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Os riscos dos medicamentos para gastrite

(Foto: Divulgação)

Publicado em 19/07/2017

Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) são medicamentos que atuam coibindo a produção de ácido clorídrico pelas células do estômago. Por esse motivo, eles são utilizados no tratamento de diversas doenças em que é necessária a redução da acidez gástrica (gastrites, úlceras gástricas, úlcera duodenal, esofagite de refluxo, azia e outras lesões gástricas). Fazem parte da classe dos IBPs o omeprazol, pantoprazol, esomeprazol e lansoprazol.

Eles são largamente prescritos e estão disponíveis para venda sem receita médica em vários países do mundo, inclusive no Brasil. No entanto, vários estudos observacionais sugerem que o uso a longo prazo dos IBPs, está associado à ocorrência de reações adversas importantes, como um risco significativo de nefrite intersticial aguda e risco de doença renal crônica, progressão de doença renal e doença renal em estágio final.

Resultados de um grande estudo observacional prospectivo realizado na Alemanha sugerem que pacientes recebendo IBPs tiveram um risco aumentado de demência. O uso do medicamento por um período superior a dois anos pode levar à diminuição na absorção da vitamina B12, que é responsável pelo equilíbrio hormonal e também pela formação dos glóbulos vermelhos no sangue. A deficiência de vitamina B12 pode manifestar-se clinicamente como um quadro de demência, alterações neurológicas, anemia e outras complicações.

Outra reação adversa que pode ocorrer com estes medicamentos é a queda do nível de magnésio no sangue, especialmente se eles forem usados juntamente com diuréticos. A diminuição do nível de magnésio no sangue pode causar contrações involuntárias dos músculos, arritmias cardíacas, convulsões e alterações do humor. A redução da acidez gástrica pode facilitar o desenvolvimento de uma gastrite infecciosa.

Um estudo publicado no mês de julho na revista British Medical Journal mostrou um aumento de mortalidade relacionado ao uso prolongado dos IBPs. Durante um acompanhamento médio de seis anos, a utilização dos IBPs foi associada ao aumento de mortalidade quando comparada com um grupo que fazia uso de outros redutores da acidez gástrica e com um terceiro que não utilizava redutores.

Os autores deste estudo comentam na conclusão que os IBPs devem ser usados somente quando bem indicados, e enfatizam a necessidade de um julgamento cuidadoso com relação ao tempo necessário de uso e, sobretudo, quando os benefícios superam os riscos potenciais.


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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