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Os tratamentos com estatinas e os sintomas musculares

Foto: Reprodução

Publicado em 26/03/2021

É bem conhecido na literatura, o efeito benéfico das estatinas na prevenção de eventos isquêmicos cardiovasculares na população em geral. E existe também um grande número de estudos com estatina que demonstram a sua segurança nos tratamentos de redução de colesterol ou de prevenção de doenças cardiovasculares isquêmicas.

Ainda que esses eventos adversos sejam raros, as estatinas aumentam o risco de miopatia, a qual pode progredir para uma rabdomiólise severa (cerca de 0,2 em 10 mil pessoas tratadas anualmente). Contudo, permanece uma incerteza acerca de sintomas musculares menos severos. Muitas pessoas acreditam que as estatinas frequentemente causam dor muscular. Esta crença acaba levando muitas pessoas a descontinuar o tratamento com estatinas, expondo-as a um risco aumentado de doença cardiovascular.

Foi publicado na revista British Medical Journal, neste ano, um estudo que avaliou o efeito real das estatinas nos sintomas musculares, nas pessoas que tinham previamente relatado sintomas musculares quando tomaram estatinas. O estudo foi feito comparando um grupo que tomou estatina com um grupo que tomou placebo.

O estudo foi realizado em 50 locais do Reino Unido durante o período de dezembro de 2016 a abril de 2018. Participaram do estudo 200 pessoas que tiveram interrupção recente do uso de estatinas por causa de sintomas musculares.

Os pacientes foram randomizados para uma sequência de seis períodos de tratamento duplo cego (2 meses cada período) com atorvastatina 20 mg diariamente ou placebo.

Ao final de cada período de tratamento, os participantes classificaram os sintomas musculares em uma escala de zero a dez pontos. A análise primária do estudo comparou os escores dos sintomas nos períodos de tratamento com estatina e placebo.

O estudo obteve informação de 151 participantes que forneceram escores de sintomas de pelo menos um período de tratamento com estatina e um período de tratamento com placebo e utilizou estes casos para análise primária. De um modo geral, não houve diferença nos escores de sintomas musculares entre os períodos de tratamento com estatina e com placebo.

Durante os períodos de tratamento, aconteceram retiradas do estudo por causa de sintomas musculares intoleráveis. Essas retiradas aconteceram em 18 participantes (9%) durante um período de tratamento com estatina, e em 13 participantes (7%) durante um período de tratamento com placebo. Dois terços dos participantes que completaram o estudo, relataram ter reiniciado o tratamento a longo prazo com alguma estatina.

As conclusões dos autores do estudo foram que, não houve um efeito significativo da atorvastatina 20 mg nos sintomas musculares, quando compararam o grupo tratado com o grupo placebo.

 

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Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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