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BEBIDAS - 1ª QUINZENA DE MARÇO


Publicado em 04/03/2015

Opte pelo seu gosto

Quando comecei a escrever essa coluna até pensei que ela poderia ser um “tiro no pé”. Eu, colunista, autor de blog e outras publicações fazendo uma crítica justamente para esse tipo de canal. Mas, resolvi mesmo assim seguir em frente e dizer que eu estou um pouco cansado de ler colunas de vinhos e, principalmente, blogs. Não se assuste, ainda tenho muitas fontes confiáveis de pesquisa e informação, pessoas que escrevem muito bem sobre o tema e o melhor, com temas pertinentes.

A crítica é sobre essa multiplicação, infestação de blogs e colunas falando de vinhos e todos querendo ser o mais diferentes possível, achar o vinho mais obscuro da região mais desconhecida, que se até hoje é obscuro e desconhecido, algum motivo deve ter. Posso falar isso porque eu adoro esses vinhos, são os primeiros que compro e provo quando viajo e quem me conhece pessoalmente sabe que sou absolutamente contra o comprador de rótulos. Aquele que acha que nada que não for digno de uma foto no Instagram vale a pena. Quando viajo e os atendentes de loja veem que sou brasileiro já vão logo me empurrando a mesmice que todo brasileiro vai atrás. Não os culpo, mas sempre dou uma volta e acho coisas diferentes, algumas valem o esforço, outras não, faz parte.

Mas, tenho que ter a responsabilidade como multiplicador desse tema, de saber que falo pra quem geralmente está começando nesses caminhos difíceis e tortuosos do mundo do vinho. A maioria ainda está querendo achar uma boa relação preço x prazer num vinho local ou de fácil acesso na maioria das lojas e mercados, e, por isso, tento me conter em não trazer todos os Grüner Veltliner da Áustria que gostaria, e focar no que realmente pode ajudar os consumidores.

Deixe aquela uva autóctone que três ou quatro produtores num cantinho da Grécia produzem pra sua confraria, pra uma degustação às cegas ou pra sua adega se você realmente ama muito esse vinho. Acredito que a informação de vinhos obscuros e difíceis até de se comprar são mais pra quem está no ramo ou pra quem realmente busca aquilo especificamente. Tem tanta coisa básica que ainda não foi abordada e que muita gente está atrás, gente essa que consome muitos vinhos e pode fazer a diferença no mercado, vejo isso claramente nos meus cursos básicos e através de clientes do dia a dia na Santa Adega.

Não vou nem entrar no mérito das descrições de vinhos em que tudo parece igual, todos são equilibrados, frutados, frescos e típicos, parece até o contra-rótulo ou a ficha técnica desses mesmos vinhos, será que não são? Bom, pra não ficar só na reclamação, sugiro aos amigos dois vinhos degustados recentemente que estão entregando um bom prazer pelo preço: um refrescante Sauvignon Blanc da linha Reserva da Santa Carolina, vindo do frio e costeiro Vale de Leyda, no Chile, e um tinto saboroso que harmoniza bem com uma carne de cordeiro, por exemplo, o Torres Ibéricos Crianza, um belo Tempranillo da clássica região espanhola de Rioja.

Tim Tim!


Sobre o autor

Eduardo Machado Araujo

Certified Sommelier - Court of Master Sommeliers


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