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EXISTE UMA DOSE ÓTIMA DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA AUMENTAR A LONGEVIDADE?


Publicado em 23/06/2015

No dia 31 de maio a cidade de Florianópolis foi sede de mais uma etapa do Ironman Brasil. O Ironman é o maior evento de triathlon do mundo e desafia os atletas a percorrerem 3,8 km de natação, 180,2 km de ciclismo e 42,2 km de corrida. Na Capital catarinense, anualmente mais de dois mil atletas participam da competição. É cada vez mais comum vermos esportistas envolvidos em provas que exigem esforços extremos. O futebol, o esporte mais popular do País, está ficando cada vez mais competitivo e exigindo maior preparo físico dos atletas.

Se fosse possível colocar para jogar a seleção brasileira de futebol de hoje, que possui jogadores que muitos de nós nunca ouvimos falar, contra a seleção brasileira de 1970, com Pelé, Zagallo, Tostão, Gérson, Rivelino e outros gênios do futebol, certamente a seleção de hoje ganharia de goleada por causa da evolução das técnicas, mas também pelo preparo físico dos jogadores. A avaliação com ecocardiograma de atletas profissionais ou mesmo de amadores que praticam atividade física intensa, tem mostrado com mais frequência um aumento da massa ventricular esquerda do coração, um padrão associado ao coração de atleta. Teriam os indivíduos que praticam atividade física intensa uma menor longevidade do que aqueles que praticam atividade física moderada?

Na edição de 10 de fevereiro de 2015 da revista Journal of the American College of Cardiology foi publicado o estudo The Copenhagen City Heart Study que avaliou a associação entre jogging (correr de forma prazerosa) e mortalidade por todas as causas a longo prazo, focalizando especificamente os efeitos da velocidade, duração e frequência.

É bem conhecido através de muitos estudos realizados anteriormente que pessoas saudáveis fisicamente ativas têm em torno de 30% menos risco de morte por todas as causas durante o período de acompanhamento quando comparadas a pessoas saudáveis fisicamente inativas. Contudo a dose ideal de atividade física para melhorar a longevidade é incerta.

Os resultados do Copenhagen City Heart Study foram os seguintes: comparado com os não joggers saudáveis sedentários, 1 hora a 2,4 horas de jogging por semana foi o grupo que mostrou a mais baixa mortalidade. A frequência ótima de jogging foi de duas a três vezes por semana. A velocidade ótima foi a do grupo que corria mais lentamente, mas a do grupo que corria em velocidade média foi similar.

Os joggers foram divididos em grupos leve, moderado e extremo. A mais baixa taxa de mortalidade ocorreu no grupo leve, seguido pelo moderado e depois pelo extremo. Os achados do estudo sugerem uma curva em formato de U na associação entre mortalidade por todas as causas e doses de jogging. Os leves e moderados tiveram uma mortalidade mais baixa do que os não sedentários, enquanto que os extremos tiveram uma mortalidade semelhante a dos não joggers sedentários.

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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