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UM OLHAR PARA O FUTURO
Com foco na humanização do Morro do Mocotó, projeto tem parceria público-privada e reúne cerca de 100 voluntários

Autoridades e voluntários se unem por um objetivo: levar beleza à comunidade do Morro do Mocotó

Publicado em 17/12/2014

O muito que tem se falado sobre parcerias público-privadas, em geral, diz respeito às relações econômicas de infraestrutura. Em Florianópolis esta realidade é outra. Um novo conceito integrando Ong e setor privado, com o apoio do poder público, pode estar criando um resgate de cidadania em locais antes degradados e até fadados ao esquecimento. O projeto Mocotó Cor, uma iniciativa do Instituto Vilson Groh (IVG) e Koerich Imóveis, é exemplo disso. A ação, em sua segunda etapa no dia 29 de novembro, reuniu uma centena de colaboradores e voluntários no Morro do Mocotó, localizado no Maciço do Morro da Cruz, região central de Florianópolis, que nessa edição foi integrada ao projeto Prefeitura no Bairro. A ação anima os moradores como Sirma Fernandes: “é uma alegria ver a comunidade ganhar uma nova cara”.

Todos os voluntários estiveram juntos pela mesma causa: melhorar a situação dos moradores do Morro do Mocotó. O grupo liderado pelo padre Vilson Groh e o diretor superintendente da Koerich Imóveis e diretor administrativo do IVG, Walter Silva Koerich, contou com trabalhadores de obras da Koerich Imóveis, empresários, amigos, publicitários, advogados, juiz corregedor, o prefeito Cezar Souza Jr e titulares das secretarias, com a participação da Comcap – responsável pela limpeza e instalação de lixeiras plásticas ao longo do morro –, e Floram, que fez o plantio de árvores e mudas.

A subida ao Mocotó iniciou pontualmente às 8 horas, já que o tempo de permanência no morro estava previsto para quatro horas. Todos equipados com camisetas e bonés que estampavam a logomarca do projeto, apoiado também pelas Tintas Renner, responsável pela doação das tintas que coloriram as casas. No mesmo dia, aconteceu a entrega da revitalização do playground para a criançada, no topo do Morro da Queimada, comunidade vizinha.

O grupo é liderado pelo padre Vilson Groh e o diretor superintendente da Koerich Imóveis e diretor administrativo do IVG, Walter Silva Koerich

Ética e estética

O projeto Mocotó Cor é um sonho antigo da equipe da Associação dos Amigos da Casa de Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (ACAM) e está alinhada a um dos princípios da organização: “Ética e estética”. “A ideia é levar beleza à comunidade através da pintura das casas, resgatando assim a autoestima dos moradores”, destaca o padre Vilson. O objetivo, segundo ele, é trabalhar a interface entre o Centro e a periferia, “uma maneira de não naturalizar a desigualdade social”, destaca. O critério de escolha é privilegiar as moradias das crianças que fazem parte da ACAM. Ao todo, são 95 casas que irão receber as tintas até o final do projeto. A terceira etapa acontece no final de fevereiro, com a presença da Celesc, que levará soluções para os problemas de cabeamento da região.

O trabalho dos voluntários é destinado às famílias onde nas casas existem idosos, mulheres grávidas ou pessoas doentes e que não conseguem fazer o trabalho. Nas demais a pintura deve ser feita pelos próprios moradores, que receberam treinamento e materiais necessários para executá-la. “A participação de todos é fundamental. Notamos a potência que o poder público e as instituições parceiras têm, e o otimismo da comunidade facilita ainda mais o processo”, destaca Walter Silva Koerich.

A presença, como voluntário, do presidente da OAB/SC, Tullo Cavallazzi Filho, trouxe a certeza de um envolvimento real da entidade com o projeto. “Todas as instituições devem assumir sua parte na colaboração social. Não basta esperar que o poder público faça tudo. A OAB/SC está se engajando no projeto Mocotó Cor não só com apoio jurídico às associações, mas também pretende trazer um pouco de calor humano com sua participação”, disse.

A ACAM

A Associação dos Amigos da Casa de Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (ACAM) é um dos projetos do Instituto Vilson Groh (IVG) que atende 190 crianças e adolescentes da comunidade no contra turno escolar, oferecendo atividades de reforço, quadra de esportes e sala de informática equipada com 20 computadores. As ações da ACAM são orientadas por irmãs-voluntárias que trabalham no IVG.

Prefeitura no Bairro

Pela primeira vez desde que foi criado, o projeto Prefeitura no Bairro atendeu nesse dia moradores de três comunidades: Morro do Mocotó, Jagatá e Queimada, todas no Maciço do Morro da Cruz. O prefeito e seu secretariado ouviram moradores, que levaram críticas, sugestões e reivindicações. Dentre as principais demandas, a coleta e destinação do lixo e o déficit habitacional histórico nas comunidades. "Estamos trabalhando com bastante energia, em conjunto com os governos estadual e federal, para enfrentar os desafios e melhorar a vida de quem mora em todas as comunidades da Ilha e do Continente", afirmou o prefeito.


Sobre o autor

Hermann Byron

Diretor geral do Imagem da Ilha, amante da boa comida e colunista de gastronomia do jornal.


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