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Para adoçar a vida
Vinhos de sobremesa perfeitos para acompanhar ricas sobremesas e contrastar com alguns alimentos salgados ou amargos


Publicado em 14/11/2012

Se o vinho branco no Brasil, apesar do crescimento, ainda está longe de ser o preferido dos consumidores, o que podemos falar da categoria dos chamados “vinhos de sobremesa”? Entram neste meio principalmente os fortificados, colheita tardia, icewines e os vinhos produzidos com colheita tardia, mas afetados pelo fungo da botrytis cinérea, ou podridão nobre. Este leque produz uma enorme variedade de estilos e opções, sempre trazendo a doçura natural da uva em destaque, mantendo o vinho doce e licoroso, perfeito para acompanhar ricas sobremesas e contrastar com alguns alimentos salgados e/ou amargos, como foie gras e queijos azuis.

Lógico que o leque de harmonização é muito mais amplo e depende do estilo do vinho. O vinho do Porto, que utiliza um processo de fortificação através da adição de aguardente vínica a fim de interromper a fermentação, manter o açúcar residual da uva e aumentar a graduação alcoólica é, talvez, o exemplar mais conhecido e combina muito bem com queijos azuis que recebem a característica principal pelo fungo presente. Além disso, os vinhos do Porto da família Tawny, mais envelhecidos, acompanham bem chocolates meio amargos e até mesmo amargos, dividindo essa harmonização com um vinho clássico do sul da França chamado Banyuls.

Os respeitados vinhos produzidos em regiões úmidas em que a uva é deixada no pé por mais tempo e são atacadas pelo fungo da podridão nobre, ressecando e aumentando os precursores aromáticos, são acompanhamentos perfeitos para foie gras e sobremesas à base de frutas secas e em calda. Os principais exemplares são o Sauternes, na região de Bordeaux, e o histórico Tokaji, da Hungria, um preferido pessoal que consegue equilibrar uma dosagem incrível de açúcar com uma acidez estonteante, um verdadeiro e imperdível néctar.

Próximo a este estilo entra o Icewine, muito produzido nas regiões geladas do Canadá e Alemanha, onde a uva é deixada passificar e ainda sofre a influência do rigoroso inverno, sendo colhida a temperaturas abaixo de zero, congeladas. Sem a influência da neve, e mais típico de regiões secas, está o Late Harvest, ou simplesmente Colheita Tardia, produzido em grande quantidade na maior parte das regiões do mundo, inclusive no Brasil. A uva é deixada no pé secando e concentrando açúcar, diminuindo a acidez e a quantidade de água. O vinho resultante é doce, mas menos intenso que os exemplos acima citados, podendo harmonizar com frutas e sobremesas cítricas.

Pouco conhecidos e degustados esses estilos precisam ser oferecidos e abertos para prova, pois são muito saborosos. Além disso, sugiro uma outra opção de consumo, pois além de acompanharem sobremesas e, muitas vezes, de tão intensos, serem a própria sobremesa, podem harmonizar perfeitamente com pratos da culinária oriental, como indiana e japonesa, principalmente as que levam um toque a mais de temperos picantes. Experimente!


Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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