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Coluna Urbano Salles - 1ª quinzena de Maio/2020

A empresária Karla Silva com o marido Tiago e o filho Arthur (Foto: Arquivo pessoal)

Publicado em 08/05/2020

O outro lado da quarentena

O distanciamento social impoē sacrifícios para todos, mas, em contrapartida, cria oportunidades para novas e gratificantes experiências dentro da segurança dos lares.

Confira depoimentos de como as pessoas estão usando o tempo disponível para fazer coisas boas e inspiradoras:

"A quarentena é um sonho que eu tinha! Sempre quis ter esse tempo, me dar esse presente. Mas não me considero de férias, porém com tempo para realizar as coisas com mais calma. Na primeira semana da quarentena, sem saber, já estávamos infectados com o coronavírus, então foi uma semana de cama. Na segunda tirei para organizar a casa e aprender a cozinhar e lavar roupas, e na terceira voltei à rotina quase que normal de trabalhos. Já meu marido tem trabalhado mais que nunca, pois como consultor financeiro foi chamado por várias empresas para alavancar os negócios. E em comum para todos aqui é a maior convivência em família. Uma grande oportunidade para nós como pais e o Arthur, nosso bebê lindo". (Karla Silva, empresária)

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"O Julio aprendeu que ele pode sim se dar o direito de ficar em casa escutando música, lendo um livro ou curtindo um filme até tarde na TV. E temos feito isso juntos. Julio tem pesquisado sobre tendências de cabelo e tudo que envolve o assunto. Como ele diz: "quero voltar tinindo" rsrs... Enfim, estamos curtindo a família fisicamente ou virtualmente, passando mais tempo com nossas "peludas" (gatinhas) e aprendendo com essa quarentena a importância do amor, do companheirismo, da paciência e da aceitação"  (Simone do Rocio Moreira de Leon, fotógrafa e maquiadora, mulher do coiffeur Julio de Leon)

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"Para mim a quarentena não está sendo tediosa. Claro, sob o ponto de vista dos acontecimentos ela é uma catástrofe, que nos deixa tristes. Eu já não sou de frequentar a noite... Gosto de ficar em casa, por isso esse recolhimento não está fugindo muito à minha rotina. Fico brincando com as crianças, fazendo minhas leituras, estudando. Como não estão havendo audiências, já vou revisando os processos e preparando os julgamentos que terei daqui a alguns meses. Para mim, está sendo prazeroso" (Claudio Gastão da Rosa Filho, advogado criminalista)

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"Moro com meus dois sobrinhos, mas agora eles estão com os pais. Tenho visto bastante TV. Fujo de programas sensacionalistas! Prefiro programas educativos no YouTube e Netflix. Também tenho lido e estudado artes. No começo da pandemia, pedalava na garagem do condomínio, que é bem grande. Depois, comecei a ir no super e na farmácia, sempre de luvas e máscara". (Zezeca Pereira, curador de arte)

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"Estou aproveitando esse momento para me (re)conectar e (re)lembrar o que realmente é importante, qual meu propósito e aonde quero chegar. Além do trabalho home office com vista para o mar, o que me traz uma paz muito grande, tenho buscado nesses dias novos conhecimentos, novas leituras, cursos online, além de me entreter na cozinha assistindo a lives de música. A humanidade precisava dessa pausa, tenho fé que sairemos desse momento muito melhores, dando valores às pequenas coisas, com mais empatia ao próximo”. (Joana Laura Deucher da Rocha, arquiteta)

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"Aqui no Estúdio Cruzeta a gente tem procurado focar em questões que, mesmo tendo em mente, não tinha tempo por conta do trabalho do dia a dia. Eu e meu sócio Tomás conseguimos repensar, ter um olhar mais calmo... A gente criou a loja online como alternativa para vender neste período. Fora os negócios, tenho aproveitado para ler e cozinhar". (Tiago Escher, designer de móveis em madeira)

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"Esporte nunca foi minha praia. Sempre estive mais próximo dos livros, dos jornais e do rádio. Um dia, ainda estudante do Catarinense, resolvi ser dono de uma "agência de notícias". Na verdade, toda a estrutura era formada por mim e uma heroica Remington, disputando espaço na garagem com um Ford 51. Deu certo? Bem, consegui vender uma reportagem de um naufrágio em Imbituba. A agência acabou em seguida, mas meu home office ficou vivo fazendo jornal de bairro e assemelhados. Por isso, estou acostumado a trabalhar em casa. Postura profissional, nada de chinelos e ataques furtivos à geladeira. Até a hora de brincar com TinTin e Brisa segue protocolos. Esses recreios incluem diariamente os contatos online com a família. Claro, sinto falta do neto puxando a longa barba branca do vovô. Mas para ter esse carinho a gente fecha os olhos e sonha". (Emílio Cerri, consultor de comunicação e jornalista)

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"Quando a situação começou a se complicar voltamos às pressas para o Brasil, interrompendo nossa viagem ao Taiti. Mudamos radicalmente nossa rotina. Eu e o Renato fomos para nossa casa de praia, onde estamos isolados. Passamos a acordar bem cedo, organizar as coisas, limpar... Tem sido uma vida nova! Agora, já não consigo usar sapatos, muito menos minhas roupas. Passo o dia todo de biquíni! Para o jantar, levo até a bolsa... Cada dia a mesa fica num lugar diferente, criando a ideia de que saímos. Além disso, temos sempre convidados (Alok, Ivete, Rick Martin e outros). WhatsApp, muito pouco, só com alguns amigos. O mais difícil é a saudade!" (Lúcia Prazeres, produtora de festas e eventos).

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"Estou fazendo algo que pratico muito no meu trabalho, que é transformador e traz mais leveza e praticidade para nossas vidas: a "revitalização do closet”. Costumo dividir em quatro partes: 1) as peças para doação (incrível como podemos ajudar o outro!) 2) as peças para ressignificar (separar para ajustes, de forma que fiquem do seu jeitinho, usar de outras formas. Não jogue roupa fora só porque não usou por um determinado tempo) 3) as peças que irão permanecer (as que te deixam feliz e trazem uma sensação boa) 4) a organização: cada coisa no seu lugar. Organize a disposição por itens e cores. Gosto muito de padronizar os cabides.(dessa forma fica mais fácil de visualizar), deixando um centímetro de distância para cada. Tire uma tarde só para isso, abra um vinho e coloque a música que você ama!" (Antony Bascherott, consultor de imagem e estilo)
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"Nesta quarentena aprendi a dar mais valor ao ser humano e às coisas. Tenho cozinhado, jogado e visto muitos filmes. Sei o que está acontecendo com o mundo e conosco que fazemos parte dele... Tudo vai mudar muito. Nada será como antes!" (Carmen Capella, leiloeira)

 


Sobre o autor

Urbano Salles

Jornalista de Florianópolis, colunista do Imagem da Ilha.


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