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NOVO ESTUDO PODE MUDAR PARADIGMAS NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL
Coluna do Dr. Jamil Valente

Foto: Reprodução

Publicado em 18/11/2015

Foi apresentado neste mês no Congresso Americano de Cardiologia da American Heart Association – AHA, o resultado do estudo SPRINT (Systolic Blood Pressure Intervention) Trial, simultaneamente publicado na revista New England Journal of Medicine e destaque na seção de saúde do New York Times. Em setembro houve grande repercussão mundial quando foi divulgado que o estudo havia sido interrompido precocemente devido às diferenças entre os grupos estudados.

O SPRINT avaliou 9.361 pessoas acima de 50 anos de idade, não diabéticas, com pressão arterial sistólica maior que 130 mmHg e risco aumentado para eventos cardiovasculares. Foram formados dois grupos. No Grupo 1, a meta era manter a pressão sistólica abaixo de 120 mmHg e no Grupo 2, abaixo de 140 mmHg através de tratamento medicamentoso convencional.  Já é conhecido que as pessoas diabéticas devem ser mantidas com pressão arterial sistólica abaixo de 120 mmHg. Para as não diabéticas, a meta atual é manter a pressão sistólica abaixo de 140 mmHg.

O estudo SPRINT foi interrompido precocemente após um acompanhamento médio de 3,2 anos porque as pessoas do Grupo 1 estavam apresentando significativamente menos infarto do miocárdio, AVC ou morte de origem cardiovascular quando comparadas ao outro grupo. Elas tiveram mais episódios sintomáticos de queda de pressão, síncope e alteração reversível da função renal, porém, a mortalidade por todas as causas também foi menor

A conclusão do estudo foi que em pessoas acima de 50 anos de idade, não diabéticas e com fatores de risco para eventos cardiovasculares, manter a pressão arterial sistólica abaixo de 120 mmHg resultou em taxas significativamente mais baixas de infarto do miocárdio, internação por insuficiência cardíaca, necessidade de angioplastia coronariana, angina, AVC, morte de origem cardiovascular e morte por todas as causas.

Por ser tão significativo, o resultado do estudo poderá causar mudanças nas recomendações para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica publicadas como Diretrizes de Hipertensão Arterial Sistêmica pelas diversas sociedades de cardiologia e nefrologia em todo o mundo.

Atualmente existem no mundo em torno de 1 bilhão de pessoas com hipertensão arterial sistêmica. Destas, provavelmente 200 milhões estão enquadradas dentro do grupo que se beneficia com a mudança de meta para tratamento. Além disso, ainda não se sabe se o restante das pessoas que não se enquadram neste grupo também poderia se beneficiar. Certamente novos estudos serão desenhados no sentido de avaliar estas questões.


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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