Confiança do varejo aumenta pela quarta vez no ano, mas ainda é menor que em 2023
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) aumentou 2% em relação a março, atingindo 108,1 pontos. No entanto, ao considerar a comparação com o mesmo mês do ano anterior, o ciclo negativo, iniciado ainda em janeiro de 2023, continuou. O indicador de abril de 2024 está 2,9% mais baixo do que há 12 meses. O Icec é apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Ao contrário do observado nos meses anteriores, o maior destaque mensal para os comerciantes foi o aumento da confiança em relação às condições atuais da sua empresa, com crescimento de 6,4% em relação ao mês anterior. “Isso evidencia que os varejistas estão percebendo de maneira mais acentuada os impactos positivos que a economia e o comércio estão exercendo em seus estabelecimentos, indicando uma melhoria significativa do ambiente de negócios”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Com isso, o subindicador de condições atuais continuou sendo a principal influência da confiança do empresário, com aumento de 4,2%.
Confiança do varejo aumenta com crescimento da intenção de consumo
A melhora da confiança do comércio, que teve crescimento de 3,4% no mês, é corroborada pelo avanço do resultado do comércio varejista ampliado, que acelerou 8,2% no acumulado do primeiro bimestre deste ano e vem demonstrando alta da taxa acumulada em 12 meses desde metade do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dando expectativas favoráveis para os próximos meses.
Os resultados favoráveis indicam uma evolução da percepção do setor, assim como observado na avaliação positiva dos consumidores neste mês. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), pesquisa também realizada pela CNC, apontou o primeiro aumento do ano em abril, de 0,4%, principalmente por causa da melhora tanto da expectativa de consumo quanto do acesso ao crédito.
Baixas expectativas
O subindicador que mede as expectativas do empresário foi o que menos subiu no mês – apenas 0,4% – e, inclusive, voltou ao campo negativo na variação anual, com queda de 1,9% após três meses em nível superior aos verificados nos mesmos meses do ano passado. “Ou seja, a incerteza econômica para os próximos meses em relação às medidas fiscais e, consequentemente, aos próximos passos da evolução da taxa de juros já está sendo considerada pelos varejistas nas decisões em relação aos seus negócios”, explica o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.
Segundo Tavares, dados do Banco Central mostraram que a taxa média de juros teve uma redução de 2,3 pontos percentuais, atingindo 18,8% na comparação com fevereiro de 2023, o que ajuda os empresários a ajustar seus fluxos de caixa. No entanto, ele lembra que o saldo da carteira de crédito com recursos livres das pessoas jurídicas recuou pelo segundo mês consecutivo, com queda de 0,3% entre janeiro e fevereiro de 2024. “Ao contrário dos consumidores, os varejistas não estão conseguindo aproveitar os juros mais vantajosos para ajustar os orçamentos das empresas, uma vez que a inadimplência destas permanece acima do nível observado no ano anterior, aumentando de 2,3% para 3,3% entre fevereiro de 2023 e 2024”, avalia Felipe Tavares. Além de menos empréstimos, os estabelecimentos estão com dificuldade de arcar com seus compromissos, mesmo com as taxas de juros mais acessíveis.
Ainda assim, o subindicador que apura as intenções de investimento teve o segundo maior crescimento mensal, de 2,3%, com destaque para a intenção de contratação de funcionários, que aumentou 3,1% no mês. A maior parte dos empresários, 62,9%, pretende aumentar seu quadro de empregados. “Esse é o maior percentual do ano, o que mostra que o mercado de trabalho deve continuar aquecido no comércio”, observa Felipe Tavares.
Vestuário e calçados é o segmento mais confiante
A confiança do empresário do comércio melhorou em abril nos três grupos de lojas do varejo pesquisados. Nas séries com ajuste sazonal, a confiança do comércio de produtos de primeira necessidade (supermercados e farmácias) teve o menor crescimento mensal, de 1,3%. Já o grupo de vestuário, tecidos e calçados aumentou 1,8%, seguido pelo de produtos duráveis (eletroeletrônicos, móveis e decorações), que avançou 1,7%.
A percepção atual do comércio foi o item que mais pesou no crescimento do Icec dos varejistas de bens não duráveis, com alta de 5,1%, sendo que, para os de produtos semiduráveis (roupas e calçados), a expectativa econômica diferenciou-se da análise geral e recuou 0,3%, a única taxa negativa. “Isso demonstra que esse segmento está mais cauteloso por comercializar bens não essenciais e que não sofrem grande influência do efeito positivo da redução dos juros”, explica o economista-chefe da CNC. Já os comerciantes de bens duráveis obtiveram destaque na percepção atual do comércio, com aumento de 4%, mas recuo na análise do momento atual da economia, com queda de 2%, o que explicita como a menor oferta de crédito afeta o otimismo do segmento.
Da redação
Fonte: RCN
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