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A hemoglobina glicada e sua relação com aterosclerose subclínica em pessoas sem diabetes

Foto: Reprodução

Publicado em 04/06/2021

Foi publicado recentemente na revista Journal of the American College of Cardiology, um interessante estudo que avaliou a relação entre o nível da hemoglobina glicada no sangue e a presença de aterosclerose subclínica nas pessoas sem diabetes.

A dosagem da hemoglobina glicada nos dá uma ideia aproximada da média da glicose no sangue (glicose sérica) durante os últimos 3 meses. A medida da glicose sérica fornece um dado registrado naquele exato momento em que foi colhido o sangue, mas o nível da glicose varia significativamente durante o dia e tem íntima relação com o estado de jejum ou pós-prandial.

Considerando isso, a medida da hemoglobina glicada, por refletir uma média da glicemia, acaba sendo uma medida mais eficaz na análise do estado glicêmico de cada pessoa. Como é um dado utilizado somente em um período mais recente, ainda não existem muitos estudos correlacionando o nível da hemoglobina glicada no sangue, com complicações que possam ocorrer no nosso organismo.

Os danos metabólicos causados pela hemoglobina glicada elevada no nosso organismo, ainda não são levados em conta na maioria dos escores de risco utilizados na medicina.

O objetivo desse estudo, segundo os autores, foi avaliar a associação entre o nível de hemoglobina glicada e a extensão da aterosclerose subclínica, e ainda para melhor identificar os indivíduos em alto risco de desenvolver aterosclerose subclínica extensa, utilizando o nível sérico da hemoglobina glicada como um dos fatores de risco cardiovascular.

Uma coorte de 3973 indivíduos de meia idade, sem história de doença cardiovascular e com o nível de hemoglobina glicada no sangue dentro da faixa considerada não diabética, foi avaliada para a presença e extensão de aterosclerose subclínica através de ultrassom vascular bidimensional, e tomografia computadorizada cardíaca não contrastada.

Após ajustes estatísticos, o nível de hemoglobina glicada no sangue mostrou uma associação com a extensão multiterritorial de aterosclerose subclínica e um risco elevado de forma linear, conforme o nível da hemoglobina glicada sérica. Quanto maior o nível da hemoglobina glicada, maior foi o risco de desenvolvimento de aterosclerose subclínica. A associação foi significativa em todos os grupos pré-diabéticos e também nos grupos com níveis normais de hemoglobina glicada, abaixo do que é considerado pré-diabetes.

Os autores do estudo concluíram que o uso rotineiro de hemoglobina glicada sérica nas análises de risco cardiovascular, pode identificar indivíduos assintomáticos em alto risco de desenvolver aterosclerose subclínica. As intervenções nas mudanças do estilo de vida e nas novas medicações antidiabéticas que têm sido lançadas recentemente, podem ser consideradas para reduzir o nível de hemoglobina glicada no sangue e, consequentemente, reduzir o risco de aterosclerose subclínica nos indivíduos sem diabetes.

Para conferir o estudo, clique AQUI.

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Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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