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Foi publicado na revista Lancet em agosto, um estudo que avaliou a situação atual das pessoas hospitalizadas um ano atrás por Covid-19. Toda a gama de consequências a longo prazo para a saúde desses pacientes ainda não é bem conhecida. O objetivo do estudo foi fazer uma comparação de forma abrangente das consequências entre 6 meses e 12 meses após o início dos sintomas, entre os pacientes que receberam alta hospitalar com diagnóstico de internação por Covid-19.

Foi feito um estudo de coorte ambidirecional de sobreviventes de Covid-19 que receberam alta do Hospital Jin Yin-tan (Wuhan, China), entre 7 de janeiro e 29 de maio de 2020. Uma visita de seguimento destes pacientes foi realizada nos períodos entre 6 e de 12 meses após a alta hospitalar.

Os pacientes foram entrevistados e responderam questionários sobre os sintomas atuais e sobre a qualidade de vida atual relacionada com a saúde. Eles foram submetidos a exame físico, um teste de caminhada de 6 minutos e exames laboratoriais. Foram também solicitados a relatar os hábitos de cuidados de saúde após a alta hospitalar e a situação no trabalho, na visita de 12 meses. Aqueles que tinham completado testes de função pulmonar ou tinham anormalidades radiológicas pulmonares na visita de 6 meses, foram submetidos a novos testes correspondentes na visita de 12 meses.

Foi também avaliado um grupo de controle, formado por participantes que não tiveram Covid-19, e foram relacionados por grupos de acordo com a idade, sexo e comorbidades, para comparação com o grupo Covid-19. O grupo controle foi submetido aos mesmos questionários nas entrevistas, para avaliação dos sintomas atuais e qualidade de vida com relação à saúde.

Os desfechos primários para a avaliação dos resultados foram sintomas, escore modificado British Medical Research Council (mMRC), e a distância de caminhada em 6 minutos. Modelos de regressão logística multivariada ajustada foram usados para avaliar os fatores de risco dos desfechos de 12 meses.

Os pacientes sobreviventes de Covid-19 completaram as visitas de 6 e de 12 meses. A idade média dos pacientes foi 59 anos e 681 (53%) eram homens. A proporção de pacientes com pelo menos um sintoma de sequela, diminuiu de 68%, em 6 meses, para 49%, em 12 meses.

A proporção de pacientes com queixa de falta de ar aumentou levemente de 26%, em 6 meses, para 30% em 12 meses. Adicionalmente, mais pacientes tinham ansiedade ou depressão na visita de 12 meses (26%), contra a visita de 6 meses (23%). No teste de caminhada de 6 minutos, não houve diferença na avaliação de 6 meses e 12 meses. Com relação aos pacientes que eram empregados antes da doença, 88% haviam retornado ao seu trabalho original na visita de 12 meses. Na comparação do grupo Covid-19 e grupo controle, em 12 meses, o grupo Covid-19 apresentou mais problemas com mobilidade, dor ou desconforto, e ansiedade ou depressão, e tinha mais sintomas prevalentes do que as pessoas do grupo controle.

A interpretação dos autores na conclusão do estudo foi que a maioria dos pacientes com Covid-19 teve uma boa recuperação física e funcional após um ano de acompanhamento e havia retornado para o seu trabalho original e para a vida. O estado geral de saúde da coorte Covid-19 em 12 meses, era ainda um pouco pior do que no grupo controle.

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