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Relação entre o nível de glicose no sangue e riscos cardiovasculares e renais

Foto: Reprodução/Internet

Publicado em 13/08/2021

Foi publicado na revista Journal of The American College of Cardiology neste ano de 2021, um estudo que avaliou os riscos de desfechos cardiovasculares e também de desfechos renais, relacionados com o nível da glicose no sangue. As diretrizes de tratamento para pré-diabetes focam primariamente no controle dos níveis da glicose no sangue e no gerenciamento do estilo de vida. Existem até o momento poucas estratégias baseadas em evidências, para reduzir o risco de dano cardiovascular ou de dano renal nesta população pré-diabética.

O objetivo do estudo foi procurar caracterizar a evolução das lesões cardiovasculares e das lesões renais relacionadas com o nível da glicose no sangue. O grupo estudado faz parte do UK Biobank, e não apresenta prevalência de diabetes tipo 1, doença cardiovascular, ou doença renal.

Os participantes foram testados para associação entre os desfechos renais e cardiovasculares, com os níveis de glicose (diabetes tipo 2, pré-diabetes, glicemia normal) e os desfechos avaliados foram doença cardiovascular aterosclerótica, doença renal crônica e insuficiência cardíaca, após ajustes para condições demográficas, estilo de vida e fatores de risco cardiometabólicos.

Foram avaliados 336.709 indivíduos com idade média de 56,3 anos, 55,4% do sexo feminino.  Destes, 46.911 (13,9%) tinham pré-diabetes e 12.717 (3,8%) tinham diabetes tipo 2. Após um acompanhamento médio de 11,1 anos, 6.476 (13,8%) indivíduos com pré-diabetes desenvolveram 1 ou mais desfechos, dos quais somente 802 (12,4%) desenvolveram diabetes tipo 2. Pré-diabetes e diabetes tipo 2 foram independentemente associados com doença cardiovascular aterosclerótica, doença renal crônica e com insuficiência cardíaca.

Comparando com os níveis séricos de hemoglobina glicada, os riscos aumentaram significativamente para doença cardiovascular aterosclerótica quando os níveis de hemoglobina glicada estavam acima de 5,4%, para doença renal crônica quando os níveis de hemoglobina glicada estavam acima de 6,2% e para insuficiência cardíaca quando os níveis de hemoglobina glicada estavam acima de 7,0%.

As conclusões dos autores foram que o estado pré-diabético e o diabetes tipo 2 foram associados com doença cardiovascular aterosclerótica, doença renal crônica e insuficiência cardíaca, mas um grau substancial de risco foi observado através dos níveis de hemoglobina glicada abaixo do limiar definido atualmente para diabetes. Estes achados destacam a necessidade de se desenvolver estratégias de redução de risco através da avaliação do nível da glicose no sangue e da hemoglobina glicada, que pelos resultados, mesmo em níveis mais baixos, já aumentam o risco de desenvolvimento de lesão cardiovascular ou renal.

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Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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