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Está tudo bem não estar bem, por Amanda Lima

Foto: Internet/ Reprodução **Clique para ampliar

Publicado em 24/11/2023

Qual é o seu escape quando o “tudo bem” não está tudo bem?

No consultório, a dentista – no caso eu- consigo observar alguns indícios de que algo esteja fora do normal: dentes desgastados, quebrando, lascando, ou quando o paciente aparece com marcas na língua ou por dentro da boca, são indícios que indicam um provável apertamento dos dentes (bruxismo).

Alguma tensão? Alguma sobrecarga sendo vivida? Algum problema sendo internalizado e somatizado? Pode ser. 

Assim como quando alguém pergunta pra você na rua: “tudo bem?” e você responde um uníssono e afirmativo “ tudo bem!!!”. 

Mas aí, você sabe que esse tudo bem é no modo automático e na superfície, porque lá dentro e nem tão profundo assim, já não está tudo bem. 

E tudo bem. 

Tudo bem não se estar bem todo o tempo. 
Tudo bem não viver frustrado perseguindo um ideal de felicidade que muitas vezes não existe. 
Tudo bem estarmos por vezes vulneráveis e reflexivos. 
Tudo bem.

Mas onde você vai, o que você faz, quem você busca quando você não está bem? 

É uma música alta no carro voltando do trabalho ou em casa sozinho? 
É uma ligação para aquele amigo/amiga quando as coisas apertam? 
É um momento sozinho, você com você mesma, que você mentaliza ou reza ou medita ou se concentra para refletir o que está acontecendo? 
É uma ida ao terapeuta? 
É uma caminhada? 
É colocar o pé na areia? 
É sair para beber algo com um amigo para colocar o papo em dia (e as aflições também)? 

No consultório eu geralmente pergunto isso: "Tudo bem? Quanto tempo! Me conta de ti."

E a resposta por vezes vem: "não, não está tudo bem. Aconteceu isso, aquilo… "

Aí você pode pensar: “ah, mas provavelmente o paciente se abriu porque já tinha intimidade com a doutora”. 

Não, nem sempre. 

Aliás, as últimas vezes ocorreram com pacientes novos ou recentes. 

Passamos tanto tempo no modo automático - e respondendo “sim, está tudo bem”, que à vezes, quando alguém de fora da sua bolha, alguém novo, diferente, questiona, num tom diferente de voz, olhando nos olhos e interessado na resposta, que a resposta vem com um desabafo, um piano que sai das costas por alguém estar dividindo algo, contando, confidenciando alguma coisa.

E está tudo bem. 
Se não está, vai ficar. 
E é nisso que temos que acreditar. Né ? 

Fique bem. 
Dra Amanda Lima

@dentistaamandalima


 

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Sobre o autor

Amanda Lima

Cirurgiã dentista - Especialista em prótese dentária / Pós graduada em odontogeriatria


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