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O MITO DO COLESTEROL

Foto: Reprodução

Publicado em 19/08/2015

As novas recomendações de dietas estão tendendo a abolir a cansativa quantificação do colesterol nas dietas. Isto porque estudos recentes com estatinas, que são medicamentos que reduzem o colesterol, têm demonstrado uma redução drástica no risco de eventos cardiovasculares isquêmicos como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC ou derrame), morte por AVC ou infarto, ou a necessidade de angioplastia coronária ou cirurgia de ponte safena.

Além disso, os pacientes envolvidos nestes estudos são orientados a fazer uma modificação do estilo de vida com atividade física aeróbica regular e dieta saudável com redução de carboidratos e gordura saturada. Desta forma, a necessidade de ficar contando a quantidade de colesterol em cada refeição vem deixando de existir. Além disso, alimentos que contêm grande quantidade de colesterol como o ovo, e que antes eram proibidos nas dietas daqueles portadores de arteriosclerose ou colesterol alto, hoje são permitidos porque sabe-se que o colesterol do ovo não causa a doença. O ovo, depois do leite materno, é o melhor alimento que temos. Como mais completo, deveríamos ingerir um ovo mal cozido diariamente.

Todavia, temos visto artigos escritos por médicos e divulgados pela imprensa, que podem confundir ou orientar de forma errada as pessoas. Tais orientações são do tipo que não devemos mais baixar o nível de colesterol no sangue porque ele tem funções importantes no organismo. Ele tem sim, mas baixar o colesterol não altera essas funções e reduz o risco de eventos cardiovasculares em casos específicos que devem ser avaliados por médicos.

O nível elevado de colesterol não é o culpado pelo crescimento de placas de ateroma nas artérias. Algumas pessoas têm colesterol elevado e não têm placas, e outras têm colesterol baixo e têm placas, é verdade. Mas o uso de estatinas e a redução do nível de colesterol no sangue causam redução destas placas em um grande número de casos.

Dizem que o uso de estatinas aumenta o risco de desenvolvimento de diabetes e causa aumento de peso, que as estatinas podem piorar a saúde cardíaca inibindo a função da vitamina K2, necessária para proteger as artérias da calcificação; danificando a mitocôndria, prejudicando a produção de ATP (responsável pela energia do músculo cardíaco); interferindo com a produção de CoQ10; o mesmo com proteínas contendo selênio, tais como a glutationaperoxidase, cruciais para prevenir o dano oxidativo do tecido muscular.

Estes efeitos adversos das estatinas foram relatados em alguns estudos, mas não são bem claros. Devem ser avaliados com cuidado. Os benefícios das estatinas quando bem indicadas, superam em muito os riscos e efeitos adversos que elas possam causar. As estatinas salvam milhares de vidas todos os anos em todo o mundo. Já existem grandes estudos realizados em conceituados centros de pesquisas no mundo, comprovando o espetacular efeito das estatinas na redução global de morbidade e mortalidade cardiovascular.


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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