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Arquitetura nômade na “Casa Vou de Rosa”
Juliana Loffi apresenta ambiente cheio de significados na CASACOR SC

Na casa modular de 80 metros quadrados, arquiteta expressa um pouco da vivência e dos sentimentos que afloraram durante as duas vezes que enfrentou o câncer (Foto: Fabio Jr. Severo) **Clique para ampliar

Publicado em 05/10/2022

Na terceira participação na CASACOR SC, a arquiteta Juliana Loffi, de Tubarão, é ainda mais ousada. Para a edição 2022 a profissional materializa a “Casa Vou de Rosa”, uma arquitetura conceito e com muitos significados, inspirada na própria experiência de vida. A proposta faz total conexão com o “Infinito Particular”, tema que surge para estimular a criatividade nos projetos deste ano, nas mostras pelo Brasil.

Na casa modular de 80 metros quadrados, que abriga todos os cômodos necessários, construída no pátio da CASACOR SC Florianópolis, Juliana expressa na arquitetura um pouco da vivência e dos sentimentos que afloraram durante as duas vezes que enfrentou o câncer, nos últimos 10 anos.

“Como este ano a mostra ocorre em outubro, mês da campanha do Outubro Rosa - de conscientização sobre o câncer de mama -, pensei em compartilhar, a partir do meu trabalho, uma arquitetura atual, com foco na individualidade de cada pessoa. Lidar com a doença me fez refletir muito sobre isso e foi fundamental no meu processo de cura”, ressalta.

A casa, construída em estrutura de aço, ganhou placas modulares de gesso internamente e placas cimentícias do lado de fora. São materiais para construções leves. Fibras de lã de rocha e de polipropileno garantem o isolamento térmico e acústico. Em vez da solda, que é muito comum nestas obras, a profissional optou por um sistema de encaixe e parafusos. Ou seja, mais prática de montar e também desmontar. Desde a fundação, fechamentos à instalação de elétrica, hidráulica e acabamentos foram 15 dias de trabalho, na prática. A ideia, segundo a autora do projeto, é apresentar ao público uma solução de arquitetura nômade, renovável, que se adapte ao estilo de vida do morar contemporâneo, evitando o mínimo de descarte e desperdício. 

“Aqui queremos mostrar uma casa modular que pode ser reaproveitada depois do evento. Esta deve ser a essência da arquitetura nos dias atuais, que permite mudar de um lugar para outro, totalmente adaptável. É a evolução do morar. Pode estar na cidade, na praia, no campo. A casa muda com o morador”, destaca a arquiteta.

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Uma casa rosa

A construção da casa no pátio da edificação centenária que abrigou a Escola Silveira de Souza, local da CASACOR SC Florianópolis em 2022, atrai olhares já pela cor, que remete à campanha do Outubro Rosa e levanta a bandeira pelo cuidado da mulher. Para Juliana Loffi, a cor revela o estado de espírito que a vida, muitas vezes, desperta nas pessoas. O projeto “Vou de Rosa”, iniciativa criada pela arquiteta com o objetivo de ajudar instituições que atuam no tratamento do câncer, é muito marcante. Para comunicar este sentimento, ela pintou o exterior do imóvel de rosa e fez surgir a então “Casa Vou de Rosa”. “A cor rosa do lado de fora já comunica que o visitante está entrando em um espaço diferente, e que ele pode esperar algo de novo dentro do ambiente”, pontua.

Para criar as ambientações de interiores, a profissional explorou uma decoração que evidencia o reúso da materialidade. Juliana fugiu do comum a partir de soluções versáteis e fluidas. A mesa de jantar, por exemplo, foi composta com um sofá para que as pessoas fiquem mais à vontade. Os móveis e os revestimentos fazem uma conexão entre interior e exterior. As portas translúcidas criam uma atmosfera com efeitos únicos em horários diferentes do dia, ao refletir tanto a luz do sol quanto a luz artificial. Os closets foram substituídos por peças abertas, sem muitas caixas e armários. Este modelo foi pensado justamente reforçando o conceito de uma casa nômade, por ser uma solução fácil de levar numa possível mudança.

Aliás, durante a mostra, a arquiteta lança uma coleção de mobiliário, desenhada por ela. As peças enaltecem linhas orgânicas e de usos flexíveis, como uma bancada de maquiagem, uma mesa de jantar acompanhada de um sofá, um bar, uma mesa de cabeceira, uma cama, um carrinho de chá, um closet articulado e prateleiras. 

"A coleção foi desenvolvida no momento em que estava internada no hospital em tratamento do câncer. Em vez de escrever, o que fez mais sentido foi a criação das peças. Pensei em tudo que poderia ajudar a elevar a minha autoestima. No que poderia ajudar a criar bons momentos, como olhar no espelho, colocar uma roupa legal, receber os amigos", explica.

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Quando se trabalha com uma casa, literalmente, montada, como se fosse um lego, a arquitetura ganha um salto, na opinião da arquiteta. Isso porque o morador pode levar o seu ninho na “bagagem”. Muda de cidade, de lugar, mas a casa vai junto, com as mesmas características e com o mínimo de desperdício. “É uma arquitetura que estimula a sensação de pertencimento do lugar que habitamos, que tem a nossa identidade”, finaliza Juliana Loffi.

Da redação

 

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