Imagem da Ilha

O governador de Goiás, Marconi Perillo, foi buscar patrocínios privados de R$ 2 milhões para bancar a vinda de Paul McCartney (foto) a seu Estado, em maio. Trazer o cantor a SC, em maio do ano passado, foi bem mais fácil: o otário do contribuinte ajudou com R$ 800 mil e quem quis vê-lo pagou ingressos por preços escorchantes.

O grande banquete

A Apparicio Torelly (1895-1971), o “Barão de Itararé, um dos maiores jornalistas do Brasil, é atribuída à célebre frase : “Ou se restaura a modalidade ou nos locupletemos todos”, para sintetizar seu sentimento com o cinismo das elites deste país. Cabe evocá-la diante da perturbadora informação de que o Tribunal de Justiça de SC vai pagar auxílio-alimentação de R$ 900 mensais dos últimos 56 meses para 450 magistrados, numa conta de R$ 23 milhões. Em dezembro eles passaram a ganhar R$ 4,3 mil mensais de auxílio-moradia. Só falta criar agora o auxílio-berço de ouro, porque alguns se acham predestinados a gozar de privilégios (à custa dos outros) desde o nascimento. São legais? Talvez, mas são, sobretudo, imorais.

Cargos comissionados

Se o governo de SC se orgulha em dizer que está entre as cinco administrações estaduais brasileiras que menos têm cargos comissionados (apenas 1.596, ou 1,8% de um universo de 134.645), no Judiciário barriga verde a realidade é inversa. Tem muito aspone. Seu Portal da Transparência diz que em 2012 (informação mais recente), tinha 5.568 servidores efetivos e que, em 2011, contava com 2.102 cargos em comissão ou gratificação – ou seja, o equivalente a 37,75% dos concursados. Em 2011 tinha, dentre os 2.102 cargos comissionados, 720 não concursados – ou seja, o equivalente a 34,25% e 12,93% sobre toda a força de trabalho que fez concurso para ingressar no serviço público.

Cabide

Em várias das 36 secretarias regionais o secretário não tem feito outra coisa que não seja apartar desavenças entre grupos partidários, que ali, verdadeiramente, desfrutam as delícias do que se chama cabide de emprego. Enquanto os interesses públicos ficam em segundo plano, a prioridade dos chefes é tentar alcançar um mínimo de paz entre os funcionários assíduos, que honram e dignificam sua categoria, e os apadrinhados políticos, que nunca aparecem no serviço e debocham de todos.

Prejuízo repetido

Há sempre uma desculpa que leva o contribuinte e consumidor catarinense, que é seu dono, em última análise, a se perguntar: quando a Celesc vai dar lucro? A última informação é que a estatal agora acumula prejuízo de R$ 260 milhões. Ela atribui parte da culpa, mais uma vez, ao último dos trocentos programas de demissão voluntária.

Estamos perdidos

Quando um ministro, como o dos Transportes, César Borges, tem que vir a público dizer que as licitações do setor “serão sérias”, o que quer dizer? O que aconteceu até agora na duplicação da BR-101 em SC e a maracutaia do pedágio no trecho já duplicado explica tudo.

A perereca

A licença ambiental para pavimentação da estrada da Serra do Faxinal, que tornará possível ir de Araranguá a Canela em uma hora e meia, atrasou por causa de uma espécie de perereca. Por causa do tal anuro anfíbio, que não é espécie em extinção, a obra vai custar R$ 17 milhões a mais. É a conta de dois elevados para elas passarem por baixo. Intolerável.

Atraso

O plenário da Assembleia Legislativa aprovou as contas do governo do Estado referentes ao exercício de 2009. Tinham mais de 20 ressalvas. Nada aconteceu e nada acontecerá.

Fumaça branca

O governo estadual anunciará dia 30 de junho deste ano um modelo – dentre pelo menos 20 já apresentados - para implantação de um sistema integrado de transportes na região metropolitana da Capital. Como se vê, o congestionamento é, também, de boas intenções, aparentemente. Mas de bem-intencionados o inferno está cheio.

Ilhas no governo

Quando o governador Raimundo Colombo pede, com ênfase, quase que em tom de apelo, empenho de todos os secretários para execução do Pacto por Santa Catarina, revela, sem querer, que entre seus correligionários mais próximos há os que estão se empenhando menos do que deveriam. São reflexos das “ilhas de governo”, como qualificou o ex-supersecretário Ubiratan Rezende para explicar que, como o governo está todo fatiado por partidos, cada um se dá autonomia para fazer o que quer.

Palanque

Explica-se porque a classe política do sul catarinense está tão empenhada em fazer com que o carvão mineral volte a fazer parte da matriz energética do governo federal. Até um passado recente eram os mineradores (empresários) que direta ou indiretamente mandavam na política regional e até estadual, elegendo deputados estaduais, federais, governadores e senadores. Quando não eles mesmos entraram na política.

Geração de vadios

Não é um despropósito se dizer que o programa Bolsa Família tem algumas distorções que criam, Brasil afora, uma geração de vadios. Um exemplo está na região serrana catarinense: grande parte das atuais 8 mil ofertas de emprego temporário na colheita da maçã fica vazia. É que boa parte das quase 10 mil famílias cadastradas pelo programas na região evitam a formalização porque, quando vão trabalhar, o benefício é suspenso.

Recorde de Ideli

Se ficar no cargo até dia 15 deste mês – e nada há que indique algo contrário - Ideli Salvatti passa a ser a ministra com mais tempo no comando da Secretaria de Relações Institucionais na era petista (governos Lula e Dilma). Ultrapassa em um dia o detentor do recorde anterior, o atual ministro do TCU, José Múcio, que ficou no cargo 672 dias.

Passado

Sob omissão ou indiferença tanto das autoridades estaduais em educação como dos diretores de escolas, está virando coisa do passado a presença dos outrora vibrantes grêmios estudantis, que tinham assento nos conselhos em que se definiam importantes assuntos nos colégios públicos. Agora, alunos batem nos professores como chutam uma bola....

Distorções

O cargo é de prefeito, mas o salário é de governador. Dos mais ricos aos mais pobres, essa é a realidade em diversos municípios brasileiros. O jornal “O Globo” listou vários prefeitos que ganham mais que governadores. É o caso de Rolf Nicolodelli (PMDB), de Pomerode, no Vale do Itajaí, que recebe R$ 18 mil. É mais que os R$ 14.895 do governador do Ceará, Cid Gomes.

Inimigo íntimo

Tudo indica que, a exemplo da cúpula nacional do partido, com egos e mais egos, o PSDB de SC só sabe fazer oposição a si próprio. É canibal, no momento, a disputa pelo comando do diretório estadual.

Contas

Os experts da Secretaria Estadual da Fazenda já fizeram uma conta preliminar: se os Estados padronizarem as alíquotas de ICMS, conforme prevê a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 1/13), em tramitação no Senado, as perdas de SC podem bater a casa dos R$ 2 bilhões por ano.

Faz diferença

A estudante florianopolitana Isadora Faber, que virou celebridade da Internet após criar o “Diário de Classe”, uma página no Facebook, foi a vencedora do Prêmio Faz Diferença, do jornal “O Globo”. Em SC a menina só faltou, ainda, ser presa.

Assalto

Foi milionário um assalto ocorrido há poucos dias em uma cobertura central em Florianópolis. Um casal bem vestido chegou tranquilamente e com suas próprias chaves entrou e foi direto ao cofre da residência, levando tudo o que havia em jóias e dinheiro, muito dinheiro (dólares e euros). Não houve registro de boletim de ocorrência.

Matinê

Não são só as trocentas novas exigências em segurança que afligem as casas noturnas. Em Florianópolis há outro flagelo: um absurdo projeto de lei, em tramitação na Câmara, quer limita até às 3 horas da manhã seu horário de funcionamento.

Diferenças

Interessante a conclusão do secretário da Segurança Pública, Cesar Grubba, para o sucesso do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que em 15 anos está prestes a atingir a marca de 1 milhão de alunos em seus cursos. Diz que o fato de ser apresentado nas escolas por um agente do Estado, fardado, armado com recursos pedagógicos, “cria na criança a salutar diferenciação entre o bem e o mal, a lei e a desordem, a polícia e o bandido”. É verdade