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O novo consenso sobre diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial sistêmica

(Foto: Divulgação)

Publicado em 22/12/2017

A hipertensão arterial sistêmica, o mais comum e mais modificável fator de risco cardiovascular, tem recebido uma grande atenção por parte de sociedades de cardiologia do mundo inteiro. No mês de novembro, a American Heart Association e American College of Cardiology dos Estados Unidos (EUA) publicaram o novo consenso sobre diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial sistêmica.

Desde que foi publicado o primeiro consenso nos EUA, em 1977 (The First Joint National Committee), as sociedades de cardiologia têm elaborado estudos sobre o diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial adaptados para cada região. A primeira importante mudança que ocorreu no novo consenso de 2017 está relacionada com a definição de hipertensão arterial e as metas de tratamento.

O novo consenso agora classifica a pressão arterial da seguinte forma:

- Normal quando a pressão arterial sistólica é menor do que 120 mmHg e a pressão diastólica é menor do que 80 mmHg.

- Elevada quando a pressão sistólica está entre 120 e 129 mmHg e a pressão diastólica é menor do que 80 mmHg.

- Hipertensão estágio 1 quando a pressão sistólica está entre 130 e 139 ou a pressão diastólica está entre 80 e 89 mmHg.

- Hipertensão estágio 2 quando a pressão sistólica é maior ou igual a 140 mmHg ou a pressão diastólica é maior ou igual que 90 mmHg.

Ainda que os exatos pontos de corte para cada uma destas classificações sejam de certa forma arbitrários, existe uma bem caracterizada e forte evidência epidemiológica que mostra uma relação linear entre os níveis de pressão arterial sistólica e diastólica e o risco cardiovascular. De uma perspectiva clínica, baixando os limites para o diagnóstico da hipertensão arterial além dos pré-estabelecidos em diretrizes anteriores, irá significativamente aumentar o número de indivíduos com diagnóstico de hipertensão arterial.

O novo consenso usa uma definição uniforme para “pressão arterial elevada” e “hipertensão arterial” em todos os indivíduos, independentemente da idade ou da presença de comorbidades. Também propõe limites e metas mais agressivas para o tratamento da hipertensão arterial em relação aos consensos anteriores. As recomendações de tratamento são agora baseadas em uma análise do risco de doença cardiovascular de cada indivíduo.

Para aqueles com doença cardiovascular já conhecida ou diabetes, o consenso recomenda intervenção (tanto mudança no estilo de vida como tratamento farmacológico) para hipertensão estágio 1. Para todos os outros, o consenso propõe o uso de tratamento medicamentoso na hipertensão estágio 1 somente se o risco estimado de doença cardiovascular para 10 anos for 10% ou maior.

Para quem possui um risco cardiovascular menor do que 10%, somente a modificação do estilo de vida é recomendada, até que o indivíduo atinja o nível de hipertensão arterial estágio 2, limite no qual a terapia medicamentosa passa a ser recomendada.

 

 

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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