Imagem da Ilha

O estudo PURE, apresentado no Congresso europeu de Cardiologia em agosto deste ano, e publicado na revista Lancet este mês, mostrou uma associação significativa entre o consumo de derivados do leite e a redução de risco cardiovascular e morte. O estudo avaliou indivíduos com idades entre 35 e 70 anos, de cinco continentes, incluindo o Brasil entre os 21 países escolhidos. A doença cardiovascular é a principal causa de mortalidade em todo mundo, respondendo por 80% dos casos em países de baixa e média renda. Os produtos derivados do leite são uma fonte importante de gorduras saturadas, as quais têm sido condenadas por afetar adversamente os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue e aumentar a taxa de doença cardiovascular e a mortalidade. 

Utilizando esses dados, as diretrizes de dietas no mundo todo recomendam minimizar o consumo de produtos derivados do leite ricos em gordura, com a finalidade de prevenir a doença cardiovascular na população em geral. Todavia, os derivados do leite também contêm compostos potencialmente benéficos, incluindo aminoácidos específicos, gorduras saturadas de cadeia média, fosfolípides, gorduras insaturadas, gorduras trans naturais, vitamina K1 e K2, cálcio e ainda podem conter probióticos como nos iogurtes, muitos destes podendo afetar de forma benéfica a saúde das pessoas. Portanto, o resultado final do consumo de produtos lácteos na nossa saúde pode ainda não estar bem definido.

Os pesquisadores do estudo PURE procuraram computar o consumo total de derivados do leite e o consumo de tipos específicos destes produtos, relacionando com a mortalidade e com a presença de doença cardiovascular na população. As dietas com consumo de derivados do leite em 136.384 indivíduos foram registradas usando questionários de consumo alimentar. Os produtos lácteos incluíram leite, iogurte e o queijo. O desfecho primário foi a composição de mortalidade ou eventos cardiovasculares maiores, definidos como morte por causa cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal, AVC ou insuficiência cardíaca. Entre primeiro de janeiro de 2003 e 14 de julho de 2018, foram registrados 10.567 eventos (mortes ou eventos cardiovasculares maiores) durante a média de 9,1 anos de acompanhamento.

A conclusão sobre os resultados do estudo foi que o consumo de derivados do leite duas vezes ao dia, quando comparado com o grupo que não consumia produtos lácteos, foi associado com um significativo menor risco de eventos cardiovasculares ou de morte.