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Adoçantes artificiais e saúde cardiometabólica

(Foto: Reprodução)

Publicado em 28/08/2017

Atualmente, um dos grandes desafios em saúde é a obesidade, pois a doença contribui para o aparecimento de diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares. As evidências de que o consumo de açúcar esteja relacionado com essa epidemia têm estimulado o crescimento da popularidade de adoçantes artificiais, incluindo aspartame, sucralose e Stevia. Um estudo de revisão publicado na revista Canadian Medical Association Journal (CMAJ) da Associação Médica Canadense, em julho deste ano, mostrou resultados inesperados relacionados ao uso de adoçantes artificiais e saúde cardiometabólica.  

O artigo sintetizou evidências de outros estudos prospectivos para determinar se o consumo rotineiro de adoçantes artificiais estava associado com efeitos adversos cardiometabólicos a longo prazo. Foi feita uma revisão de 37 estudos, com um total de 406 mil participantes que foram acompanhados durante uma média de 10 anos. Os resultados da revisão mostraram que o consumo de adoçantes artificiais estava surpreendentemente associado a um modesto aumento no índice de massa corporal e na circunferência abdominal. Além disso, houve uma incidência mais alta de obesidade, hipertensão, síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e eventos cardiovasculares.

No ano de 2008, mais de 30% dos norte-americanos relataram ingestão diária de adoçantes artificiais, e essa proporção continua aumentando. Pesquisadores sugerem que adoçantes artificiais podem ter efeitos adversos no metabolismo da glicose, na flora intestinal e no controle do apetite. Além disso, estudos envolvendo animais revelaram que a exposição crônica a adoçantes artificiais leva ao aumento do consumo de alimentos, ganho de peso e aumento do tecido adiposo.

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Uma meta-análise prévia relatou evidência conflitante: estudos controlados randomizados mostraram benefícios potenciais (modesta perda de peso), enquanto que estudos observacionais mostraram uma pequena, mas significativa associação com índice de massa corporal aumentado. Todavia, a revisão não avaliou desfechos além da composição corporal.

Os autores da revisão da CMAJ concluem que os estudos avaliados não suportam claramente os benefícios atribuídos aos adoçantes artificiais no controle do peso corporal e até mesmo que, os adoçantes artificiais possam estar associados com aumento do índice de massa corporal e do risco cardiometabólico. Estudos posteriores são necessários para melhor caracterizar os riscos e os benefícios a longo prazo dos adoçantes artificiais.

 


Sobre o autor

Dr. Jamil Mattar Valente

Médico cardiologista e responsável pela coluna de medicina preventiva do Jornal Imagem da Ilha


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