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Casa Yugen transita da filosofia à arte

Fotos do espaço: Denilson Machado . MCA Estudio

Publicado em 11/08/2021

Yugen, um importante conceito da estética tradicional japonesa, é expressão de profundidade, do que não pode ser traduzido, do incompreensível e do abstrato que transita da filosofia à arte. Através da contraposição da sombra com os intervalos de luz que produzem as janelas e a superfície iluminada da cozinha, através da paisagem oculta que eventualmente se revela, Casa Yugen, projetada pelo arquiteto Gabriel Bordin, faz um convite não verbal ao espaço em que se pode vislumbrar a beleza do mistério do universo e de nossa condição humana. 

A parede curva do hall de entrada, com seu formato e tonalidade, cria no lado côncavo um “plano” infinito, que oculta a paisagem. Transitar pelo hall e ver as esculturas do estúdio Lopomo posicionadas quase de forma cronológica, convida a apreciar um pouco do mistério, do contraste, de paisagem que se revela aos poucos.

A parede também, quando vista de dentro do ambiente cria um eixo de centro que desenrola a área social sem quinas, de forma orgânica. O espelho d’água diante das longas janelas, reflete os macro bonsais que parecem flutuar e o céu do dia. A textura e a luz natural variam de forma muito marcada, criando uma nova paisagem com texturas de sol e de água ao longo dos dias.

Em todos os cantos da planta em ‘L’ os espaços interagem. A forma inusitada como foi posicionada a poltrona Ramona de André Gippi, se comunica com a sala de estar, enquanto a sala se abre para a antessala e a cozinha/sala de jantar. As paredes escuras que abraçam o ambiente emolduram as janelas iluminadas, o quadro de Rubens Oestroem, a cozinha, os móveis, a decoração, o chão e o teto, o céu e a terra. O claro-escuro como forma de brincar com o conceito, em que elementos se evidenciam, se ocultam e mimetizam nas superfícies, de forma que brinca com o protagonismo das peças; na sala de estar o sofá e a mesa de centro se fundem ao tapete que se funde ao chão.

A estante escura, como fica composta, faz mimica do horizonte da parede oposta, com livros virados, saberes ocultos, e a água que também se faz presente no bar e na obra ‘Ponta do Coral I’ de Alessandro Gruetzmacher. As linhas que ladeiam as janelas se repetem ao longo do ambiente, aparece também na estante e no armário da cozinha. Elementos verticais que funcionam como guias visuais ao longo da Casa Yugen.

A falsa seringueira, proporcionalmente grande para um espaço interno, funciona como marco físico e visual entre estar e cozinha. A escolha das vegetações em formato grande também brinca com as escalas. Num conceito sempre adotado pelo arquiteto em que o meio natural e o construído, as plantas com a vista da janela, a luz natural e a das luminárias devem se enriquecer mutuamente.

A cozinha, com um plano de fundo purista off White e branco, com a iluminação da prateleira translúcida, evoca a luz das janelas que não possui. Esta é pontuada com a ilha Quartzo Nilo, orgânica e escura como um monolito que foi apropriado pela casa e toma uma função. Nela estão a cuba e escorredor deca que parecem ter sido esculpidos no volume. Sobre a aplicação dos produtos deca: Por seu desenho mais escultórico, as torneiras de parede para lavatório assinadas por Jader Almeida, são ideais para movimenta água do espelho d'água na entrada do espaço.

Aplicadas sobre uma superfície de ardósia, parecem nascer da parede como elementos naturais. Na cozinha a cuba da linha Deca Wish e a calha organizadora instaladas na ilha de mármore, contrastam com as linhas orgânicas da bancada e parecem ter sido esculpidas no monolito de mármore Nilo. A bica You (bica de mesa para cozinha 1290.C99 / Deca You) e o acionamento da mesma linha ao centro da bancada pontuam com leveza o massivo volume. A curva da bica faz alusão ao desenho da parede longilínea e curva do espaço.

Gabriel Bordin (Crédito: Lucy Hallack)

Da redação  
 

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