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Premiações de vinhos: dá pra confiar?

(Foto: Divulgação)

Publicado em 04/10/2016

Listas e mais listas, o mundo está cheio delas. Cem melhores vinhos de tal lugar na revista X; Top 10 Feira Y; Os Melhores da Degustação em tal lugar; Medalha de Ouro no Concurso Mundial de qualquer país. São inúmeras maneiras de tentar qualificar e vender seu vinho. Acho até que existe um grande exagero na quantidade de prêmios, o que reflete na cabeça do consumidor que não sabe em qual confiar.

Lembro a primeira vez, há alguns anos, que perguntei como funcionavam esses prêmios, e me responderam que é como um ‘Campeonato Brasileiro de Futebol’, tem muito ‘Campeão Brasileiro’, alguns da Série A, outros da Série D, mas ambos podem ser chamados ‘Campeões Brasileiros’.  Outros fatores que confundem são as tais medalhas de ouro. Essas medalhas não são como o pódio da Olimpíada, pode ter dezenas de vinhos que se classificam com uma avaliação equivalente ao ouro. Confusão total.

Existem empresas que conseguem fazer um marketing muito intenso de premiações sem importância para vender seus vinhos, tanto que, infelizmente, recebo até hoje consumidores perguntando de um espanhol que foi ‘o melhor do mundo’ e que ganhou de vinhos muito mais caros. Esqueça disso! Tem até premiação que soma todos os pontos obtidos em todas as competições mundiais e no final faz um TOP 100, ou seja, quem participa mais, fica na frente.

Poucos dias atrás participei de uma avaliação muito eficiente, uma avaliação pessoal às cegas de doze vinhos completamente diferentes em preços e estilos. Nessa avaliação, sem o menor preconceito, pude observar que faixa de preço meu paladar mais gostou e que estilo de vinho estava nesse padrão. Foi uma ótima surpresa, ainda mais que estava cercado de bons sommeliers. Como sempre um vinho nacional se mostrou longevo e surpreendeu a todos, um Miolo Reserva Cabernet Sauvignon da grande safra 2005, que aguentou perfeitamente esses 11 anos e foi o destaque no meio de vinhos até cinco vezes mais caros. Outros destaques ficaram com os franceses da Borgonha, sempre clássicos.

Como quero continuar a consumir vinhos que cabem no bolso, deixo uma lista justamente na coluna em que critico as listas, fica a dica para alguns vinhos deliciosos até R$ 50: Dunamis Tom Rosé e Miolo Reserva Tempranillo, da Campanha Gaúcha; Suzin Alecrim Sauvignon Blanc, de São Joaquim; Muros de Vinha Tinto e Branco, do Douro; Ventisquero Reserva Pinot Noir, do Vale de Casablanca, Chile; Poggio della Quercia Rubicone, Sangiovese, Itália. São todos vinhos muito frutados e perfeitos para a meia estação. Aproveitem!

 

 


Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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