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Obesidade severa e cirurgia bariátrica

(Foto: Divulgação)

Publicado em 21/11/2017

Existem ainda poucos dados na literatura relativos à evolução dos pacientes com obesidade severa que foram submetidos à cirurgia bariátrica. A pergunta que todos nós queremos saber é se existe redução de mortalidade e morbidade com o tratamento cirúrgico e se esses pacientes se mantêm com o peso reduzido após alguns anos de cirurgia, ou se eles voltam a ganhar peso.

No mês de setembro deste ano, foi publicado um estudo na revista New England Journal of Medicine que acompanhou 1156 pacientes diagnosticados com obesidade severa por um período total de 12 anos. Estes 1156 pacientes foram divididos em três grupos: 418 pacientes que procuraram e foram submetidos à cirurgia de redução do estômago, 417 pacientes que procuraram, mas não se submeteram à cirurgia, especialmente por razões de insegurança (grupo não cirúrgico 1), e 321 pacientes com obesidade severa que não procuraram cirurgia (grupo não cirúrgico 2).

Os pesquisadores submeteram os pacientes a exames clínicos na entrada do estudo, com dois anos de acompanhamento, seis anos, e com 12 anos de acompanhamento, a fim de confirmar a presença de diabetes tipo 2, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia, além do controle do peso. A taxa de sucesso do acompanhamento foi maior do que 90% ao final de 12 anos. Ou seja, menos de 10% dos pacientes abandonaram o acompanhamento.

Os resultados mostraram que ao final de 12 anos, a incidência de diabetes tipo 2 foi de 3% no grupo que fez a cirurgia, comparado com 26% no grupo não cirúrgico 1, e também 26% no grupo não cirúrgico 2. A incidência de hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia foi também significativamente mais baixa no grupo que fez cirurgia do que nos outros dois grupos que não foram submetidos à cirurgia.

Os resultados desse estudo após 12 anos de acompanhamento mostraram que a cirurgia de redução do estômago ofereceu uma durabilidade a longo prazo da perda de peso, e foi associada com menos comorbidades do que nos outros dois grupos que não foram submetidos a cirurgia, quando avaliados com relação à incidência de diabetes tipo 2, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia.

Os pacientes que não foram submetidos à cirurgia bariátrica, ao final de 12 anos não mostraram diferença no peso, no índice de massa corporal e na circunferência da cintura, quando comparados com as medidas no início do tratamento. Já no grupo cirúrgico, somente 1% dos pacientes ao final de 12 anos estava com o mesmo peso que tinha antes da cirurgia. Os demais mantiveram a redução do peso. Ao final de 12 anos, 6% dos pacientes haviam morrido no grupo que foi submetido à cirurgia, 9% morreram no grupo não cirúrgico 1, e 6% morreram no grupo não cirúrgico 2.

Todavia, o que preocupa e precisa ser melhor estudado, é que 7 mortes por suicídio ocorreram somente nos pacientes do grupo da cirurgia, e também nos pacientes do grupo não cirúrgico 1, que posteriormente foram submetidos a cirurgia bariátrica. No grupo de pacientes que não fizeram cirurgia, não ocorreu nenhuma morte por suicídio. A taxa de distúrbios psiquiátricos no grupo cirúrgico também foi maior do que nos grupos não cirúrgicos.

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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