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Os problemas da exposição ao chumbo

(Foto: Divulgação)

Publicado em 28/03/2018

Um estudo publicado neste mês na revista Lancet Public Health mostrou que aproximadamente 400 mil mortes a cada ano nos Estados Unidos estão relacionadas a exposição ao chumbo, fazendo com que isso concorra lado a lado com o uso do cigarro - um dos fatores de risco cardiovascular que mais mata em todo o mundo. Estimativas em estudos prévios de mortalidade por exposição ao chumbo mostravam taxas 10 vezes menores do que essa.

A exposição ao chumbo é um fator de risco para mortalidade por doença cardiovascular, mas o número de mortes nos Estados Unidos atribuível à exposição ao chumbo, até o momento não havia sido definido claramente. Os autores do estudo tentaram quantificar a contribuição relativa da exposição ao chumbo no meio ambiente, para mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença cardiovascular, e mortalidade por doença cardíaca isquêmica.

Utilizando o banco de dados do Third National Health and Nutrition Examination Survey, os pesquisadores examinaram os níveis sanguíneos de chumbo em 14.289 adultos entre 1988 e 1994, e acompanharam o grupo durante uma média de 19 anos. Após um ajuste de múltiplas variáveis, os níveis sanguíneos basais de chumbo no percentil 90 (6.7 µg/dL), foram associados com riscos elevados para mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença cardiovascular e mortalidade por doença cardíaca isquêmica, quando comparados com níveis no percentil 10 (1.0 µg/dL).

Se os níveis sanguíneos de chumbo daquelas pessoas no percentil 90, fossem reduzidos para 1.0 µg/dL ou menos, os pesquisadores calculam que a taxa de mortalidade por todas as causas poderia cair 18% (ou 412.000 mortes anualmente), mortes por doença cardiovascular poderiam cair 29% (256.000 mortes), e mortes por doença cardíaca isquêmica 37% (185.000 mortes).

A conclusão dos autores é que um baixo nível de exposição ambiental ao chumbo é um importante mas largamente ignorado fator de risco para mortalidade por doença cardiovascular nos Estados Unidos. Além disso, eles enfatizam que uma boa estratégia para prevenir mortes por doença cardiovascular deve incluir esforços para reduzir a exposição ao chumbo.

Estes dados são recentes, e no Brasil não existem ainda dados próprios para demonstrar esse fator de risco. Todavia estudos futuros devem ser desenhados aqui no país, para examinar a morbidade e mortalidade cardiovascular e por todas as causas, relacionadas com exposição ambiental ao chumbo. Este estudo vem mostrar que devemos a partir de agora ficar atentos para a avaliação dos níveis sanguíneos de chumbo nas pessoas adultas.

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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