Produção dos espaços: a alma do lugar
A última etapa de um projeto de arquitetura e design de interiores, a produção com obras de arte e objetos decorativos, não é habilidade comum, exige um olhar sensível para aquilo que deve ser mostrado como identidade de vida
O que encanta na elaboração de uma morada ou projeto comercial é o que transmite um toque de personalidade e história. Produzir espaços, a camada final de um projeto de interiores, e saber trabalhar as informações e emoções na metragem, e transmitir a alma do lugar.
Do elenco catarinense com ambientes em exposição na mostra que ocorre até este domingo, 23, no The Spot One, em Balneário Camboriú, os arranjos revelam a destreza em combinar elementos, matérias-primas e pontos de apreciação, causando excessos ou não, tudo depende das mãos que organizam e equilibram os adornos.
Os designers Jairo Lopes e Doug Monteiro, do Klaxon Estúdio de Design, abusaram - no bom sentido da palavra - dos recursos para oferecer uma experiência acolhedora na Sala de Leitura, a livraria oficial desta edição.
Sala de Leitura traz ar de casa para a livraria oficial da mostra catarinense
"Acreditamos ser essa a camada que vai trazer o algo a mais a um espaço, vai trazer a emoção, as memórias, vai ser aquele fator que faz alguém gostar tanto de um espaço sem ao menos saber exatamente o motivo. Para isso devemos ter a sensibilidade de captar o que é emocionalmente importante para o cliente. O que mexe com ele, uma cor, uma textura, um objeto, algo que emociona. Livros, obras, objetos, itens que o levem para um local especial. A lista é grande nessa questão", comentam os profissionais.
Para a dupla, o papel deles no desenho do projeto de interiores é bem claro. "Não pode ser uma coletânea do que o que o profissional gosta, tem que ser do gosto do cliente. Na disposição devemos observar a harmonia entre as peças, uma altura variada para não se transformar em algo monótono. Um certo cuidado com as cores. Se forem muito neutras, por exemplo, talvez precise de um toque de uma outra cor para quebrar essa mesmice. Já um ambiente colorido deve ter o cuidado para que haja um diálogo entre as cores, elas precisam se comunicar para que crie harmonia. Peças de valor sentimental devem ter um espaço relevante no espaço, elas não devem ficar escondidas, aquilo tem muito valor para quem vive no espaço. O que vale mesmo é lançar mão do bom senso e do sentido harmônico", defendem.
Cabana 16 por Deca aposta na produção para imprimir personalidade ao lar
Conhecidos também pelo primor na produção, os Juniors do Studio CASAdesign, reforçam o repertório de anos de estrada que os levaram a ocupar lugar de referência na cena da arquitetura nacional. A Cabana 16 por DECA equilibra os tons da madeira acastanhado com a lâmina branca, que destaca a função dos espaços como cozinha e banheiro. O compilado de objetos e obras garimpados nas lojas Casas com Alma, Galeria Cosmos e Pangea, costuram uma proposta praiana chic, que poderia estar em qualquer lugar do mapa, inclusive no litoral catarinense.
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"A produção é a essência do projeto antes da entrega da obra. Mesmo sendo a última etapa do projeto, ela é a principal, pois escreve, interpreta, traduz e dá sinais da sua intenção. Ela pode tanto derrubar um projeto como engrandecê-lo, nada vai adiantar se eu não tiver ciência de onde a criação partiu até chegar na produção", comenta Moacir Schmitt.
A sensibilidade do olhar, a clareza do objetivo do projeto são norteadores para a escolha das principais peças que vão compor o espaço. Segundo o designer, daí vem a seleção das obras secundárias que complementam o mood. "A arte sempre vem em primeiro lugar. Quando você concebe o projeto já fica claro o que você pretende para o ambiente, você sabe a dimensão em termos de largura e altura, a necessidade de um aparador. Estabelecer as peças focais ajuda no resultado final", explica.
Tudo vai depender do conceito desejado, seja minimalista ou maximalista, as peças destaques devem ganhar protagonismo alinhadas a um bom projeto de iluminação. "Na Cabana 16 por DECA temos um certo maximalismo. Carregamos a composição na estante, mesa de centro lateral, para traduzir o artesanal, as texturas, a coexistência de várias culturas em harmonia. Temos que cuidar com as intenções. Por exemplo, a mesa de centro sempre reserva uma produção especial, uma cristaleira com muitas louças para não se transformar num móvel banal. Uma estante precisa exibir os livros colecionados no decorrer da vida", arremata Moacir.
Para não errar na mão, o designer compartilha dicas preciosas para administrar as informações. Criar os pontos focais e eleger os principais elementos do mobiliário que merecem uma produção mais detalhada. As paredes que vão receber as obras de arte, os objetos coadjuvantes para complementar a composição. "Eu encaro a produção como uma orquestra que precisa tocar no mesmo ritmo", sintetiza o designer.
Dicas de Moacir Schmitt para arrasar na produção
- Escolha as principais paredes para colocar as obras de arte, capriche no projeto de iluminação que dará destaque aos trabalhos;
- Liste os objetos protagonistas, que vão complementar a proposta;
- Organize os itens adjacentes, ou coadjuvantes, como livros e pequenos objetos;
- A tapeçaria é tão importante como uma obra de arte. Fundamental para delimitar o ambiente, ela também é base e textura para o que virá posteriormente, imprimindo cor, equilíbrio e harmonia;
- Na Cabana 16 a aposta é nos materiais naturais, artesanato, feitos à mão em conversa com peças mais arrojadas nos materiais, funcionais como revestimentos. O mármore conversa com a palha, o industrializado dialoga com o artefato artesanal que transmite a essência do lugar, a alma do espaço.
Da redação
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