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A paixão pelos vinhos pegou Eduardo Araújo de jeito. Então estudante de Educação Física, lá em 2004, ele recebeu um convite para trabalhar com algo que era novo pra ele, e nem sequer ele gostava, os vinhos. “.Eu comecei a estudar pra saber vender, para falar as palavras e os termos certos sobre a bebida, e o bichinho me pegou!”, conta.

Os conhecimentos sobre história, geografia e toda a questão social envolvida na produção dos vinhos encantaram Eduardo, que começou lá atrás a sua trajetória profissional na área. A partir desse primeiro trabalho, foram surgindo os próximos: ele trabalhou por 7 anos para a vinícola Miolo, de Bento Gonçalves (RS), e, paralelamente, em 2007, fundou com seu pai, Fernando Araújo, a Santa Adega, em Florianópolis, distribuidora dos rótulos da Miolo e de outros produtores. 

Os anos passaram e a vontade de aprender sobre o universo da enologia aumentava. Foi nesse mesmo ano que Eduardo buscou no Senac sua primeira formação como sommelier e se encantou ainda mais com tudo que estava vivenciando. “Notei que eu precisava acelerar, pois tinham poucas pessoas no Brasil com esse tipo de certificação”, conta. Então começou a procurar por especializações no exterior e foi na Califórnia, nos Estados Unidos, onde já havia morado antes, que ele encontrou o curso para a maior certificação de sommelier do mundo, chamado “Court of Masters Sommelier”, onde cursou o primeiro e o segundo nível.

Aproveitou que estava por lá para participar do curso de sommelier profissional pela Professional Culinary Institute, e também de um outro curso profissionalizante em Napa Valley, região vinícola mais famosa da Califórnia.

Além de sócio do The Wine Pub, Eduardo está à frente da Cellar vinhos, importadora que tem um portifólio nichado e artesanal de pequenos produtores
 

Em seu retorno a Florianópolis, em 2010, com alguns certificados na bagagem, ele não parou mais de participar de cursos na área por aqui também e sentiu a necessidade de compartilhar todo o seu conhecimento. Foi então que montou a Escola do Vinho, anexa à Santa Adega. Em paralelo, elaborava cartas de vinhos e fazia treinamentos para vários restaurantes da região. “Nessa época eu comecei a receber certo reconhecimento nacional e a ser chamado para viagens e eventos”, lembra.

Nessa mesma fase, buscou mais uma certificação internacional, da Wset, na Escola Eno Cultura, em São Paulo. Os cursos da Wset são a principal referência mundial de educação em vinhos e destilados. Eduardo finalizou os quatro níveis da certificação, sendo um dos poucos brasileiros a conquistá-la. O empenho do sommelier lhe rendeu o convite para ministrar aulas no curso de sommelier profissional na Missão Sommelier, aqui em Florianópolis, e também nos cursos ISG e Wset da Eno Cultura.

O fechamento da Santa Adega

Após anos vivendo experiências através de cursos e visitas in loco em vinícolas do mundo todo, uma nova ideia surgiu. Foi quando, em 2016, Eduardo e Fernando venderam a Santa Adega para se entregarem a um novo negócio: um wine bar, ideia que Eduardo trouxe da Califórnia. “Esse era o meu sonho, os wine bars me ajudavam muito a estudar sobre os vinhos, pois eu bebia vinho em taça, em doses, servidas em wine stations podia conhecer diversos rótulos, diversas uvas, e eu achava isso sensacional”, conta.

Foi ainda na Santa Adega que foi instalada a primeira wine station, uma novidade aqui na Capital, mas que, segundo Eduardo, não deu certo.

Parceria entre pai e filho

A relação estreita entre Eduardo e Fernando proporcionou que as mudanças que ocorreram ao longo dos anos não afetasse a harmonia entre eles e o otimismo para seguir em frente e tentar algo novo. De acordo com Fernando, Eduardo é o gênio do negócio. “O Eduardo é a mente que ilumina as decisões da curadoria, e eu cuido da parte operacional. Todo o meu trabalho não existiria se não fosse o trabalho que ele faz, que deixa tudo mais fácil. Ele apresenta os melhores vinhos do mundo de uma maneira simples, fácil, orgânica, natural”, elogia.

Negócio pioneiro

A ideia de servir vinho em taça através de uma máquina foi pioneira no Brasil, e foi o grande projeto do The Wine Pub, aberto em 2017. “A ideia é desmistificar os vinhos. O vinho pode ser tomado em qualquer hora, qualquer dia e em qualquer local. Ele é uma cultura, parte da alimentação em vários países da Europa, e eu queria trazer isso pra cá”, lembra.

O The Wine Pub virou o primeiro wine bar com wine station no sul do Brasil, e atualmente é uma franquia que está em sua quarta loja. “A proposta é uma curadoria de vinhos do mundo, com uvas diferentes, sair da mesmice dos mesmos rótulos, trabalhar com criatividade”, explica Eduardo.

Além de sócio do The Wine Pub, Eduardo também está à frente da Cellar vinhos, importadora que tem um portifólio nichado e artesanal de pequenos produtores.

Tecnologia tem um limite

Mesmo atento às novidades tecnológicas da área, Eduardo se diz adepto da naturalidade. “Essas coisas de muitos gadgets, aparelhos, decantador, eletrônicos, eu não uso. Claro que a venda de vinhos em dosagens em wine stations foi uma das últimas tecnologias e mais importantes, junto com o coravin, quando a gente injeta um gás (argônio) inerte dentro da garrafa sem precisar abri-la. Isso permite que degustemos vinhos diferentes e em vez de abrir uma garrafa inteira, tomarmos a quantidade que quisermos”, conta.

Porém, de acordo com ele, as coisas que mais o atraem são as vivências desde a produção das uvas, os vinhos naturais, orgânicos, as pessoas envolvidas no processo. “A tecnologia é excepcional por proporcionar às pessoas beberem vinhos diferentes em taça, mas, ao mesmo tempo, eu gosto de humanizar o negócio”, finaliza.
 

Em 2019, ele foi eleito "Melhor sommelier do ano" pela revista Prazeres da Mesa

 

Texto escrito por Gabriela Morateli dos Santos

Fernando Araújo também foi nosso Personagem da Semana.
Confira AQUI a história desse empreendedor otimista!
 

Da redação

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