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Mães preferem vinhos tintos, doces ou rosés?
Excepcionalmente hoje, trazemos a coluna do jornalista e sommelier João Lombardo, especial para o Dia das Mães

Como minha mãe, conheço muitas mães que não abrem mão de um copo de vinho nos festejos, seja ele seco ou um pouco mais docinho (Fotos: Divulgação) **Clique para ampliar

Publicado em 12/05/2023

Mães e vinhos

Minha mãe não abria mão de um cálice de vinho nos dias festivos. Mas não gostava de vinho seco. Quando ia visitá-la, sempre levava umas duas garrafas de vinho para tomar com os pratos deliciosos que ela fazia. Ela, claro, não abria mão de um copinho. Mas gostava de vinho um pouco mais doce. Por isso, sempre levava também uma garrafa de um vinho meio seco ou suave para brindarmos. Fizemos isso no último Dia das Mães em que passamos juntos. Como ela, conheço muitas mães que não abrem mão de um copo de vinho nos festejos, seja ele seco ou um pouco mais docinho. É uma questão de gosto.

Vinho e culinária

Minha mãe era uma excelente cozinheira. Meus primeiros passos na cozinha foram dados com ela, aos 11 anos de idade. O vinho das refeições era garantido pelo meu pai. Todo ano ele fazia uma pequena produção de vinhos com uvas americanas, basicamente Niágara. A cozinha da casa era grande, tinha formato em “L” e havia duas mesas no ambiente. Uma delas era a das refeições. A outra, um grande tavolo sobre o qual meu pai trabalhava seu vinho e minha mãe preparava seus bolos e massas.

Esmagávamos as uvas com as mãos em pequenas tinas de madeira, cobríamos com panos de sacaria branca e deixávamos que os fungos presentes no ar e nas peles das uvas fizessem o trabalho da fermentação. Depois era só filtrar o mosto e engarrafar o vinho. Além da rolha, os vinhos eram também vedados com cera de abelha. Em toda safra havia um bom número de garrafas com vinho mais doce, para minha mãe.

Um mundo novo

Permiti-me essa breve lembrança por dois motivos: primeiro porque domingo próximo é Dia das Mães e essa é uma pequena homenagem que presto à minha, já falecida. Segundo, para dizer que o mundo já foi mais simples, sem tantas opiniões ou afirmações sobre o que é bom ou o que é ruim. No passado as pessoas faziam, intramuros, aquilo que lhes dava prazer e alegria. Comer bolinho de chuva, tomar um vinho suave sem culpa.

Hoje, com a entrada das redes sociais nas vidas das pessoas, muitas opiniões referentes ao consumo de vinhos passaram a circular pela rede. Os vinhos finos, principalmente os secos, são seguramente os mais citados. Conheço pessoas que têm um certo receio de dizer que gostam de vinhos meio secos e suaves. Receio de ouvir que vinho suave não é bom.

Novos hábitos

Os tempos mudaram. As mães passaram a beber mais vinho e muitas juntaram-se em confrarias para aumentar seus conhecimentos sobre a bebida. E passaram a provar os vários estilos, definindo o seu próprio em meio à diversidade atual.

Regina Essenburg, da Essen Vinhos, é testemunha desta mudança de hábito. “O perfil de consumo das mães e avós mudou bastante”, comenta. “Quando se fala em mãe, normalmente se pensa naquela senhorinha que gosta de vinho doce. Ainda tem. Mas, entre as mães mais jovens, o vinho rosé é campeão”, revela Regina. Vinhos brancos e tintos secos também estão entre as preferências do público feminino. “Mas muitas gostam de vinhos macios”. Essa maciez pode ser trazida por um toque de açúcar residual da própria uva.

Sucesso inesperado

Regina conta que a Casa Valduga tem uma linha de vinhos chamada Naturelle, composta por vinhos suaves. Essa linha é um fenômeno nacional de vendas. Isto surpreendeu a própria Valduga. São brancos, rosés e tintos frescos, além de um Reserva Meio Seco feito com as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot e Marselan. “Apesar do açúcar residual, esse vinho não parece doce. É macio no paladar. Atribuo isso ao equilíbrio na elaboração”, complementa Regina.

Quando um vinho meio seco ou suave é bem feito e a doçura vem do próprio açúcar residual da uva - e não da adição de açúcar de cana – isso não compromete a qualidade do vinho. O mundo está tomando mais vinho meio seco, é fato. Eles são amigáveis ao paladar. A diferença entre o meio seco e o suave é o teor de açúcar residual. Para conhecimento, o vinho seco tem até 4g de açúcar residual por litro. O meio seco tem açúcar residual de 4,1 g a 25 g por litro. E o suave, açúcar residual acima de 25g por litro.

Portanto, que as mães brindem com bons vinhos o seu dia, sejam eles secos, suaves ou doces. Lembro com saudade a felicidade estampada no rosto de minha mãe ao tomar uma taça de vinho suave. O importante é que as pessoas bebam o que gostem e fiquem felizes. É isso. Feliz Dia das Mães!

Provei dois vinhos, um no estilo meio seco. Divido com vocês as notas de prova.

Les Faluns Rosé D’anjou 2020 – Danatien Bahuaud – Vale do Loire – AOP Rosé D’Anjou – França

Uvas Gamay e Grolleau. Meio seco. Teor alcoólico de 10,5%. Cor rosa cereja leve. Aromas de frutas vermelhas, morango, framboesa, notas florais. Leve e agradável em boca, frutado, gostoso equilíbrio entre acidez e açúcar residual. Delicioso para um fim de tarde à beira da piscina ou para um por de sol na praia. E para acompanhar aperitivos e canapés em geral (R$ 99,90 – Bistek).

Naturelle Tinto Reserva 2019 – Casa Valduga – Bento Gonçalves – RS – Brasil

Uvas Cabernet Sauvignon, Marselan e Merlot da Serra do Sudeste. Meio Seco. Passagem de 10 meses por barricas de carvalho francês. Teor alcoólico de 13%. Cor rubi intensa. Aromas de frutas vermelhas e negras maduras, geleia de frutas, notas de especiarias doces, lembrança de cacau. Macio em boca, dulçor equilibrado pela acidez residual, encorpado, final agradável. Vai bem com massas com molhos vermelhos, carnes e com doces à base de chocolate e frutas vermelhas (R$ 86,50 – Promoção Dia das Mães – R$ 64,88 – Essen Vinhos).

Coluna escrita e enviada por João Lombardo, veiculada esta semana no Jornal ND.

 

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