados ao trabalho. O setor de Saúde, amplamente difundido no município, por sua vez, é responsável por muitos acidentes com risco biológico, como a transmissão do HIV e das Hepatites B e C.
Quanto aos acidentes de trabalho fatais, em Florianópolis, nos últimos 17 anos, houve um aumento de mortes por quedas de edifícios e andaimes. Somente no período de 2009 a 2013, as quedas totalizaram 54% dos acidentes de trabalho fatais. Em Santa Catarina, elas representaram apenas 21% do total.
Da redação