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ATIVIDADE FÍSICA E MORTE SÚBITA


Publicado em 16/07/2015

Temos ouvido com frequência notícias de mortes súbitas de atletas durante competições, pessoas praticando exercícios físicos em academias ou pessoas praticando atividades físicas comuns. As academias, por sua vez, pelo menos uma parte delas, têm exigido atestado médico periódico para que as pessoas possam frequentá-las. Existe realmente risco de morte súbita na prática de atividade física? 

Já é bem conhecido cientificamente que a atividade física regular aumenta a longevidade das pessoas, assunto que abordamos na coluna do mês anterior. Exceto, talvez, se for realizada de forma exagerada, conforme mostrou o estudo Copenhagen City Heart. O evento histórico mais famoso de morte súbita relacionada é Pheidippides, um mensageiro corredor profissional que no ano de 490 A.C. acredita-se que tenha corrido sem parar desde Marathon até Atenas, na Grécia, uma distância de aproximadamente 42 km, para levar notícias da vitória ateniana sobre os persas. Ao chegar na Ágora Ateniana, ele exclamou: “Nike!” (vitória!), e em seguida teve um colapso e morreu.

Em 1953, Morris e cols. publicaram um artigo mostrando que em Londres, na Inglaterra, a mortalidade por doença arterial coronariana era mais do que duas vezes maior nos motoristas de ônibus sedentários do que nos fisicamente ativos cobradores de ônibus da mesma idade. Esse estudo pioneiro deu origem à hipótese de que a atividade física pode ser importante na prevenção de doença arterial coronariana.

Nos anos 1970, após tornarem-se mais robustas as recomendações de que a atividade física regular diminui mortalidade, o jogging (correr com prazer) começou a virar moda. Infelizmente vários relatos de morte praticando a modalidade foram publicados. A literatura médica atual claramente demonstra efeitos benéficos da atividade física e exercício físico sobre a saúde das pessoas, incluindo doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas. Ainda que existam riscos associados a exercícios ou atividades físicas, os benefícios superam na maioria das pessoas. Daí vem a importância de uma avaliação médica adequada antes de iniciar os exercícios ou atividades físicas.

Atividade física e exercício físico não são a mesma coisa

Atividade física é definida por movimentos do corpo produzidos pela contração de músculos esqueléticos que aumentam o gasto de energia acima dos níveis basais. Categorias de atividade física incluem ocupacional, doméstica, lazer e transporte.

Exercício físico é uma forma de atividade física que é planejada, estruturada, repetitiva e com a proposta de um objetivo principal de melhora ou manutenção de um ou mais componentes de condicionamento físico.

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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