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Cigarro eletrônico é usado por 'estar na moda' ou 'por curiosidade', afirma pesquisa
Na contramão do argumento de que o cigarro eletrônico seria utilizado como redução de danos, apenas 3% afirmam que optaram pelo dispositivo para parar de fumar o cigarro convencional

Cigarro eletrônico vem estimulando a curiosidade de novos usuários, principalmente os mais jovens (Foto: Internet/ Reprodução) **Clique para ampliar

Publicado em 22/09/2023

Apesar de ter venda e propaganda proibidas no Brasil, o cigarro eletrônico vem estimulando a curiosidade de novos usuários, principalmente os mais jovens. É o que mostra o Covitel 2023, Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia, desenvolvido pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a partir da articulação e financiamento da Umane. De acordo com o levantamento, 20,5% das pessoas que usam ou já experimentaram o cigarro eletrônico o fizeram por curiosidade, enquanto outros 11,6% dizem que já fumaram ou fumam porque está na moda.

Embora um argumento recorrente a favor dos cigarros eletrônicos seja a redução de danos, com a afirmação de que eles têm como principal função substituir os cigarros convencionais no caso de adultos fumantes, o Covitel traz dados inéditos sobre as motivações para usar cigarro eletrônico que mostram um cenário diferente: 3% optaram pelo dispositivo eletrônico para parar de fumar o cigarro convencional e 1% por acreditarem que o cigarro convencional faz menos mal do que o cigarro industrializado.

Consumo entre jovens

Quando falamos de dispositivos eletrônicos de fumar, o público jovem é o mais atraído pela novidade. A faixa etária que mais tem contato com o cigarro eletrônico é a dos jovens adultos. Dos brasileiros com idades entre 18 e 24 anos: 17,3% já usaram pelo menos uma vez, mas não usa mais; 6,1% usam, mas não diariamente; 0,5% usam diariamente.

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Para efeito de comparação, quando se fala do uso de cigarro eletrônico em relação à população brasileira adulta geral, 5,7% já usaram alguma vez na vida, mas não usam mais, 2% usam, mas não diariamente, e 0,3% usam diariamente.

Da parcela da população brasileira que já usou ou usa cigarro eletrônico, 37,7% experimentaram o dispositivo quando tinham entre 18 e 24 anos de idade. Ainda mais alarmante é o fato de que 19,2% das pessoas, que já usaram pelo menos uma vez na vida o cigarro eletrônico, experimentaram o produto com 17 anos ou menos. Ou seja, quase 60% das pessoas que já usaram ou usam o dispositivo tiveram seu primeiro contato com ele antes dos 24 anos. 36,1% experimentaram na faixa entre 25 e 34 e os outros 7% fumaram pela primeira vez depois dos 35 anos.   

“Se levarmos em consideração que o cigarro eletrônico foi lançado em 2003 e não chegou imediatamente ao Brasil, a tendência de experimentação na adolescência poderia ser ainda maior do que os 19,2%, pois grande parte da população que já usou o dispositivo já era mais velha quando o produto chegou, ilegalmente, no país e não tiveram o risco de ser fisgados ainda mais jovens”, explica Fernando C. Wehrmeister, professor da UFPel.

Fiscalização e comércio ilegal

O Covitel também buscou traçar um raio x do comércio dos cigarros eletrônicos no país e identificar onde os usuários mais estão tendo acesso ao produto e driblando a legislação que proíbe a venda dos dispositivos no Brasil. Considerando o momento em que o entrevistado usou o cigarro eletrônico pela última vez, 37,5% disseram que compraram seu próprio dispositivo, sendo que, entre os que compraram, 53,3% compraram em lojas físicas e 29,9% pela Internet.

Outra estratégia da indústria que tem driblado a legislação brasileira é achar um caminho para fazer marketing dos produtos online, em um cenário em que propagandas e anúncios desse tipo de dispositivo são proibidas no país – 33,3% dos brasileiros já teriam sido impactados por algum tipo de propaganda de cigarros eletrônicos na internet ou nas redes sociais.

Luciana Vasconcelos Sardinha, da Vital Strategies, chama atenção para a falta de fiscalização no universo online, sobretudo nas redes sociais, onde não é difícil achar perfis focados na venda desse produto fazendo comentários com anúncios em posts de festas ou influenciadores digitais estimulando o uso. “É preciso que o Brasil invista em sistemas que rastreiem o marketing online de tabaco. Há experiências internacionais exitosas nesse sentido, como o Movimento de Denúncia e Fiscalização do Tabaco (Term, na sigla em inglês) que atua em países como Índia, Indonésia e México. As evidências geradas por ele são compartilhadas regularmente com ministérios da saúde, oficiais de controle do tabagismo, acadêmicos e jornalistas, contribuindo com a fiscalização”, exemplifica.

Tabagismo no Brasil

Para além do cigarro eletrônico, o Covitel também levantou outras informações sobre o tabagismo no Brasil. O inquérito identificou que 11,8% da população brasileira é tabagista, o que inclui usuários de cigarros convencionais, de palha, de papel, charuto e cachimbo. Quando comparado com o Covitel 2022, não houve queda na porcentagem de fumantes na população, mostrando que a prevalência tem se mantido estável, diferente de um histórico persistente de queda dos últimos anos.

“O Brasil é um país referência em políticas de controle de tabaco e muitos avanços foram registrados nas últimas décadas, mas os esforços não podem parar ou teremos retrocessos. Hoje temos um problema que é o fato de o cigarro convencional estar muito barato. É o segundo mais barato da região das Américas, uma vez que não há reajuste real de preço desde 2016”, explica Luciana Sardinha, Gerente Sênior de DCNT da Vital Strategies.

Ela reforça que estratégias, como a inclusão do imposto seletivo (que incide sobre produtos que fazem mal a saúde, como o tabaco) na nova Reforma Tributária, são fundamentais: "O imposto aumenta o preço e esse aumento é uma estratégia comprovada de desincentivo ao consumo. O preço do cigarro precisa voltar a aumentar e essa arrecadação deve ser destinada a ações de prevenção de uso e cessação do fumo, além de custear parte dos custos de tratamento das doenças relacionadas ao tabagismo”.

Da redação

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