00:00
21° | Nublado

Verdades sobre a relação entre as vacinas contra a Covid-19 e os efeitos adversos

Foto: Reprodução/Internet

Publicado em 02/07/2021

O mundo da ciência tem visto uma grande variabilidade na incidência de base de potenciais efeitos adversos das vacinas contra a Covid-19. Foram levantadas preocupações com relação à trombose do seio venoso cerebral e à síndrome de trombocitopenia trombótica associadas a vacinas contra a Covid-19 baseadas em adenovírus como vetor (vacina da Fiocruz/AstraZeneca); e em relação ao aparecimento de miocardite associada às vacinas baseadas em mRNA (vacina da Pfizer). 

A definição de uma verdadeira associação entre as vacinas e esses eventos adversos - que já sabemos que são raros -, dependerá de grandes estudos e uma melhor compreensão de sua incidência inicial. Isso com certeza vai ser uma tarefa árdua para os cientistas que trabalham nestas pesquisas.

Um estudo publicado na revista British Medical Journal no mês de junho deste ano, avaliou a incidência anual relativa de 15 eventos adversos pré-especificados de interesse especial (por exemplo, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, trombose venosa profunda, trombocitopenia imune), de 2017 a 2019, usando 13 bancos de dados de 8 países. A população do estudo incluiu mais de 126.000.000 de indivíduos, com mais de 227.000.000 de pessoas-ano de acompanhamento.

A incidência dos 15 eventos adversos estudados foi marcadamente heterogênea dentro e entre os bancos de dados por idade e sexo, e entre diferentes bancos de dados. Por exemplo, a incidência de trombose venosa profunda variou de 20 a 2030 por 100.000 pessoas-ano em meninos de 6 a 17 anos, em comparação com homens de 75 a 84 anos; para mulheres de 65 a 74 anos, a incidência em diferentes bancos de dados variou de 387 a 1.443 por 100.000 pessoas por ano. Nenhum padrão consistente pode ser identificado para explicar a variação acentuada na incidência destes 15 eventos adversos nos bancos de dados analisados.

Estes resultados destacam a dificuldade em determinar se algum desses 15 eventos adversos analisados, ou outros eventos adversos que não foram aqui avaliados neste estudo, poderiam ser verdadeiros efeitos colaterais relacionados a uma determinada vacina contra a Covid-19.

Os autores do estudo destacam a necessidade de estratificar com precisão, por idade e sexo, as populações usadas para definir a incidência de fundo de um determinado evento adverso pesquisado. Além disso, o mesmo banco de dados deve ser usado ao comparar a incidência inicial contra a incidência pós-vacina de tais eventos adversos.

Gostou deste conteúdo? Compartilhe utilizando um dos ícones abaixo!
Pode ser no seu Face, Twitter ou WhatsApp!


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


Ver outros artigos escritos?