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Consumo de alimentos ultraprocessados X aumento dos riscos de câncer


Publicado em 21/08/2018

Um estudo publicado na revista British Medical Journal em fevereiro deste ano mostrou que o consumo de alimentos ultraprocessados, como sobremesas produzidas em massa, pães embalados, carnes processadas e salgadinhos, aumenta o risco de câncer. Uma população de mais de cem mil adultos de meia-idade na França, livre de câncer no início do estudo, participou de uma avaliação registrando o consumo alimentar de 24 horas ao longo de dois anos. Durante um acompanhamento médio de cinco anos, 2% das pessoas estudadas foram diagnosticadas com câncer.

Após ajuste para potenciais fatores de risco como baixa atividade física, alta ingestão de gorduras e tabagismo, cada aumento de 10% na ingestão de alimentos ultraprocessados foi associado a um aumento do risco de câncer total e de câncer de mama. Os pesquisadores relatam também que dietas com estes alimentos tendem a ter mais calorias, sódio, gorduras, aditivos, açúcar e contaminantes como acrilamida e bisfenol A, e menos fibras e micronutrientes. Editorialistas relataram que esta pesquisa deve ser vista como um passo inicial para entender o efeito potencial dos alimentos processados na saúde das pessoas.

O câncer representa uma grande ameaça mundial, com 14,1 milhões de novos casos diagnosticados no ano de 2012, de acordo com o World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research. Nas últimas décadas, as dietas em muitos países mudaram para um aumento dramático no consumo de alimentos ultraprocessados. Cerca de um terço das neoplasias mais comuns poderiam ser evitadas mudando-se hábitos de vida e hábitos alimentares nos países desenvolvidos. Desta forma, uma dieta equilibrada e diversificada, e a eliminação de fatores de risco como o tabagismo e a redução do consumo de álcool, devem ser considerados na prevenção primária do câncer.

Produtos alimentícios

Depois de passar por múltiplos processos físicos, biológicos e químicos, esses produtos alimentícios são aprovados para serem microbiológicos, seguros, convenientes, altamente palatáveis e acessíveis. Diversas pesquisas na Europa, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Brasil, avaliando o consumo individual de alimentos, despesas domésticas com alimentos e vendas em supermercados, sugeriram que produtos alimentícios ultraprocessados contribuem em torno de 25 a 50% do consumo total de energia diária.


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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