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São tempos difíceis estes que estamos vivendo. Não só porque a economia foi significativamente afetada, porque estamos saindo minimamente de casa e porque nossos filhos estão sem aulas, mas também porque muitas relações que fazem parte do nosso dia a dia estão passando por uma dura prova. Algumas sairão da quarentena mais fortalecidas, enquanto outras, infelizmente, terão seus dias contados.

O coronavírus mudou tudo e também transformou a maneira como estamos nos relacionando. E não me refiro apenas às relações amorosas, onde, claro, os casais casados, principalmente os com filhos pequenos foram muito afetados. Mas de forma geral, as relações ganharam peso nestes últimos meses. Aqueles filhos que moram com seus pais, amigos que dividem o mesmo teto. Ninguém escapou. E muitos de nós teremos que rever essas relações.  

Vale ressaltar que os problemas vivenciados neste momento, apenas foram  ampliados através da lupa que a situação oferece. Os sentimentos estão exacerbados e estamos com uma reserva muito baixa de tolerância. Estamos ansiosos. Mas, acredite: por trás de algumas discussões criadas pela nova rotina, muitas vezes os pequenos problemas são apenas catalisadores de grandes dificuldades que o relacionamento já apresentava, mas que, de certa forma, estavam adormecidas. Muitas das crises que estamos passando neste momento já existiam, mas levavam a maquiagem da rotina corrida, do pouco tempo em que parávamos em casa, e de quando os finais de semana eram pra colocar tudo – as nossas casas física e mental, em ordem. A verdade é: nunca precisamos ficar em casa tanto tempo com as mesmas pessoas.  

Em tempos em que a convivência é maciça e que estamos vivenciando um momento completamente atípico, muitas vezes nos sentimos pressionados. É necessário adotar certas estratégias que nos ajudem a aprimorar o convívio. São dias em que as relações passarão por provas de fogo sucessivas e a maneira que as tensões são administradas hoje serão a chave da harmonia ou da desarmonia. Estar consciente de que as pessoas se relacionam com as situações de formas diferentes é uma delas. Nos atendimentos que tenho realizado neste período, ouço relatos de pessoas que encontraram o equilíbrio e a paz frente ao que estamos vivendo, e outras, estão com as emoções à flor da pele.

E a pergunta que não quer calar é: quais heranças a quarentena deixará nos seus relacionamentos? Como vamos colocar nossas relações nos trilhos novamente depois que tudo isso passar? A resposta para esta questão vai depender da maneira como você administrou e esta lidando com a crise que estamos passando. A linha entre o salutar e o caos é muito tênue. Quando passamos por momentos difíceis não é a vida que temos que mudar e, sim, a nossa postura diante dela. Se você consegue estabelecer uma comunicação saudável, respeita os limites das pessoas que estão próximas a você neste momento, age com maturidade e cuida das relações como algo realmente importante, provavelmente você sairá desta pandemia com mais ganhos do que perdas.

E se é para vermos o lado positivo das coisas, posso dizer: que bom que passamos por isso. Enquanto para alguns a crise gerou rupturas, para outros evidenciou o potencial dos relacionamentos. A quarentena fez o diagnóstico de muitas relações e, a partir do momento que temos o diagnóstico, podemos fazer os ajustes necessários. Muitos terão uma segunda chance, onde poderão realinhar o sentido de estarem juntos, de compartilharem o mesmo espaço, ou, quem sabe, até mesmo para aqueles que moram com os familiares, partirem para uma emancipação. O que importa agora é que teremos uma oportunidade de recomeçar. E recomeços são sempre bem-vindos.