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ESTATINAS: O QUE DEVEMOS SABER SOBRE ELAS

Ao reduzir a produção de colesterol pelo fígado, as estatinas desaceleram a formação de novas placas nas artérias e podem causar regressão das já existentes

Publicado em 19/02/2015

O que são estatinas e como elas funcionam? Estatinas são uma classe de medicamentos que diminuem o nível de colesterol no sangue, por reduzir a produção de colesterol no fígado. A outra fonte de colesterol sanguíneo é a que vem da nossa dieta. As estatinas bloqueiam no fígado a enzima que é responsável pela fabricação do colesterol. Cientificamente elas são chamadas de inibidores da enzima HMG-CoA reductase. O indivíduo que toma estatina irá inibir a produção de colesterol no fígado e, se ele fizer uma dieta pobre em colesterol, conseguirá reduzir significativamente o nível de colesterol no sangue.

O que faz o colesterol no nosso organismo? Ele é essencial para o funcionamento de cada célula do nosso corpo. Contudo, ele também contribui para o desenvolvimento da aterosclerose, uma condição na qual há uma formação de placas de gorduras contendo colesterol na parede das artérias. Estas placas quando aumentam significativamente de volume, causam redução do fluxo de sangue para os tecidos que elas irrigam. O endotélio, membrana que reveste a parede interna dessas placas, pode romper-se a qualquer momento, mesmo quando elas ainda são pequenas. A ruptura dessa membrana causa a formação de um coágulo que obstrui a luz da artéria, causando interrupção do fluxo de sangue no local. Ao reduzir a produção de colesterol pelo fígado, as estatinas desaceleram a formação de novas placas nas artérias e, ocasionalmente, podem causar regressão das já existentes.
 

Além disso, através de mecanismos que não são bem conhecidos, as estatinas podem causar a estabilização destas placas e diminuir a tendência à ruptura do endotélio e ao desenvolvimento de coágulos.

O importante papel do colesterol no desenvolvimento da aterosclerose é largamente aceito pela comunidade científica mundial. Pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a redução agressiva do colesterol no sangue é mais benéfica do que reduções mais modestas. Contudo, a aterosclerose é um processo muito complexo que envolve mais do que apenas o colesterol. Por exemplo, cientistas descobriram que a inflamação nas paredes das artérias pode ser um importante fator no desenvolvimento da aterosclerose. Além de baixar o nível de colesterol sanguíneo, as estatinas podem reduzir a inflamação, o que poderia ser um outro mecanismo pelo qual elas atuam beneficamente na aterosclerose. A redução da inflamação não depende da capacidade das estatinas de baixar o colesterol, já que mesmo nos indivíduos que não mostraram queda significativa, estudos mostram redução da aterosclerose. Além do mais, estes efeitos anti-inflamatórios podem ser observados tão cedo quanto duas semanas após o início da estatina.

 

 

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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