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Uma conversa que pode mudar vidas, por dra Amanda Lima

Imagem: Internet/ Reprodução **Clique para ampliar

Publicado em 18/08/2023

Ninguém quer ler sobre. Nem falar. Mas se você ler, talvez possa ajudar alguém que está perto de você. E, talvez, seja só encaminhar este texto. Não é novidade que gosto de atender no consultório e que gosto de conversar com os pacientes. Quem é paciente de dentista acha que dentista não tem tempo para conversar, que você só fica com a boca aberta durante a consulta.

Outros ironizam, contando que dentista tem mania de conversar enquanto o paciente está com a boca aberta. E que fazemos perguntas e entendemos a resposta enquanto você está lá, deitado, com o sugador na boca, assim:

-"e a sua filha, dona Lucinda? Voltou a morar em Floripa?”

-“jddks djdjdlldjshsgss jagra aham."

- "ah que ótimo, ela está morando aqui então."

Sim, mesmo com ironia, reconheço. Nós, dentistas, fazemos isso: perguntamos coisas da vida do paciente enquanto ele está com a boca aberta. Confesso.

Mas voltando ao que comecei, gosto de conversar no consultório. No lado pessoal, não sou uma amiga que gosta de falar ao telefone - nem curtos e nem longos papos. Gosto de papos ao vivo. Gosto de ouvir e de falar, sou curiosa sobre o que a pessoa está fazendo, lendo, assistindo, descobrindo. Nunca me interesso sobre muitos detalhes pessoais, então, como podem ver, não sou boa em fofoca. Mas, se quiser me contar uma novidade, descoberta, novos rumos da vida, eu adoro ouvir.

E ouvir já é um verbo mal executado hoje... certo?

Criei um grupo de WhatsApp para maiores de 60 anos. Meu primeiro intuito foi conectar pacientes. Eu tenho alguns pacientes acima de 90 anos que vão ao consultório para serem avaliados, para arrumarem as próteses, mas muito para... conversar.

Mas ai eles pagam consulta e conversam?

Sim. basicamente querem ser ouvidos.

Mas, ué, Amanda, eles não têm família e nem amigos? Às vezes, sim, mas não querem incomodar, ou querem um terceiro (no caso eu) para ouvir. E muitas vezes é só ouvir.

Uma paciente querida, que tem uns 66 anos, perguntou se podia mandar o link do grupo do WhatsApp (desse grupo que criei) para sua mãe de 92 anos.

- "Amanda, querida, posso mandar o link pra minha mãe entrar?”

- "Claro. Ela vê WhatsApp com frequência?”

- "Sim, todos os dias. Mas, uma pergunta: é um grupo para só ler ou ela pode escrever se ela quiser?”

- "Pode escrever, não será só para ler.”

- "Ah, então melhor. Ela gosta disso.”

Quem sabe o grupo não leve a realizar meus objetivos. Tenho vários com ele: divulgar programação para esta faixa etária, promover encontros, divulgar informações de saúde, cultura e ciência, não abordar notícias cotidianas ruins e nem política (creio que haja mil outros canais para esse tipo de informação) e, claro,  conectar pessoas.

Tirar da solidão? Talvez eu não tenha esse poder. Talvez o WhatsApp também não tenha.

E, talvez, meu alcance não seja longo assim.

Quem sabe eu possa só contribuir para transformar a solidão isolada em uma solidão compartilhada, ou, melhor, que essa solidão, quando dividida, deixe de ser negativa, porque quando dividimos algo que sentimos ou passamos, multiplicamos o acesso de outros nas nossas vidas, e aumentamos a possibilidade de mudança da situação.

O famoso dividir para multiplicar. Compartilhar para alguém poder penetrar. Expor a vulnerabilidade para captar pessoas na mesma situação. Ninguém disse que isso é simples (não é), mas vale tentar.

Quem sabe eu chegarei a fazer um super encontro com os membros do WhatsApp dos maiores de 60 anos de Floripa.

Quem sabe alguém se sinta menos solitário com o que escrevo.

Quem sabe através de alguém que se importa, ou você, você consiga enviar isso para alguém como prova de que se importa.

E quem sabe, talvez, torcendo daqui do meu computador, essa pessoa leia isso, solte um suspiro, reconheça que não fará mal receber informações legais sobre envelhecer, sobre dicas de filmes, sobre o que fazer em Floripa aos finais de semana, e que queira estar em um “local” virtual para compartilhar, e que se sinta menos só.

E quem é que sabe?

Eu ainda não. Mas vou pagar (ou melhor, é grátis) para ver.

Espero que você também acredite nisso. Ou que, enviando este texto, possa mudar a realidade de alguém.

Dra Amanda Lima dentista
@dentistaamandalima

WhatsApp:
 (48) 99982-2617


PS. quero, desde já, deixar um beijo para quem está no meu grupo, e que entrou e permaneceu e segue firme e forte. Já teve até representatividade do grupo em um campeonato de canastra que ocorreu (e que ocorrerá toda semana). Mas ai, essas informações, só entrando pra ver.

 

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Sobre o autor

Amanda Lima

Cirurgiã dentista - Especialista em prótese dentária / Pós graduada em odontogeriatria


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