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Brancos além do trivial


Publicado em 14/10/2012

Gosto muito de vinho branco, apesar de ser um vinho pouco consumido no Brasil, mesmo com o nosso clima e culinária propícios. É um vinho que aprecio em diferentes ocasiões, principalmente com a culinária oriental e de frutos do mar, pelas quais sou apaixonado.

Mas ao contrário dos vinhos tintos, onde encontramos uma enorme gama de uvas, nos brancos a mesmice é regra. É muito raro ver alguém degustar ou indicar algo que não seja da dupla Chardonnay/Sauvignon Blanc. Este é um fato que prestei atenção há algum tempo e tentei diversificar. Hoje, trabalho com mais de 15 variedades de uvas brancas, da mais comum Pinot Grigio às uvas não tão conhecidas Vernaccia e Furmint. Confesso que não é tão fácil introduzir estas uvas ao público, mas assim que são degustados, esses vinhos fazem sucesso.

As ostras da Ilha, sua grande variedade de frutos do mar fresquinhos e a quantidade de restaurantes especializados na culinária oriental trazem literalmente um prato cheio de alternativas para harmonizar e degustar deliciosos vinhos brancos. Também não podemos nos esquecer do nosso verão à beira-mar. Uma das harmonizações mais saborosas com a nossa ostra in natura é o vinho produzido com a uva Melon de Bourgogne, ou Muscadet, no litoral do Vale do Loire, na França. É um vinho que complementa perfeitamente as ostras com seu paladar seco e refrescante, de acidez viva, notas cítricas e com leve mineral.

Em minha visita ao litoral Toscano, durante um almoço com frutos do mar, degustei um refrescante vinho branco produzido ali perto, na região de Bolgheri. Era um SoloSole da uva Vermentino. Esta uva é muito conhecida na Sardenha, mas ali produz um vinho mineral, de acidez crocante e notas de limão com um leve herbáceo mentolado. A Itália é lar de uvas brancas muito típicas, que vale a pena serem conhecidas. Tente um Soave da uva Garganega ou um floral e refrescante Arneis do Piemonte.

Muitos países europeus têm essas uvas autóctones que praticamente só são plantadas em pequenas regiões locais. Portugal tem uma boa variedade delas e os seus brancos estão cada vez mais em alta.

Outra sugestão é a queridinha dos sommeliers americanos, sinônimo de pessoas que estão ligadas e querem se diferenciar: a austríaca Grüner Veltliner, ou chamada carinhosamente de GruVe.

Um branco gastronômico que combina inclusive com os temidos aspargos. Mostra aromas intensos de ervas frescas, pimenta branca e frutas brancas, como nectarina e maçã verde, e também toque de limão, é altamente mineral e possui uma acidez alta, intensamente refrescante.

Talvez a Áustria não tenha sido o primeiro país que veio à cabeça quando pensamos em vinho, mas, por que não tentar e provavelmente se surpreender?


Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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